Indústria analisa possíveis avanços no mercado de cannabis
Farmacêuticas apoiam prováveis mudanças na RDC
e preveem redução de preços com novas regras
por Digital em
Uma grande transformação aproxima-se do mercado de cannabis medicinal. Enquanto a Anvisa estuda atualizações da RDC 327/2019, as primeiras autorizações sanitárias, que tinham cinco anos de prazo a partir do pedido, começam a vencer. As informações são do Futuro da Saúde.
Entre abril e junho, a Anvisa realizou uma consulta pública para entender as atualizações necessárias à regulação. Dentre as possíveis mudanças estão:
- Possibilidade de renovação de autorização sanitária por mais cinco anos: Mediante pedido de registro como medicamento e apresentação de cronograma para realização de estudos clínicos
- Transformação dos medicamentos em tarja vermelha: Menos rigor para prescrição e venda
- Permissão da manipulação de CBD
- Novas fórmulas permitidas: Sublinguais, inalatórias ou dermatológicas
Mercado de cannabis medicinal deve atingir maturação, afirma o setor
Atualmente, a Anvisa concedeu 43 autorizações sanitárias, mas apenas duas pesquisas foram autorizadas no país. Para o setor, esse é o momento em que o Brasil precisa fazer uma escolha vital.
Fábio Furtado, cofundador e sócio da GreenCare, destaca que as novas regras reforçarão a profissionalização do setor. “Começamos a filtrar o mercado para empresas que estão com o objetivo de dar perpetuidade para o tratamento dos pacientes e não simplesmente entrar numa legislação de curto prazo, navegar, surfar no mercado e depois ir embora, deixando os pacientes órfãos do produto”, analisa.
O CEO da Ease Labs, Gustavo Palhares, aprova as possíveis mudanças na RDC. “No geral, tudo que foi proposto traz caminhos muito interessantes no país para pacientes, indústrias e o próprio mercado. As mudanças são bem cabíveis, estão sendo discutidas e estamos ansiosos pelo resultado”, analisa.
O executivo também defende regulamentação do plantio em solo nacional. “Faz sentido trazer o máximo de processos produtivos para o nosso país. Tanto a Anvisa como o Ministério precisam ter uma cautela regulatória bem aprofundada, por conta desse modelo. É preciso ser assertivo nessa estruturação, de modo a viabilizar um modelo mais aderente ao setor”, finaliza.
Furtado, por sua vez, destaca a abertura do mercado proporcionada pela chegada de novas formas farmacêuticas. “Isso abre oportunidades para o desenvolvimento no Brasil de novas formulações, através da inserção de forma farmacêutica inalada, por exemplo. Acaba abrindo mercado”, explica.
Preços devem cair com regulação mais sólida
O sócio da GreenCare também destaca que, com uma regulação mais sólida, os preços dos produtos à base de cannabis medicinal devem cair. “Há uma tendência de queda progressiva nos preços ao longo do tempo, o que contribui para aumentar o acesso a tratamentos”, afirma.
A Ease Labs, por sua vez, já aplica desde julho descontos de 40% em seus produtos. Palhares credita a redução à “segurança na cadeia produtiva, que dá suporte para que consigamos escalar e crescer em vendas”.