Exclusivo: Biomm nega venda de participação do Master
Companhia afirma que rumores não afetam operações, detalha processo de sucessão e destaca planos de ampliar portfólio e parcerias estratégicas
por Ana Claudia Nagao em
e atualizado em
por Ana Claudia Nagao em
e atualizado em
A Biomm afastou qualquer relação com os rumores sobre uma possível compra, pelo BTG Pactual, da participação do Banco Master na farmacêutica. Em entrevista exclusiva nesta quarta-feira, dia 3, ao Panorama Farmacêutico, o atual CEO Heraldo Marchezini – que permanece no cargo até o fim do mês – e o novo comandante Guilherme Maradei (ex-Natulab), afirmaram não ter ciência de qualquer pedido do governo ou negociação em curso.
A informação havia sido noticiada pelo UOL na manhã desta quarta-feira, dia 3. A reportagem mencionava que Walfrido Mares Guia, ex-ministro do Turismo, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acionista da Biomm, teria estabelecido a ponte com André Esteves, presidente do conselho do BTG Pactual.
As ações da farmacêutica chegaram a disparar mais de 8% nas primeiras horas de operação do mercado financeiro. Tanto o ex-ministro como o próprio BTG negaram que estejam avaliando qualquer transação, de acordo com o Valor Econômico.
Por meio do Fundo Cartago, o Master detém 25,86% da Biomm. O BTG possui outros 9,62% e o grupo Walfrido, 8,01%. Outro acionista é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), com 5,12% de participação.
“Não temos informação concreta sobre o BTG. Estamos acompanhando pela mídia, como todo mundo”, afirma Maradei. Os executivos reconhecem, porém, que o momento desperta o interesse de investidores, algo visto de forma positiva. Isso reflete o potencial da empresa”, acrescenta Marchezini.
Troca de comando da Biomm planejada e independente dos rumores
O anúncio da troca na liderança, feito no dia 24 de novembro, ocorreu em meio às notícias sobre a liquidação do Banco Master. Mas, segundo os executivos, não havia como alterar esse cronograma. Marchezini explicou que a sucessão estava sendo construída há dois anos, com um processo de seleção conduzido por uma consultoria especializada ao longo dos últimos seis meses.
“Não tem nenhuma relação com os fatos externos. A empresa tem governança de alto nível e tudo foi planejado com calma. Seria até prejudicial adiar o anúncio, geraria ainda mais especulações”, afirma. Por ser uma companhia de capital aberto, o fato relevante precisa ser comunicado formalmente com o termo “renúncia”, o que contribuiu para que ocorresse leituras equivocadas sobre uma saída abrupta de Marchezini, uma semana após a prisão do controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro.
Maradei já divide o comando com Marchezini durante dezembro, e o ex-CEO permanecerá como senior advisor, focado em relações internacionais e suporte estratégico.
Potencial e independência operacional
Tanto Marchezini como Maradei reforçaram que o cenário societário do Banco Master não interfere nas operações da farmacêutica. A empresa não tem acordo de acionistas e é administrada por um conselho profissional. “Nunca houve interferência de acionistas na condução do negócio e a companhia segue em forte trajetória de crescimento”, ressalta Maradei.
Esse bom momento decorre principalmente do avanço dos contratos de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs) com o Ministério da Saúde. Os acordos com o poder público incluem a entrega de insulina humana e, mais recentemente, de insulina glargina – ampliando a presença da farmacêutica no tratamento do diabetes no SUS.
Em novembro, o governo federal recebeu 2,1 milhões de unidades de insulina glargina. Até o fim do ano, mais 4,7 milhões de unidades do medicamento chegarão ao Ministério da Saúde. O investimento foi de R$ 131,8 milhões, como parte das iniciativas do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) para promover a inovação e reduzir a dependência externa.

A Biomm prepara-se para manter o ritmo de expansão de portfólio, produção e parcerias que marcou sua primeira década. Segundo Marchezini, já foram submetidas à Anvisa a insulina asparte (de ação rápida), a liraglutida e a semaglutida. Também já estão em preparação os documentos para a insulina degludeca. “A empresa também mira crescimento no mercado de biossimilares em outras áreas terapêuticas, como oncologia e oftalmologia”, declara.
Após quase 12 anos como CEO, Marchezini seguirá ligado à Biomm, mas também ampliará atuação para outros setores. Ele cursa formações internacionais focadas em gestão de mudanças e participação em processos de fusões e aquisições. “Vou continuar no mercado farmacêutico, mas também trabalhar em áreas organizacionais e consultivas”, finaliza.