Indústria apoia venda de medicamentos em supermercados
Farmacêuticas mostram-se favoráveis ao projeto, mas reivindicam fiscalização rigorosa
por Gabriel Noronha em
e atualizado em


A venda de medicamentos em supermercados vem sendo um dos temas mais duradouros e polêmicos do canal farma. A questão, discutida há mais de 20 anos e pauta de diversos projetos de lei, tem apoio da indústria farmacêutica, embora o setor revele preocupações com a fiscalização. As informações são do O Globo.
O PL que transita atualmente no Senado, proposto por Efraim Filho (União-PB), previa apenas a liberação da comercialização de MIPs, com a presença facultativa de farmacêuticos.
Após entidades do varejo farmacêutico se posicionarem enfaticamente contra esse modelo, com claros riscos à saúde pública, a proposta original foi modificada, com operações sob as mesmas exigências técnicas impostas às drogarias convencionais e profissionais disponíveis durante todo o expediente.
Essa alteração e a importância dada às questões sanitárias foram fundamentais para garantir o apoio de entidades do setor, como o Sindusfarma:
“O Sindusfarma sempre teve uma posição muito clara em relação à segurança sanitária na dispensação de medicamentos. A partir do momento em que o substitutivo do senador Efraim coloca a segurança em primeiro lugar, nós apoiamos integralmente”, afirma Nelson Mussolini, presidente executivo da entidade.
O texto sofreu alterações para superar críticas e desconfianças do setor, que temiam fatores como um aumento na automedicação e fragilidade nos processos de fiscalização.
“A pessoa vai poder entrar e sair com aquilo que o médico prescreveu. Então, pode facilitar a vida do paciente, daquele que está precisando comprar o seu medicamento dentro daquilo que regulamenta a legislação. É um assunto que se discute há mais de 20 anos. Acho que o projeto se tornou maduro”, afirma o executivo.
Varejo ainda teme a venda de medicamentos em supermercados
O cenário é diferente no varejo farmacêutico, onde representantes e entidades temem que a aprovação dessa medida represente uma ameaça direta à saúde das farmácias independentes. A Abrafarma, por exemplo, critica os trechos que abordam a proibição da telemedicina e das marcas próprias e as classifica como “desproporcionais e prejudiciais à população”.
“Nosso compromisso é com o direito à saúde, à proteção do consumidor e à eficiência nos serviços farmacêuticos”, afirmou Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, em nota.
O Sindusfarma, no entanto, acredita que a concorrência pode ser saudável para o canal: “As farmácias independentes têm um atendimento personalizado, uma fidelização do seu consumidor. Eu não consigo enxergar que vai destruir as farmácias independentes. Sempre se falou que as grandes redes iriam destruir as farmácias independentes. Na pandemia, houve um crescimento dessas farmácias porque elas estão mais próximas ao consumidor”, opina Mussolini.
Decisão deve ficar para agosto
Humberto Costa (PT-PE), relator da proposta, afirmou que não haverá uma reunião da Comissão de Assuntos Sociais nesta semana. Segundo ele, ainda é preciso avaliar com atenção as contribuições apresentadas pelas entidades do setor. A expectativa é que a votação ocorra na primeira semana de agosto.