Farmacêuticas ampliam patentes de medicamentos biológicos
Indústria aposta em estratégia de guerrilha para barrar concorrência dos genéricos e surfar em um mercado avaliado em mais de US$ 500 bi


As patentes de medicamentos biológicos vêm ganhando atenção especial da indústria farmacêutica. De olho em uma brecha legal, o setor promove verdadeiras táticas de guerrilha para criar barreiras impenetráveis contra a concorrência de genéricos, segundo reportagem da R&D World.
A preocupação com esse segmento vai ao encontro de projeções super otimistas do mercado. De acordo com um estudo da IQVIA, os medicamentos biológicos devem totalizar US$ 572 bilhões (R$ 3,2 trilhões) de faturamento em 2025 e chegar a impressionantes US$ 892 bilhões (R$ 4,9 trilhões) em 2028. O crescimento em três anos seria de 56%.
“As categorias de oncologia, sistema nervoso central, saúde mental, obesidade e vacinas contabilizarão uma parcela relevante desse resultado”, endossa Sydney Clark, vice-presidente sênior Latam da IQVIA.
Atentas a esse potencial, as indústrias farmacêuticas apostam na estratégia de investir esforços em necessidades médicas não atendidas e, posteriormente, ampliar continuamente as indicações terapêuticas da molécula. Com esse expediente, o setor ganha aval para obter novas patentes do medicamento original em combinação com outros tratamentos.
Roche lidera patentes de medicamentos biológicos
O exemplo mais emblemático envolvendo patentes de medicamentos biológicos é do Herceptin (trastuzumabe), um dos carros-chefes da área de oncologia da Roche. Esse fármaco soma 1.536 registros de proteção de propriedade intelectual em uma busca mais abrangente, que identifica qualquer patente que mencione a marca ou o nome genérico. No entanto, quando a pesquisa é feita apenas pelo nome original do medicamento, o número cai para 393.
O segundo colocado na lista também pertence ao portfólio da Roche. O Avastin, voltado ao tratamento do câncer de mama conta com 348 patentes originais, mas ao todo já apresenta 919 proteções legais.
Top 5 das patentes de medicamentos biológicos

A possibilidade de extensão de patentes também beneficia medicamentos tradicionais. O Eliquis, produzido por meio de acordo de cooperação entre BMS e Pfizer, soma 18 anos de exclusividade – com 226 proteções originais e quase o mesmo número de novas patentes (213). Nesse caso, o método empregado consiste em patentear cada forma, cada etapa de fabricação, cada revestimento e mecanismo de liberação.
Nome do medicamento | Primeira Patente | Anos ativos | Patentes dos anos 2000 | Patentes da década de 2010 | Patentes da década de 2020* |
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Trastuzumabe (Herceptin) | 2000 | 24,5 | 243 | 832 | 590 |
Bevacizumabe (Avastin) | 2005 | 19,9 | 72 | 600 | 311 |
Pembrolizumabe (Keytruda) | 2016 | 8,9 | 0 | 115 | 395 |
Apixabana (Eliquis) | 2007 | 18 | 15 | 377 | 290 |
Rivaroxabana (Xarelto) | 2006 | 18,6 | 16 | 493 | 233 |
*Dados da década de 2020 até fevereiro de 2025
Fonte: R&D World