Eli Lilly terá o maior supercomputador da indústria farmacêutica
Infraestrutura inédita promete encurtar a chegada de terapias ao mercado
por Gabriel Noronha em
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A Eli Lilly firmou uma parceria com a Nvidia para desenvolver o maior supercomputador da indústria farmacêutica, segundo informações da CNBC. O anúncio foi feito na última terça-feira, dia 28.
O sistema será composto por mais de mil GPUs Blackwell Ultra, nova geração de chips da big tech, e operado inteiramente pela farmacêutica. A previsão é que sua construção seja concluída até dezembro, com início das operações em janeiro.
O impacto da tecnologia, no entanto, não deve ser imediato. “As descobertas possibilitadas por esse poder computacional começarão a gerar benefícios em 2030”, afirma Diogo Rau, vice-presidente executivo e CIO da Lilly.
Supercomputador da indústria farmacêutica utilizará IA
O supercomputador combinará alto poder de processamento com modelos de inteligência artificial para “expandir drasticamente o escopo de sofisticação” na descoberta de novos fármacos.
Thomas Fuchs, diretor-chefe de inteligência artificial da farmacêutica, descreve o sistema como um instrumento de ficção científica, ou um microscópio gigante para biólogos. “Ele realmente permite que façamos coisas que antes eram impossíveis, em uma escala enorme”, explica o executivo.
Os cientistas da Eli Lilly treinarão os modelos de IA com milhões de experimentos voltados ao teste de potenciais fármacos. “Esperamos descobrir moléculas que nunca encontraríamos apenas com humanos”, afirma Rau.
Alguns desses modelos serão disponibilizados na Lilly TuneLab, plataforma que permitirá que outras biotechs acessem os anos de pesquisa proprietária da farmacêutica, avaliados em mais de R$ 5,34 bilhões. Lançada em setembro, a aplicação amplia o acesso do setor a ferramentas de desenvolvimento farmacêutico.
“Essa base inicial extra que podemos dar às startups, que muitas vezes gastariam anos de capital para alcançar esse ponto, é realmente muito poderosa”, afirma Kimberly Powell, vice-presidente de healthcare na Nvidia.
IA e supercomputador podem encurtar desenvolvimento de fármacos
A combinação do poder de processamento com os avanços no treinamento de modelos de inteligências artificiais fortalece o otimismo da farmacêutica, que pretende reduzir o tempo de desenvolvimento de novos fármacos. Esse processo dura, em média, dez anos.
“Gostaríamos de cumprir aquela promessa de medicamentos precisos”, afirma Powell. “Nunca chegaríamos lá sem a fundação e a infraestrutura da IA, certo? Então estamos montando toda a estrutura necessária e percebendo um avanço verdadeiro, a Lilly é um exemplo disso”, complementa.