
A indústria farmacêutica na Espanha vem registrando considerável crescimento nos últimos anos, atraindo multinacionais do setor de olho em isenções fiscais. Com isso, o país vem atenuando a tendência de êxodo de investimentos no Velho Continente. As informações são da Bloomberg Línea.
Barcelona e Madri destacam-se como principais palcos desse movimento e, segundo a Agência Médica Europeia, estão entre as cidades líderes em centros de ensaios clínicos na Europa. Companhias como AstraZeneca, Novartis e Roche confirmaram planos de expansão, enquanto Johnson & Johnson, Daiichi Sankyo, Eli Lilly e Sanofi já iniciaram projetos para fincar bandeira no país, com direito a articulações junto ao primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez.
A AstraZeneca, por exemplo, escolheu a capital da Catalunha como sede para um novo centro de pesquisas em 2023, logo após a reforma de sua divisão de doenças raras Alexion. A iniciativa é parte de um investimento de € 800 milhões (R$ 5,16 bilhões), que previa a criação de 1 mil novos empregos na região até 2027. Mas essas metas já foram cumpridas e atualizadas no ano passado, o que fez a farmacêutica projetar agora 2 mil postos de trabalho e € 1,3 bilhão (R$ 8,4 bilhões) em aportes financeiros. “A Espanha passou a ser um mercado-chave para a AstraZeneca globalmente e na Europa”, explica Rick R. Suarez, presidente da companhia no país.
Número de ensaios clínicos por país entre 2018 e 2023
Vantagens da indústria farmacêutica na Espanha
Os incentivos da indústria farmacêutica na Espanha contemplam créditos fiscais que correspondem a 33% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Esse percentual gira torno de apenas 15% se considerados todos os mercados europeus.
A Lei Beckham, nomeada em homenagem ao ex-jogador inglês, ainda garante que estrangeiros paguem uma alíquota menor no imposto de renda. A relação das farmacêuticas com os hospitais estatais e as startups locais também foi facilitada pelo Estado.
“Para empresas menores, como a Oxolife, voltada para a fertilidade, o apoio do governo representa cerca de 50% de seus investimentos”, explica a CEO Agnès Arbat. “A Espanha é um dos países com o melhor custo-benefício da Europa para pesquisa clínica e significativamente mais barata do que a Alemanha ou a França”, complementa.
Outro aspecto favorável é a celeridade no registro de medicamentos. Enquanto chega a seis meses o tempo médio entre o envio da documentação de aprovação e o tratamento do primeiro paciente no resto do continente, esse processo pode ser concluído em até quatro meses na Espanha.