Farmacêuticas nacionais focam em inovação
Companhias brasileiras aumentam investimentos em inovação incremental e radical
por César Ferro em
e atualizado em
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A descoberta de medicamentos inovadores é o novo foco das farmacêuticas nacionais. Laboratórios como Apsen, Cristália e Libbs vêm destinando seus esforços de P&D para a inovação incremental e radical, além da fabricação de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs). As informações são do Valor Econômico.
Apesar de o mercado brasileiro ter se consolidado com os genéricos – que ainda correspondem à grande parte do setor -, essas companhias buscam uma virada de chave. E três são os pilares que norteiam essa decisão:
- Ampliação do tíquete médio do portfólio
- Redução da dependência estrangeira
- Incentivo à pesquisa
Como as farmacêuticas nacionais têm inovado?
Jornada da Libbs começou com os biossimilares
Os biossimilares foram o primeiro movimento da Libbs em direção à inovação. Para a diretora de desenvolvimento de negócios, Anna Guembs, esse é o “feijão com arroz” da área, mas não se pode encará-los como medicamentos simples.
“Não é tão fácil desenvolvê-los, e agora não só a Libbs como outras indústrias estão avançando em projetos de maior complexidade. É uma nova onda para farmacêuticas que não focam (apenas) em expansão de volume”, analisa.
No ano passado, o laboratório registrou faturamento bruto de R$ 3,9 bilhões. A expectativa é dobrar esse número nos próximos sete anos. Um dos motores para o avanço é fruto de inovação incremental: o Venzer (combinação de anlodipino, candesartana e clortalidona), indicado para o tratamento da hipertensão arterial não controlada.
A companhia prevê mais de R$ 1 bilhão em investimentos em inovação até 2032, distribuídos em mais de 50 projetos de produto. Só em 2024, os aportes em P&D somaram R$ 165,8 milhões.
Cristália prepara o lançamento de fármacos inovadores
Segundo Ogari Pacheco, presidente da Cristália, serão lançados no curto prazo “outros cinco ou seis” fármacos inovadores. A farmacêutica inaugurou recentemente uma nova fábrica em Montes Claros (MG) para expandir sua produção e viabilizar as novidades.
Entre as pesquisas estão um medicamento destinado a pessoas em overdose de drogas inédito no mundo e uma vacina que pode prevenir a dependência química. Além disso, o laboratório já anunciou os resultados dos estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a polilaminina, que pode reverter a tetraplegia.
No ano passado, o faturamento da companhia cresceu 6% em relação a 2023, totalizando R$ 3,5 bilhões. Para este ano, a projeção é alcançar R$ 3,9 bilhões.
Apsen lançou 180 projetos em uma década
Mais da metade da receita total da Apsen prevista para 2025 vem dos 180 novos projetos lançados pela farmacêutica nos últimos dez anos. Em relação a 2023, a receita do laboratório cresceu 12% no ano passado, chegando a R$ 1,41 bilhão. Cerca de 7% desse valor é investido em P&D.
Nos próximos cinco anos, a companhia investirá R$ 432 milhões em dois projetos: a construção de uma nova fábrica (R$ 338,1 milhões) e a modernização de suas instalações (R$ 94,4 milhões). O objetivo desse movimento, segundo Márcio Castanha, vice-presidente comercial, é trazer medicamentos inéditos para o mercado nacional.
No passado recente, a empresa já demonstrou seu apetite por inovação. Um dos destaques de seu portfólio é o Atentah (cloridrato de atomoxetina), que foi o primeiro medicamento para o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) não estimulante a chegar ao País. Em seu ano de lançamento, o medicamento foi utilizado no tratamento de 200 mil pessoas, o que representa cerca de 20% dos pacientes em tratamento no Brasil.