Governo descarta a distribuição de canetas emagrecedoras no SUS
Custo elevado e necessidade de acompanhamento especializado impedem incorporação imediata
por Gabriel Noronha em
e atualizado em


A inclusão de canetas emagrecedoras no SUS não está nos planos do governo. A decisão foi tomada pela Conitec, órgão responsável por gerenciar o portfólio de tratamentos ofertados pelo programa. As informações são do O Globo.
Em deliberação na última quarta-feira, dia 20, a comissão descartou a distribuição de medicamentos à base de semaglutida, princípio ativo do Wegovy, e de liraglutida, presente no Saxenda, voltados ao tratamento da obesidade.
O fornecimento da semaglutida havia sido proposto a pacientes com obesidade e histórico de doença cardiovascular, sem diabetes, a partir dos 45 anos, enquanto a liraglutida seria destinada ao tratamento de pessoas com obesidade e diabetes tipo 2.
Alto custo impossibilita distribuição de canetas emagrecedoras no SUS
Essa é a segunda vez no ano em que a comissão emite um parecer contrário à proposta, recorrendo à mesma justificativa. Em maio, o grupo apresentou um estudo que estimou um custo mínimo de R$ 3,4 bilhões em cinco anos para a medida, valor que poderia ultrapassar R$ 7 bilhões.
Outros fatores, como a necessidade de acompanhamento especializado, incluindo suporte psicológico para pacientes em uso do remédio, também foram citados como empecilhos para a distribuição em larga escala do fármaco.
Cenário pode mudar nos próximos anos
Atualmente, a liraglutida é utilizada em serviços públicos de municípios em Goiás, Espírito Santo e no Distrito Federal. A semaglutida, por sua vez, não é oferecida em nenhuma unidade do sistema público do país.
O uso dessa substância, no entanto, pode se popularizar com a produção nacional prevista após a quebra da patente, em 2026. Ainda neste ano, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a intenção de adotar a semaglutida para tratar pacientes com diabetes e obesidade.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também firmou acordo com a farmacêutica EMS para a fabricação de versões próprias de semaglutida e liraglutida. A produção em uma instituição pública pode facilitar o processo ao viabilizar custos menores para o governo.
O ministro da saúde, Alexandre Padilha, já se mostrou favorável à medida, desde que seus benefícios sejam comprovados com “evidências científicas”:
“Se tiver evidência científica, mostrar que um determinado produto tem benefícios para a população, o SUS pode incorporar”, declarou o político em junho, durante uma reunião da cúpula dos Brics no Rio de Janeiro.