Polivitamínicos: o que são, para que servem e sua relação com o setor farmacêutico
Suplemento que combina diversas vitaminas e minerais em uma única formulação, amplamente utilizado na prevenção de deficiências nutricionais e com papel estratégico na saúde pública e no mercado farmacêutico.


Índice
Polivitamínicos são suplementos compostos por uma combinação de vitaminas — como A, C, D, E, K e do complexo B — e minerais essenciais, como ferro, zinco, selênio e magnésio. Seu objetivo é complementar a alimentação diária e prevenir deficiências nutricionais, especialmente em populações com maior risco, como idosos, gestantes, crianças, pacientes com doenças crônicas e pessoas com dietas restritivas.
Esses produtos não substituem uma alimentação equilibrada, mas são utilizados como suporte nutricional em diferentes fases da vida. Podem ser prescritos por profissionais de saúde ou adquiridos diretamente, sendo encontrados em farmácias, drogarias e pontos de venda especializados, em diversas formas farmacêuticas — comprimidos, cápsulas, efervescentes, gomas, líquidos ou pós.
No setor farmacêutico, os polivitamínicos representam um dos segmentos mais consolidados da categoria de suplementos alimentares, movimentando bilhões de reais no Brasil. Além de sua presença no varejo, estão inseridos em políticas públicas de saúde e programas de suplementação nutricional voltados a grupos vulneráveis.
Composição dos polivitamínicos e forma de uso regulamentadas
A formulação dos polivitamínicos varia conforme a finalidade e o público-alvo. Há produtos voltados para o público geral, enquanto outros são direcionados a faixas etárias ou condições específicas (gestantes, idosos, crianças, atletas).
Composição típica de um polivitamínico adulto
Nutriente | Dose média/dia | Função principal |
---|---|---|
Vitamina A | 600 a 800 mcg | Saúde ocular e imunidade |
Vitamina C | 45 a 90 mg | Antioxidante e defesa imunológica |
Vitamina D | 5 a 25 mcg | Absorção de cálcio e saúde óssea |
Vitamina E | 10 a 15 mg | Antioxidante celular |
Vitamina B12 | 1,2 a 2,4 mcg | Função neurológica e produção de hemácias |
Ácido fólico | 200 a 400 mcg | Formação fetal e prevenção de anemias |
Ferro | 8 a 18 mg | Prevenção de anemia ferropriva |
Zinco | 8 a 11 mg | Imunidade e cicatrização |
As quantidades seguem limites seguros definidos por órgãos reguladores como a Anvisa e o Codex Alimentarius.
Aplicações práticas e usos clínicos
Polivitamínicos são indicados para:
- Prevenção de deficiências nutricionais em populações com baixa ingestão de nutrientes.
- Gestantes e lactantes, especialmente com ácido fólico, ferro e vitaminas do complexo B.
- Idosos, que apresentam menor absorção de nutrientes e risco aumentado de hipovitaminose.
- Crianças em crescimento, com fórmulas adaptadas à idade.
- Pacientes em pós-operatório, tratamento oncológico, bariátrica ou doenças crônicas.
- Dietas restritivas, como vegetarianas ou veganas, com foco em B12, ferro e zinco.
Apesar da ampla utilização, o uso deve sempre considerar avaliação clínica e exames laboratoriais, evitando suplementação desnecessária.
Papel no setor farmacêutico e na saúde pública
Os polivitamínicos movimentam anualmente mais de R$ 5 bilhões no Brasil, segundo dados da IQVIA. Farmacêuticas como EMS, Aché, Sanofi, Eurofarma, Bayer, entre outras, atuam fortemente nesse segmento, com marcas populares como Lavitan, Centrum, Redoxon, Vitergan e outras.
No sistema público de saúde, o Ministério da Saúde distribui suplementos específicos em programas como:
- Suplementação de ferro e ácido fólico para gestantes (pré-natal)
- Distribuição de vitamina A para crianças em áreas de risco
- Reposição de vitamina D para idosos em algumas redes municipais
A produção nacional desses produtos também é estratégica para garantir acesso e redução de custos.
Situação regulatória no Brasil
Os polivitamínicos são classificados como suplementos alimentares pela Anvisa, sob o marco regulatório definido pela RDC nº 243/2018. Os ingredientes permitidos, limites de uso e alegações funcionais estão descritos na Instrução Normativa nº 28/2018.
Destaques regulatórios:
- Devem seguir os limites máximos diários estabelecidos pela Anvisa.
- Não podem alegar prevenção ou tratamento de doenças.
- Produtos com concentrações elevadas ou com alegações terapêuticas são enquadrados como medicamentos e exigem registro diferenciado.
- A rotulagem deve conter informações nutricionais, alertas e modo de uso.
Riscos e controvérsias
Apesar de serem considerados seguros, os polivitamínicos podem apresentar riscos se usados sem necessidade ou em doses acima do recomendado:
- Hipervitaminoses, especialmente de A, D e E, quando consumidas em excesso.
- Interferência com medicamentos, como anticoagulantes (ex: vitamina K).
- Efeito placebo, quando usados por indivíduos saudáveis sem deficiência real.
- Suplementação indiscriminada, especialmente com produtos de origem duvidosa vendidos online.
O uso racional, com base em evidências e orientação de profissionais da saúde, é essencial.
Histórico e curiosidades
- O termo “vitamina” vem de “vital amine”, cunhado em 1912 pelo bioquímico Casimir Funk.
- O primeiro polivitamínico comercial foi lançado nos EUA nos anos 1940.
- Durante a Segunda Guerra Mundial, suplementos foram amplamente distribuídos para soldados.
- A indústria de suplementos cresceu junto com o movimento fitness e o marketing de bem-estar.
- Atualmente, cerca de 1 em cada 3 adultos no Brasil consome algum tipo de suplemento, segundo a ABENUTRI.
Perguntas Frequentes sobre polivitamínicos
Não. É um suplemento alimentar, exceto quando formulado em concentrações terapêuticas e registrado como medicamento.
Sim, desde que respeitando a dose recomendada e com orientação profissional.
Pode fazer, especialmente em excesso. Alguns nutrientes acumulam no organismo e causam efeitos adversos.
O ideal é usar fórmulas específicas para gestação, que contêm as quantidades corretas de ácido fólico, ferro e outros nutrientes.
Sim, mas com fórmulas infantis e sob orientação médica ou nutricional.
Previne deficiências nutricionais, o que pode reduzir o risco de algumas doenças, mas não substitui alimentação saudável nem tem efeito curativo.
Em muitos casos, sim. Isso evita suplementação desnecessária e riscos à saúde.