Ser gestora de farmácia demanda coragem, seja para empreender, concorrer ou para escolher o momento certo de expandir operações. E para uma mulher como Luciana Soares, que iniciou sua trajetória profissional como entregadora, essa qualidade se revelou ainda mais.
O 26º episódio da seção Minha História dedica-se a contar a história da empresária de Rubiataba, cidade situada no norte goiano. Acolhida pelo varejo farmacêutico, ela assumiu o próprio negócio e, com apoio do associativismo, já detém 30% de market share em sua região de atuação.
Gestora de farmácia começou pedalando por pequena cidade
Filha de um frentista e de uma dona de casa, Luciana teve uma infância humilde e, ainda com 14 anos, começou a trabalhar como faz-tudo em uma escolinha de futebol no município de quase 20 mil habitantes. Em 2005, o varejo farmacêutico entrou na sua vida.
“Nessa época, comecei a fazer entregas para uma farmácia local. Foram três anos andando de bicicleta pela região”, relembra. Apesar de já sonhar em cursar uma faculdade, os planos da então entregadora ainda se concentravam em outra função da área da saúde. “Sonhava ser enfermeira. Decidi, então, me transferir para a capital Goiânia”, conta.
Goiânia frustrou, o varejo farmacêutico não
Uma vez em Goiânia, Luciana passou a viver com uma amiga e novamente o setor a recebeu de portas abertas. Dessa vez, como atendente no call center de uma farmácia. A realidade longe da família, porém, provou-se mais difícil que o esperado. “Sozinha na cidade grande, entendi que não conseguiria entrar na faculdade. Resolvi retornar a Rubiataba em 2009”, destaca.
O regresso à cidade natal veio acompanhado de duas certezas. A capital já não faria parte de seus planos e ela desejava se tornar farmacêutica. A formação em farmácia foi possível por meio de uma bolsa de estudos e também de programas de fomento governamental. “Voltei a trabalhar na escolinha. Em paralelo, participava de um programa na rádio local aos fins de semana e cantava em casamentos para complementar minha renda”, relembra.
Quatro anos depois, ela conheceu seu futuro marido, Waltenir Junio, na época estagiário em direito. Em 2014 ele foi efetivado, mas com a missão de se mudar para Padre Bernardo (GO), município com quase 35 mil habitantes e a pouco mais de 230 quilômetros de distância.
Luciana o acompanhou, pensando em conquistar colocação em alguma farmácia da cidade. E conseguiu. “Fazia de tudo, de compras à administração. Isso despertou em mim o desejo de ter o estabelecimento próprio”, revela. A estada durou apenas dois anos, mas serviu para mostrar ao casal a necessidade de fincar raízes. A opção mais segura era voltar para Rubiataba.
Primeira loja com a ajuda da família, mas não sem desafios
Em 2016, com apoio do marido, do pai Júlio Soares e do irmão Juliano, a farmacêutica abriu sua primeira loja – a Drogaria Santa Luzia. “A inauguração ocorreu no dia 23 de dezembro, um presente de Natal adiantado”, brinca. Como já acumulava experiência no setor, a gestora foi bem agressiva e assumiu a missão de mudar o varejo farmacêutico local.
“Resolvi operar com horário ampliado, além de apostar em um mix maior do que a média”, afirma. A concorrência não gostou da ousadia e chegou a interpelar a prefeitura para vetar essa decisão e padronizar o funcionamento das farmácias. “Promovi um escarcéu. Fui à rádio e encabecei um abaixo-assinado, mas em 2018 conseguiram alterar nosso horário”, lamenta. O impacto para as finanças foi negativo, até Luciana ter o primeiro contato com a Farmarcas.
Loja na cidade vizinha serviu de exemplo
Foi nesse momento de dificuldade que um amigo do casal visitou a cidade de Jaraguá e conheceu a Ultra Popular. Na volta, contou aos colegas que uma pequena loja do município mantinha uma performance excelente. “Íamos para um show na região e decidimos visitar essa loja, quando ficamos impressionados com o controle da precificação”, relata.
Por meio de um representante comercial, o casal teve acesso ao gestor da unidade, que detalhou o modelo de negócios da Farmarcas. Luciana demonstrou interesse, mas, na primeira tentativa de entrada, o resultado não foi o almejado.
Segundo a gestora, faltou capital para garantir sucesso na conversão de bandeira, além de Rubiataba ser uma cidade muito pequena na época. “Mas não desistimos. Em 2019, encontramos um ponto em Uruaçu (GO) e conseguimos abrir nossa segunda farmácia”, celebra.
Primeiros meses foram de dificuldade e distância
“Já estávamos nos recuperando daquele baque, mas, depois de entrar na Farmarcas, o salto foi considerável”, declara Luciana. Só que nem tudo eram flores nesse período de transição. Por quatro meses, Junio morou na farmácia em Uruaçu. Em paralelo, a empreendedora administrava a unidade de Rubiataba, a 116 quilômetros de distância. O sacrifício era por um bem maior. Afinal, a unidade também se tornou Ultra Popular já no fim de 2020.
Passados seis anos, Luciana detém um market share superior a 30% em ambas as cidades onde atua. Hoje, já planeja a terceira unidade, que ainda está em fase de desenvolvimento, mas garante que será inaugurada até o fim do ano.
Para os próximos cinco anos, a gestora tem uma meta arrojada. “Não quero alarmar a concorrência novamente, mas nossa meta é ser o maior faturamento do norte goiano. Com apoio de especialistas como Edison Tamascia, Jhonatan Teixeira, Ângelo Vieira e Fábio Chacon, sei que podemos chegar lá”, aponta.