Cimed e EMS travam duelo bilionário pela compra da Medley
Disputa envolve ambição empresarial, embates pessoais e movimentações financeiras que podem redefinir o setor de genéricos no país
por Ana Claudia Nagao em
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A corrida pela compra da Medley, braço de genéricos da francesa Sanofi no Brasil, transformou-se em um dos capítulos mais intensos da indústria farmacêutica nacional. O negócio, avaliado em cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,67 bilhões), colocou em rota de colisão dois dos maiores nomes do setor – João Adibe Marques, da Cimed; e Carlos Sanchez, da EMS.
Segundo informações do Relatório Reservado e apuração de bastidores, executivos e analistas descrevem a disputa como empresarial e pessoal. Fontes do mercado avaliam que Adibe Marques está determinado a apresentar sua proposta nos próximos dias e, sobretudo, não ser derrotado por Sanchez.
A leitura é que a compra da Medley vai além da aquisição de um ativo estratégico. Trata-se de um movimento capaz de reposicionar o protagonismo de cada grupo no bilionário segmento de genéricos.
Capitalização estratégica para efetivar a compra da Medley
Para reforçar sua munição financeira, a Cimed negocia um novo aporte de capital com o GIC, o fundo soberano de Cingapura. Os asiáticos entraram no capital da empresa em março, adquirindo cerca de 12,5% das ações por aproximadamente R$ 1 bilhão, segundo estimativas de mercado.
Agora, uma nova injeção de recursos, potencialmente vinculada diretamente à oferta pela Medley, daria à companhia a robustez necessária para enfrentar a EMS e demais concorrentes.
Caso a aquisição seja concretizada, a Cimed poderia saltar de R$ 2,7 bilhões para mais de R$ 4 bilhões em vendas, além de elevar seu Ebitda de R$ 630 milhões para quase R$ 850 milhões, consolidando-se como um dos maiores players do país.
Campo de batalha ampliado
A disputa, no entanto, não se restringe à Cimed e à EMS. Outras sete empresas do setor demonstraram interesse na Medley. Entre elas, uma presença da União Química chama atenção por adicionar um ingrediente familiar ao embate. A farmacêutica é controlada por Fernando de Castro Marques, tio do CEO da Cimed. Também busca fortalecer seu caixa e contratou o UBS BB para captar cerca de R$ 1 bilhão, por meio da venda de parte de seu capital.
Para a Sanofi, vender a Medley é um movimento de desinvestimento alinhado a uma reestruturação global. Para os interessados, é a oportunidade de adquirir um dos ativos mais relevantes do mercado nacional, com forte presença no segmento onde a disputa por preços, escala e distribuição é decisiva.