“A minha prótese saiu como uma bola de futebol americano”. É assim que a professora Larissa de Almeida, 36 anos, conta como ficou seu implante depois de sofrer sérios problemas.
Oito anos atrás, ela resolveu colocar 250 ml de silicone em cada mama para deixar o corpo mais “harmônico”. Ela conta que depois de três anos, começou a sofrer com alguns sintomas como fadiga intensa, olhos ressecados, falta de memória.
O problema piorou e ela teve uma contratura nível quatro, na qual a prótese fica deformada e provoca uma dor insuportável nos seios. Em fevereiro do ano passado, ela realizou o explante—procedimento para a retirada do implante de silicone.“Eu não conseguia conviver com isso, era extremamente ruim. Eu decidi tirar porque pensei que não era por causa de uma vaidade que iria colocar a minha saúde em risco. Minha qualidade de vida melhorou muito”.
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Hoje, para ajudar outras mulheres que desejam saber mais sobre o assunto, Larissa é administradora da página no Instagram @explantedesilicone e do grupo Doença do Silicone-Apoio ao Explante no Facebook, que conta com mais de 40 mil mulheres. “Eu não estou desencorajando elas a não fazerem a cirurgia de implante. O que eu acho é que deve ser feito de maneira muito consciente, sabendo dos riscos e perguntando tudo para o médico. Muitas vezes essa troca não ocorre entre as partes”, pondera.
Ela retirou a prótese depois de quatro meses
Não precisou passar alguns anos para a analista de marketing Laiene Carvalho, 26 anos, retirar suas próteses de silicone. Já nos primeiros dias do pós operatório, ela se mostrou insatisfeita com o resultado. No começo, o médico se recusou a fazer o procedimento e disse que era necessário uma adaptação por pelo menos 45 dias. Mas não houve mudança de opinião.
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Depois de quatro meses, ela fez uma nova cirurgia e ficou livre do implante em maio deste ano. “Eu tinha sérios problemas para respirar e não me reconhecia mais naquele corpo e com aquilo dentro de mim. Foi uma das melhores coisas que eu fiz”, diz.
Embora seja um processo doloroso, Laiene diz ter buscado ajuda psicológica para entender o pós operatório e como, dali para frente, seria sua relação com os seios. “Eu já me preparava para a frustração. Na primeira semana ficou mais flácido, mas depois foi voltando para o lugar e hoje o resultado está satisfatório”, diz.
“O silicone aprisiona a gente”
A paulista Fiomma Viola, 42 anos, teve prótese por quase 18 anos e decidiu retirá-las depois de conviver com muitas adversidades ao longo desse período. “Eu passei por duas cirurgias. Ao fazer um exame de rotina, descobri que minha prótese estava rompida e, na primeira cirurgia, fiz a retirada para colocar uma nova prótese. Mas depois comecei a ter muitos sintomas desconexos pelo corpo e optei pelo explante”, diz.
Ela já sofria com uma doença autoimune chamada tireoide de hashimoto e acredita que, por causa da prótese, a condição se desenvolveu de maneira mais agressiva. “É uma doença genética e adiquiri da minha mãe. Minha irmã também tinha o problema, mas não chegou nem perto do que eu sofri. Acredito que o silicone tenha influenciado, e muito, no desenvolvimento da condição”, afirma.
Para Fiomma, há pouca informação dos médicos e muitas vezes a paciente não sabe dos problemas que ela pode sofrer, principalmente se há uma doença pré-existente. Hoje, segundo ela, depois do explante seu organismo está bem melhor, saudável e com mais energia. “O silicone aprisiona a gente. Hoje estou me sentindo bem e acredito que teve uma melhora gigantesca do ponto de vista de saúde.”
O que é explante?
É a retirada do implante mamário com a reconstrução dos próprios tecidos da paciente. Qualquer cirurgião plástico pode realizar o procedimento e não existe um médico especializado em explante. O que acontece é que alguns profissionais realizam esse tipo de cirurgia com mais frequência e são indicados para realizar o processo de retirada das próteses. A recuperação total dura em média um mês.
Todas as mulheres devem retirar o silicone?
Não. Assim como qualquer cirurgia, o implante precisa de cuidados e deve ser feito com um profissional especializado. Algumas mulheres podem apresentar efeitos colaterais causados pela prótese, mas no geral, o silicone é seguro. “Cerca de 95% das pacientes não vai ter problema”, afirma Juldásio Galdino Júnior, cirurgião plástico do Instituto de cirurgia plástica di Larmatine e Galdino.
O especialista ressalta que, ao decidir pela cirurgia, a pessoa precisa saber de todos os riscos e o médico tem que deixar claro que pode, sim, ter problemas. No caso de pacientes que sofrem com doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide, e outras, não é indicado colocar o silicone. “Nesse caso a prótese é fator de risco”, reforça Júnior.
Quando retirar o silicone?
O explante deve ser feito quando há problemas mecânicos da prótese, como ruptura e contraturas. Essas contraturas são divididas em quatro níveis:
Grau 1 : mama normal
Grau 2: palpável, mas não é visível as deformidades na prótese
Grau 3 palpável e desconforto nos seios
Grau 4: palpável, muita dor e a deformidade da prótese
Outro indicativo é quando a paciente sofre com a síndrome ASIA, que é um conjunto de sintomas atribuídos ao implante de silicone. “Ela é rara e não tem um diagnóstico preciso. São feitos vários exames e, depois de eliminar outras possíveis causas e doenças, damos o diagnóstico”, diz Christiane Todeschini, cirurgiã plástica e membro titular Sociedade Brasileira de Cirurgia de Plástica. Geralmente, a síndrome provoca fadiga crônica, olhos secos, enxaqueca, zumbido no ouvido.
A prótese de silicone causa câncer?
Pode causar, mas ainda é raro. O mais comum é o linfoma anaplásico de grandes células, que é um câncer do sistema imunológico associado ao implante. Normalmente ocorre na cápsula que envolve a prótese de silicone e é considerado um câncer na mama.
Como prevenir doenças?
Para André Maranhão, cirurgião plástico do Hospital Copa D’or, da Rede D’or, as mulheres precisam seguir um acompanhamento constante com um ginecologista e cirurgião plástico para evitar problemas e doenças.
O especialista reforça que o erro mais comum é não discutir com o médico os riscos de uma cirurgia e o que ela pode causar. Além disso, caso a paciente tenha sintomas inesperados, é ideal procurar ajuda médica e não ir atrás de informações na internet ou outros órgãos que não sejam confiáveis. “Está tendo um movimento e, às vezes, pode ser até modismo. Se a paciente está bem com a prótese não há porque tirar. Caso ela tenha dor ou doenças, aí vale conversar e investigar com o seu médico”, finaliza.
Fonte: Yahoo Brasil