Golpe em hospital: polícia e advogada indicam o que as vítimas devem fazer para evitar prejuízos

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A Polícia Civil informou nesta segunda-feira (28) que investiga um golpe que causou prejuízo de R$ 2,1 mil para um paciente do Hospital Samaritano de Campinas. Estelionatários com acesso privilegiado a informações ligaram para o telefone do quarto de internação e pediram pagamento extra por medicamentos ou tratamentos.

Um delegado e uma advogada explicam o que as vítimas podem fazer após caírem no esquema (veja abaixo).

O golpe no Samaritano ocorreu no domingo e o paciente é um empresário que não quis se identificar, mas falou com a reportagem da EPTV. “Sabia meu nome, sabia meu convênio médico, tinha minha ficha clínica, falou que ia cobrir só 80% dos remédios, e que os 20% eu teria que pagar, mas como a ligação era muito ruim e pediu o telefone da minha esposa para conversar pelo WhatsApp”.

Em seguida, a esposa do rapaz recebeu mensagens de uma pessoa que se identificou como secretária de um médico do hospital. Na conversa, ela disse que o pagamento, de R$ 2.170, deveria ser feito direto na conta do laboratório.

Depois de fazer a transferência bancária, a vítima começou a desconfiar quando recebeu outra ligação que pedia mais dinheiro. O empresário relatou o caso para um funcionário do hospital e o trabalhador afirmou que este tipo de golpe tem sido comum.

O delegado Rodrigo Monteiro afirmou nesta segunda que a investigação vai apurar a origem das informações. “Pode ter vazado de dentro do hospital ou pode ter ocorrido até uma invasão do sistema. Isso vai ser averiguado”, disse.

“Vai ter que ser levantado da onde partiu essa ligação, aonde foi depositado o dinheiro e dentre outros detalhes que cabe à delegacia apurar”, completou Monteiro.

“Vai ter que ser levantado da onde partiu essa ligação, aonde foi depositado o dinheiro e dentre outros detalhes que cabe à delegacia apurar”, completou Monteiro.

Outra vítima

Em outro caso, a avó do contador Aires Doimo também sofreu prejuízo com o golpe. Internada no Hospital Samaritano, a idosa de 94 anos recebeu uma ligação do golpista, que se passou pelo médico que a atendia. O prejuízo foi de cerca de R$ 3,4 mil.

O que impressionou a família foi a quantidade de informações que os golpistas tinham da idosa, segundo o contador.

“Essa pessoa falou o nome dele, como se fosse o médico responsável pela minha avó, falou o nome da minha avó, o número do quarto, todas as informações bem privilegiadas”, disse.

“Essa pessoa falou o nome dele, como se fosse o médico responsável pela minha avó, falou o nome da minha avó, o número do quarto, todas as informações bem privilegiadas”, disse.

“Falou que minha avó precisava fazer um tratamento de 45 dias com uma medicação que não era vendida em farmácia, que tinha que ser manipulada, e a gente sem atentar, na correria por se tratar da saúde de uma idosa, fez essa transferência e, mais tarde, veio saber que é um golpe aplicado dentro do hospital”, completou o homem.

Hospital pode ser responsabilizado, diz advogada

Advogada especialista em defesa do consumidor, Andreia Gomes de Oliveira afirmou que o hospital pode ser responsabilizado pelo prejuízo do paciente.

“O hospital não pode se eximir dessa responsabilidade. Eles alegam que têm várias informações, que sempre tem cartazes, que quando você entra no hospital eles informam, mas isso não exime a responsabilidade deles, até porque esse tipo de informação é insuficiente”.

“Além de que, quando o paciente e seus familiares estão no hospital, eles estão emocionalmente vulneráveis à situação”, completou a advogada.

“Além de que, quando o paciente e seus familiares estão no hospital, eles estão emocionalmente vulneráveis à situação”, completou a advogada.

A advogada também explica que o hospital precisar garantir a privacidade das informações. “Quem tem que ter acesso é o paciente e o corpo clínico do hospital. Se um terceiro tem acesso, alguma coisa está falhando nessa comunicação. Não está sendo aplicado a lei do LGPD, que é o tratamento da proteção dos dados do paciente, que está sendo exposto aos golpistas”.

“O paciente que sofrer o golpe deve fazer um boletim de ocorrência explicando, narrando detalhadamente como ocorreu o golpe e posteriormente entrar com uma ação contra o hospital para ter o ressarcimento do valor que foi lesado”.

“O paciente que sofrer o golpe deve fazer um boletim de ocorrência explicando, narrando detalhadamente como ocorreu o golpe e posteriormente entrar com uma ação contra o hospital para ter o ressarcimento do valor que foi lesado”.

Já o delegado da Polícia Civil informou que os pacientes nunca façam pagamentos sem ter contato direto com o hospital. “A orientação que nós damos é que não faça qualquer depósito sem consultar realmente o hospital, e os hospitais também sempre mantenham as vítimas orientadas para que não façam essas transações”.

Questionado pela EPTV, afiliada da TV Globo, o Samaritano não se manifestou.

Ainda no domingo, hospital divulgou um comunicado para alertar os pacientes sobre a prática. “Não faz parte da política do Hospital Samaritano Campinas este tipo de interação com o paciente/familiar, uma vez que os comunicados referentes a custos extras (quando necessários) são informados pessoalmente ao paciente/familiar”, diz o texto.

Fonte: G1.Globo

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