Dez dicas para evitar o fechamento precoce do negócio
Má gestão ainda é um dos principais obstáculos à sobrevivência dos negócios
por Ana Claudia Nagao em
por Ana Claudia Nagao em
Segundo dados do Sebrae, mais de 4,1 milhões de empresas foram abertas no Brasil em 2024, um aumento de quase 10% em relação ao ano anterior. No entanto, a falta de planejamento e organização faz com que cerca de 30% desses negócios encerrem as atividades antes de completar cinco anos.
A desorganização financeira é apontada como uma das principais causas desse fechamento precoce. De acordo com uma pesquisa do Instituto Locomotiva, nove em cada dez gestores de pequenas e médias empresas relatam dificuldades no controle financeiro. Sem um planejamento estruturado e com baixa cultura de gestão, muitos empreendedores operam no limite, expostos a oscilações econômicas, riscos fiscais e problemas jurídicos
Para Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, a questão vai além da falta de recursos. “A maioria das empresas quebra por má gestão, não por ausência de oportunidades ou de clientes. E, nesse ponto, o planejamento estratégico desde a abertura pode ser o diferencial entre o fracasso e a sobrevivência”, afirma.
Estratégias para evitar o fechamento precoce
Para quem deseja abrir um negócio ou já está em operação, Domingos elenca uma série de recomendações práticas que ajudam a evitar armadilhas comuns e evitar o encerramento das atividades.
1. Planejamento e estudo de mercado
Antes de iniciar qualquer atividade, é essencial compreender o setor em que se deseja atuar, analisar a concorrência, mapear o público-alvo e elaborar um plano de negócios. Muitos empreendedores ignoram essa etapa, comprometendo a viabilidade do empreendimento desde o início.
2. Cálculo de custos e estrutura inicial
É preciso levantar todos os custos envolvidos na abertura e manutenção do negócio, incluindo despesas com registro, infraestrutura, pessoal, licenças e equipamentos. Sem esse mapeamento, há grande risco de subestimar os investimentos necessários.
3. Reserva de capital ou crédito responsável
Nos primeiros meses, é comum que a empresa ainda não gere lucros. Ter uma reserva financeira ou acesso a crédito com boas condições pode garantir o fôlego necessário até a estabilização do negócio. “O crédito deve ser usado com parcimônia e planejamento”, alerta Domingos.
4. Escolha do regime tributário ideal
Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real? A escolha do regime tributário impacta diretamente na carga de impostos e deve ser feita com orientação especializada. Um erro pode gerar custos extras ou problemas com o Fisco.
5. Elaboração do contrato social com segurança
O contrato social define as regras do negócio, como capital social, responsabilidades dos sócios, divisão de lucros, entre outros pontos. Com o apoio da contabilidade, é possível garantir que o documento esteja alinhado à legislação e à realidade da empresa.
6. Definição do ponto e estrutura operacional
A escolha do local deve considerar o público-alvo, respeitar as normas municipais e oferecer estrutura adequada. Aspectos como acessibilidade, logística e custos fixos também precisam ser avaliados com cuidado.
7. Regularização documental e licenças
Cada município possui exigências específicas para o funcionamento de empresas. Documentos como habite-se e alvará são obrigatórios, e a ausência deles pode resultar em multas ou até na interdição do estabelecimento.
8. Contratação de pessoal e gestão de equipe
Mesmo negócios de pequeno porte devem ter atenção à contratação de colaboradores. Além de avaliar competências técnicas, é importante considerar o alinhamento com os valores da empresa. A legislação trabalhista também deve ser seguida rigorosamente.
9. Contabilidade ativa desde o início
Ter acesso aos serviços de um contador desde o início é essencial para garantir o correto enquadramento tributário, o cumprimento das obrigações legais e o controle financeiro. Uma contabilidade ativa identifica riscos e propõe melhorias ao longo da operação.
10. Estratégias de marketing e geração de demanda
Sem clientes, não há negócio. Por isso, é fundamental investir em divulgação desde o começo, com foco no público certo. Ações em redes sociais, criação de um site funcional, anúncios segmentados e programas de fidelização são iniciativas que fazem a diferença.
“Empreender exige técnica, e não só paixão. Ter ao lado uma contabilidade estruturada, oferece segurança jurídica e financeira, o que permite ao empresário tomar decisões com base em dados concretos”, explica o especialista.
Outro ponto de destaque é o avanço tecnológico, que tem trazido ferramentas acessíveis que ajudam na organização financeira e na gestão eficiente do negócio. Softwares de fluxo de caixa, emissão de notas, controle de estoque e até análise de performance podem ser incorporados mesmo em empresas com orçamento enxuto.
“Hoje, mesmo pequenas empresas podem operar com um nível de controle antes exclusivo de grandes corporações. O que falta muitas vezes é conhecimento e orientação para usar esses recursos com inteligência”, finaliza Domingos.