Como chegamos até aqui e o que esperar de 2026?
Ritmo de expansão deve perdurar no próximo ano, embora não seja homogêneo. Tecnologia e inteligência de mercado ditam rumos do setor
por Edison Tamascia em
e atualizado em
Estamos chegando ao fim de 2025, ano que confirma novamente a força do varejo farmacêutico brasileiro, mas também deixa claro que esse crescimento não é homogêneo. As farmácias que avançam com consistência são aquelas que se apoiam em gestão, digitalização, inteligência comercial e visão estratégica, especialmente redes associativistas bem estruturadas e redes corporativas que investem continuamente em eficiência.
Esse desempenho evidencia que o setor está evoluindo, mas apenas para quem decidiu profissionalizar a operação. No caso da Febrafar, estamos com um crescimento de 15,6% até o momento neste ano, índice que não deve ter muita variação, superando a média projetada do mercado, de cerca de 12%. Não se trata de um resultado circunstancial, mas de um movimento sustentado pela diversificação do portfólio, pelo fortalecimento das relações comerciais e pela digitalização.
Vale destacar que parte desse crescimento foi oriunda de categorias que vão além dos medicamentos, como produtos de autocuidado e dermocosméticos. Esse comportamento mostra que o consumidor está ampliando seu olhar sobre a farmácia, enxergando-a como um ponto de bem-estar e conveniência.
Mesmo com as boas oportunidades geradas pelos medicamentos para emagrecimento (GLP-1), enfrentamos limitações na oferta, que priorizou redes corporativas devido ao seu volume de compra. Se houvesse estabilidade no fornecimento, o desempenho das redes associativistas teria sido ainda maior.
No campo dos investimentos, continuamos firmes em tecnologia, digitalização e inteligência artificial. O reconhecimento internacional que nós da Febrafar recebemos, com menção do Google em Nova Iorque, reforça que estamos na rota certa. Porém, também evidencia um grande desafio. Grande parte do setor ainda opera de forma analógica, com foco quase exclusivo em preço e disputa comercial. A farmácia que não ampliar sua maturidade digital, não aprimorar processos e não buscar eficiência terá cada vez menos espaço. O futuro não será gentil com quem se apega a práticas antigas.
O aprendizado de 2025 é simples, mas profundo: crescimento sustentável não depende apenas de vender mais, e sim de gerir melhor. O mercado continuará competitivo, a oferta continuará com oscilações, e o consumidor seguirá mais exigente. A diferença estará no preparo.
Expansão de dois dígitos e olhar atento a duas categorias
Olhando para 2026, o mercado deve manter ritmo de expansão semelhante ao deste ano – por volta de 12%. Nosso compromisso é superar esse patamar com foco em tecnologia, inteligência de mercado, trade marketing estruturado e fortalecimento de categorias estratégicas, como dermocosméticos e autosserviço. Esses segmentos representam mais que oportunidade de venda. São ferramentas de fidelização, de diferenciação e de experiência de compra, que requerem domínio da gestão, conhecimento e relacionamento comercial.
Além disso, precisamos considerar que a reforma tributária já é uma realidade a partir de janeiro de 2026. Não há lado político ou dúvida sobre a sua implementação. É hora de entender o que muda, se adaptar e usar o período como aprendizado. Teremos um ano de teste, em que todos precisarão ajustar formação de preços, declarações e processos internos. Com acompanhamento e preparo, essa transição pode gerar mais competitividade e eficiência no setor, especialmente para redes associativas que já mantêm estrutura de suporte e gestão centralizada.
O próximo ciclo será desafiador. Regulamentações podem evoluir, os canais digitais tendem a ganhar novas camadas de participação e o varejo farmacêutico precisará encontrar o equilíbrio entre competitividade e rentabilidade. As farmácias associadas que encararem esses desafios com disciplina, treinamento, dados e visão de longo prazo estarão mais bem posicionadas para competir com redes corporativas e também com novos modelos de negócios.
Em 2026, crescer será possível, mas crescer com consistência será para poucos. Para aqueles que colocarem o cliente no centro, ampliarem sua maturidade digital, diversificarem o portfólio de forma estratégica e construírem relações comerciais sólidas, o próximo ciclo não será apenas promissor. Será de liderança.
O caminho está posto. A diferença estará em quem decidir percorrê-lo com seriedade e gestão.
*Edison Tamascia é presidente da Febrafar e da Farmarcas