No dia em que o Rio celebrou seu padroeiro, São Sebastião, a cidade atingiu a marca 31.177 vacinados contra o coronavírus, mais de um quarto dos cerca de 115 mil que devem ser imunizados na primeira etapa da campanha para frear a pandemia. Num mutirão pela vida, por enquanto foram mais doses aplicadas até do que em todo o estado de São Paulo (21.337), o que recebeu o maior carregamento da CoronaVac no país. Depois de tropeços logísticos e atrasos do Ministério da Saúde no início da semana, o processo finalmente se intensificou na capital nesta quarta-feira, dia 20, e, só entre os profissionais da Saúde, já são 23.962 que receberam a vacina. E com um detalhe importante: muitos deles, como porta-vozes da esperança, serão os que, daqui para frente, integrarão a força-tarefa para proteger o restante da população.
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Nesta quarta-feira, três locais concentraram o maior número de vacinados: o Hospital municipal Ronaldo Gazzolla — referência no combate à Covid-19 —, o Hospital municipal Miguel Couto e o Instituto Nacional de Infectologia (INI-Fiocruz). Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, também já foi contemplada a maior parte dos trabalhadores da atenção primária, como os das clínicas da família e centros municipais de saúde, cujas unidades serão cruciais na campanha de vacinação. Muitos receberam suas doses e partiram direto para iniciar a imunização de idosos e funcionários dos asilos e casas de repouso (6.589 vacinados até agora), além de pessoas com deficiência (564), indígenas (43) e quilombolas (19).
A enfermeira Beatriz Vinhas foi uma delas. Só nesta quarta-feira, vacinou 130 idosos e cuidadores de um asilo na Tijuca. Quando o primeiro senhor ajeitou o braço para tomar a CoronaVac, ela não se conteve:
— Falei: “é o começo do fim”. Seria muito bom que todos pudessem ser imunizados agora. Mas, apesar do contexto que vivemos no país hoje, mantenho a esperança. É uma emoção ver a alegria de quem é vacinado, ainda mais nessas instituições de longa permanência em que muitos estão há meses sem poderem sequer receber visitas.
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Segundo Soranz, esta etapa da campanha vai durar até a próxima quarta-feira.
— A campanha ainda vai durar até a próxima semana para pegar todos os plantões (nas unidades de saúde). Não há necessidade de pessoas se locomoverem fora de seu plantão. Esses profissionais podem ficar tranquilos que, para esse grupo, vai ter vacina — explicou o secretário, que celebrou os resultados. — Conseguimos ser a cidade que mais vacinou até o momento no Brasil. A operação é complexa, mas o feriado ajudou, pois os serviços de rotina ficaram voltados para vacinação.
De volta ao trabalho
Entre os profissionais de unidades de emergência, foram priorizados os que atuam na linha de frente do combate à Covid-19, assim como os médicos de grupo de risco, que, agora vacinados, poderão retornar a suas funções. A estimativa é do retorno de cerca de 800 desses profissionais. No Miguel Couto, por exemplo, o primeiro a ser imunizado foi o neurocirurgião Ivan Santana, de 73 anos, que ficou famoso ao salvar a vida de um operário atingido por um vergalhão na cabeça, em 2012. Ele é um dos que estavam afastados, por integrar o grupo de risco, mas que agora poderá voltar.
— É o começo da vitória contra essa infelicidade que acometeu a humanidade. Acho que, juntando a vitória da ciência, cientistas e governantes responsáveis, nós conseguiremos a vitória sobre essa pandemia — declarou Ivan. — Chega de negacionismo, chega de toda sorte de preconceito, seja qual for. O que importa é isso, é vacinar. Eu estou afastado pela minha idade, é um drama querer trabalhar e não poder. Espero que todos se vacinem.
Selfies nas redes
Na mesma linha, o secretário municipal de Saúde também fez um apelo para que todos que fazem parte dos grupos prioritários tomem as vacinas.
— Elas são muito seguras, sem nenhum efeito adverso grave documentado — ressaltou Soranz.
Foi até para incentivar a adesão à campanha que o enfermeiro Haran Antunes decidiu publicar no Instagram o momento em que tomava sua dose da CoronaVac. Na unidade em que ele trabalha, o Centro Municipal de Saúde Dr. Rodolpho Perissé, no Vidigal, a funcionária com idade mais avançada, uma trabalhadora da limpeza, foi a primeira a ser vacinada. Quando chegou a vez dele, conta Haran, a sensação foi de segurança, depois de ter vivido os dramas do front contra o coronavírus, com plantões também na rede federal e no Hospital de Campanha de São Gonçalo.
— Tenho dez anos de formado. Mas, em três meses, vi mais mortes do que em todo o tempo anterior. É uma luta que ainda vai durar meses. Mas, quando tomei minha dose, a sensação foi de alegria. Liguei para minha mãe, no interior da Bahia, e mandei mensagem no WhatsApp da família, para incentivá-los a se vacinar. E quando postei as fotos nas redes sociais, apesar de haver muita gente que nega o poder da vacina, vi também que há muitos do nosso lado, nos apoiando — diz ele, confiante num “show das equipes de enfermagem” do país na campanha de imunização.
Esse, aliás, foi o clima que começou a se espalhar pelas redes sociais. Embora ainda inundadas de tristezas e pêsames pelos mortos da Covid-19, começaram a aparecer também as imagens que já vinham se repetindo em outros países: das selfies e outras fotos no momento exato da vacinação, com mensagens de confiança no futuro.
“Que momento marcante, meus amigos! Viva o SUS! Viva os pesquisadores do Brasil! Viva o Instituto Butantan! Agora, sim, imunizada”, escreveu uma profissional de Saúde do Rio numa dessas postagens. “Foram tantas perdas, tanta angústia, pessoas sendo intubadas, o choro de tantas famílias, preocupação com amigos e nossa própria família. Em meio a tanto sofrimento, agora, uma esperança”, manifestou outra profissional, essa de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos.
Para cidades como a dela e para todo o estado, a Secretaria estadual de Saúde informou que na tarde desta quinta-feira, dia 21, deve ter um balanço da vacinação.
Apesar dos números positivos do começo da campanha, ainda há questionamentos quanto aos critérios para seleção dos 34% dos profissionais da Saúde que receberão a vacina nesta primeira leva. Presidente do Sindicato do Médicos do Rio, Alexandre Telles relata que chegaram à entidade reclamações de doses insuficientes, sobretudo, nos hospitais universitários. E permaneciam incertezas quanto à vacinação na rede privada.
Fonte: Yahoo Brasil
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