Confira quem lidera aportes em P&D na indústria farmacêutica
Gigantes do setor vêm consolidando o Brasil como polo estratégico
por Gabriel Noronha em


Os investimentos em P&D na indústria farmacêutica vêm ganhando protagonismo na agenda setorial, o que ajuda a projetar o Brasil como polo estratégico para o desenvolvimento de medicamentos em nível global. E os laboratórios nacionais estão em evidência, conforme apontou o anuário Inovação Brasil.
O estudo foi veiculado pelo Valor Econômico, com a compilação dos indicadores e das análises em parceria com a Strategy&, da PwC. Entre as cinco primeiras colocadas em aportes, estão empresas líderes no país, que apostam na diversificação das áreas terapêuticas.
Investimentos em P&D na indústria farmacêutica: confira ranking
Farmacêuticas líderes em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil

EMS lidera com projeto bilionário em Hortolândia
A líder no setor, segundo a pesquisa, é a EMS. A farmacêutica brasileira prevê um investimento superior a R$ 700 milhões apenas em 2025, como parte da expansão de seu centro de pesquisas de Hortolândia (SP).
“Estamos ampliando a equipe em 20% e seguimos atuando de forma integrada e estratégica no avanço de soluções farmacêuticas para o Brasil e o mercado internacional”, afirma Carlos Alberto Fonseca de Moraes, diretor de P&D e Inovação.
A empresa também anunciou novos produtos à base de liraglutida, princípio ativo voltado ao tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. “São os primeiros análogos de GLP-1 fabricados no Brasil, desenvolvidos com tecnologia exclusiva baseada em síntese química de peptídeos, o que garante alto grau de pureza e desempenho terapêutico”, explica o executivo.
Eurofarma aposta em inovação radical e saúde digital
Logo atrás está a Eurofarma, que investiu mais de R$ 755 milhões em P&D no ano passado, um crescimento de 23% em relação a 2023. O valor, equivalente a 7% da receita líquida da empresa, foi destinado à ampliação do portfólio, com 118 lançamentos no Brasil e 298 em outros mercados.
“A inovação radical própria é algo sem precedentes na indústria farmacêutica de capital regional”, diz João Siffert, vice-presidente de Inovação e P&D. “Temos dois projetos com potencial para ingressar em estudos clínicos de fase 1 em breve”, completa.
Segundo Rodrigo Pereira, diretor de Empreendedorismo e Digital, a farmacêutica também aposta em tecnologias além dos laboratórios. “Investimos em frentes que ajudam a moldar o futuro da medicina, como saúde digital, terapias avançadas e inteligência artificial aplicada ao cuidado, por meio de uma cultura de inovação aberta.”
A companhia também opera um fundo de corporate venture com captação de US$ 100 milhões em cinco anos, que apoia startups em estágio inicial com foco em áreas como imunoterapia, genética, IA aplicada ao desenvolvimento de medicamentos e até computação quântica.
Inovações já representam mais da metade da receita da Roche
Na terceira posição do ranking aparece a Roche Brasil, que ampliou seus aportes em P&D em 10% no último ano, totalizando mais de R$ 600 milhões. Os investimentos, que já correspondem a mais da metade do faturamento da empresa, estão voltados a soluções que promovam a descentralização do cuidado, aproximando tratamentos e diagnósticos dos pacientes, seja em postos de saúde ou em domicílio.
“A digitalização da saúde com o uso de dados e inteligência artificial, tem sido essencial para orientar decisões clínicas mais precisas e políticas públicas mais eficazes”, explica a presidente no Brasil Lorice Scalise.
AbbVie e Blau fecham o top 5 com foco em biotecnologia e inovação
A quarta e a quinta colocação são ocupadas por AbbVie e Blau, respectivamente. A primeira empresa é a filial brasileira da farmacêutica americana que, em apenas 12 anos, tornou-se a terceira maior do mundo em valor de mercado.
Criada como braço de inovação da Abbott, a empresa tornou-se independente em 2013, com foco em medicamentos inovadores. “A estratégia é desenvolver tratamentos para doenças ainda não atendidas, ou criar medicamentos mais eficazes e seguros para enfermidades já tratadas. Esse é o DNA da companhia”, afirma o gerente-geral no Brasil Eduardo Tutihashi.
Já a multinacional brasileira Blau aposta na biotecnologia voltada ao mercado institucional e hospitalar, investindo uma parcela relevante de seu faturamento líquido em inovação. Em 2024, o investimento se aproximou dos R$ 170 milhões.
[grifa]Com mais de 100 projetos em diferentes estágios, a farmacêutica foca na integração de plataformas próprias com inteligência artificial[/grifar] para antecipar necessidades médicas ainda não atendidas, em áreas como oncologia, imunologia, nefrologia, reumatologia e hematologia.
Uilberson Silva, diretor de P&D, destaca o principal projeto da empresa: um anticorpo monoclonal voltado ao tratamento de diferentes tipos de câncer, com um mercado global estimado em US$ 40 bilhões (R$ 218,3 bilhões).
O anuário Inovação Brasil também destaca outras empresas com atuação relevante no setor farmacêutico, como o Grupo Boticário (7º lugar), o Grupo Elfa (51º), o Grupo Profarma (76º) e a Reckitt Benckiser (117º).