Indústria farmacêutica critica falta de incentivo à inovação


Representantes da indústria farmacêutica debateram a competitividade e criticaram a falta de incentivo à inovação no setor. A discussão fez parte do Seminário Brasil Competitivo – Indústria Farmacêutica Nacional, ocorrido na Câmara dos Deputados nesta terça-feira, dia 29. As informações são da Agência Câmara.
A conclusão é de que existe uma necessidade urgente de implementar políticas públicas de longo prazo para que o país possa, por exemplo, aumentar a produção de ingrediente farmacêutico ativo (IFA). Hoje, o país produz apenas 5% de IFA, sendo que este é o principal componente para a produção de medicamentos.
Para Walker Lahmann, vice-presidente do Grupo FarmaBrasil, a indústria farmacêutica brasileira passou de uma empresa de capital nacional entre as dez maiores, em 1998, para seis em 2023. Segundo ele, as companhias do setor são as que mais investem em pesquisa e desenvolvimento no país.
Incentivo à inovação pede nova política de preços
O executivo elenca que políticas recentes como a Nova Indústria Brasil e a Letra de Crédito de Desenvolvimento devem melhorar a produção de IFA e o desenvolvimento de terapias avançadas e de biotecnologia. Mas ele criticou a política de controle de preços que foi fixada em 2004.
“Hoje, se usarmos a regra atual, medicamentos inovadores, feitos no Brasil, que trazem ganhos para o mercado e para a sociedade, muitas vezes, têm preços menores do que os remédios antigos. Isso porque a regra de preço não considera a inovação”, ressalta Lahmann.
Pandemia
O deputado Clodoaldo Magalhães (PV-PE), que é relator do projeto de lei que institui a Estratégia Nacional de Saúde (PL 2583/20), disse que a necessidade de políticas de longo prazo ficou evidente na pandemia.
“Essa agenda ficou muito visível para a sociedade brasileira durante o período da pandemia, pela importação por preços aviltantes de insumos para a indústria farmacêutica. Trata-se de uma discussão importante por passar por uma construção de uma lógica que não beneficie só indústrias de capital nacional”, observou.
Para o deputado, esse modelo beneficia indústrias de capital multinacional que venham não só colocar o seu investimento em sedes brasileiras, mas que também tragam o investimento em P&D para consolidar e manter no Brasil os cérebros formados aqui e desenvolvidos aqui.
O vice-presidente da IQVIA, Sydney Clark, mostrou como China, Coreia do Sul e Índia conseguiram se transformar em grandes produtores de medicamentos a partir de projetos de, no mínimo, dez anos.