A Endogen inicia este mês a importação do primeiro IFA de cannabis medicinal da Colômbia para o Brasil. A healthtech brasileira recebeu da Anvisa o certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF), o que permitirá desenvolver e fabricar produtos aqui no país. A projeção é crescer 120% em 2024, com olhar especialmente direcionado ao varejo farmacêutico.
A matéria-prima terá como destino a fábrica parceira da Cellera Farma, em Indaiatuba (SP), onde será iniciado todo o desenvolvimento em solo nacional. O processo inclui desde a validação de metodologia analítica e de limpeza, teste-piloto e estudo de estabilidade até o pedido de autorização sanitária.
Firmada no fim do ano passado, a cooperação com a Cellera visa a reduzir o custo do produto final. “Estamos comprometidos em democratizar o acesso à cannabis medicinal no Brasil, que em 2023 apresentou um crescimento de 160% nas vendas em farmácias”, pontua Lukas Fischer, CEO da Endogen.
“Hoje, trabalhamos o preço de 100 mg de CBD com uma média de R$ 70 para o paciente, valor que consideramos ainda pouco acessível para a grande maioria. Nossa perspectiva para os próximos 18 meses é chegar a R$ 25 ou menos para 100 mg de CBD”, complementa
Meta de ampliar a produção com IFA de cannabis
Foto: Divulgação
Com o aval para importar IFA de cannabis, a Endogen mira a ampliação do portfólio para abranger uma gama mais diversificada de produtos fitoterápicos. A healthtech já conta com dois produtos comercializados nas farmácias, que são importados da Suíça. Tratam-se das apresentações de 10 ml e 30 ml do Extrato de Cannabis sativa Zion Medpharma, com 50 mg de CBD/ml e menos de 2 mg de THC/ml.
O alvo principal da venda são os cerca de 10 mil PDVs das redes do grande varejo farmacêutico associadas à Abrafarma. “Por ser um produto de maior valor agregado, a cannabis medicinal tem muita afinidade com o perfil de público mais premium que frequenta essas lojas”, avalia.
Portal de relacionamento médico
Além de uma equipe de geração de demanda de prescrição junto à comunidade médica em todo o Brasil, nas áreas de neurologia, psiquiatria e pediatria, a Endogen lançará, em junho, o primeiro portal exclusivo de relacionamento entre paciente e prescritores, em parceria com o Saluer, do grupo The Green Hub.
Denominado Cann Doc, trata-se de um local onde o profissional de saúde poderá obter informações sobre como prescrever o melhor canabinoide, posologia, estudos clínicos, além de fazer todo o acompanhamento do paciente.
Este, por sua vez, terá acesso a descontos exclusivos no produto por meio do programa de benefício de medicamento (PBM) da ePharma em todas as redes de farmácias no país.
Os gargalos que impedem o crescimento do mercado
Na visão de Fischer um dos gargalos que impedem o crescimento do mercado de cannabis medicinal no Brasil é a regulamentação muito restrita à formulação de canabinoides.
“Hoje a RDC 327 só permite fitofármacos fitoterápicos com canadidiol em uma pequena quantidade de THC para a receita azul – até 0,2% – e acima de 0,2% para a amarela. Porém, deveria haver regras para outras concentrações de THC e outros canabinoides como CBN e CBG, que poderiam ser desenvolvidos, mas que pela limitação da norma isso não é possível”, ressalta Fischer.
A esperança é que a revisão da 327 no segundo semestre ajudará a amenizar essa questão. “A prescrição por meio da receita azul ou amarela é um fator limitador para o desenvolvimento dessa categoria, visto que, pela RDC 660 e via importação, é possível adquirir o produto apenas com uma receita branca”, finaliza.