Contas públicas – De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do país, encerrou 2021 a 10,06%. Além de ficar bem acima do teto da meta, o índice atingiu o maior valor em seis anos.
O especialista da CNN Alexandre Schwartsman afirmou, em entrevista nesta terça-feira (11), que a inflação em dois dígitos e o esforço do Banco Central para combater esse índice por meio da elevação da taxa de juros fazem com que as contas públicas do Brasil estejam em ‘uma situação complicada’.
‘Isso significa que a economia provavelmente vai perder fôlego ainda mais por força do impacto da taxa de juros encarecendo crédito, que reduz investimento e reduz o consumo também’, afirmou.
O ex-diretor de assuntos internacionais do Banco Central considerou que no atual momento econômico do país, é muito difícil ter ‘uma confiança extraordinária sobre qualquer projeção’. Schwartsman afirmou que com o dólar pressionado, uma mudança de política monetária no exterior e o descontrole da atual situação da pandemia, o ambiente econômico se torna ainda mais volátil.
O economista avaliou que em um momento de forte elevação do preço das commodities, o dólar deveria ficar mais barato. No entanto, de acordo com Schwartsman, ‘o que não está permitindo isso é o refluxo dos estrangeiros, o refluxo do investimento estrangeiro’. Além disso, na avaliação do especialista os investidores brasileiros também estão ficando ‘muito menos confortáveis com a perspectiva de deixar seus recursos no Brasil’.
‘O problema então está ligado ao fato de que a perspectiva de política econômica é uma perspectiva ruim. O atual governo não entregou nada daquilo que prometeu nos últimos anos do ponto de vista de política econômica’, afirmou.
De acordo com Schwartsman, a gestão econômica atual é ‘desastrosa’, e o mesmo se aplica para a perspectiva da gestão econômica futura. ‘O país está barato e vai continuar barato porque não estamos dando nenhum motivo para o investidor, seja estrangeiro ou nacional, sentir qualquer alento acerca das perspectivas de crescimento futuro’.
Segundo o especialista da CNN, mesmo que a inflação fique mais baixa, mas com juros mais alto, as contas públicas não irão sustentar um crescimento econômico. ‘Por que as pessoas vão investir aqui mesmo?’, questionou Schwartsman.
O Ministério da Saúde irá solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a liberação do autoteste de Covid-19 para a população. O aparato, que já é utilizado em países da Europa, pode ser aprovado no Brasil, mas com orientações à população, conforme explicou à CNN, nesta terça-feira (11), a cardiologista e intensivista Ludmila Hajjar.
Para a médica, a Anvisa deve autorizar a utilização do autoteste diante da ‘explosão de casos’ de Covid-19, entretanto, ela defende uma orientação direcionada à população, de forma a ensinar sobre o uso e, principalmente, sobre a notificação de casos positivos.
‘Com o autoteste queremos aumentar a possibilidade do diagnóstico para a população. Para o autoteste ser seguro, primeiro precisamos ensinar a população, o autoteste é simples por definição. O importante é ter ele liberado, aprovado, mas que treine a população’, afirma.
Luciana Hajjar exemplifica que o autoteste já é utilizado na Europa e reitera que sua forma de utilização é muito simples.
‘O paciente pega o cotonete, coloca no nariz, coloca num tubo, pinga o reagente e em poucos minutos sai o resultado’, diz.
Segundo Rodrigo Cruz, secretário-executivo do Ministério da Saúde, a autorização do autoteste para diagnóstico da doença pode ser mais uma ferramenta a ser usada contra a disseminação da variante Ômicron. A pasta enviará à agência uma nota técnica solicitando que seja feita pela Anvisa uma avaliação sobre o assunto.
‘Diante de uma pandemia é possível sim, que a Anvisa vai liberar o autoteste. O Brasil tem que escolher um caminho, a precificação tem que ser baixa, a solução boa, e o que fazer com o sintomático, como os brasileiros vão notificar o caso? Minha sugestão é aguardar uma aprovação responsável pelos nossos órgãos regulatórios, que ensine e treine a população, e ensine a notificar para que a gente tenha conhecimento desses casos’, acrescentou Hajjar.
Em entrevista à CNN nesta terça-feira (11), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu que não haverá atrasos na entrega de doses de vacina destinadas à imunização de crianças contra à Covid-19.
‘Tão logo a Anvisa aprovou, nós fizemos a solicitação dessas doses, de maneira que não haverá nenhum tipo de atraso em relação às entregas das doses. A indústria farmacêutica que produz essas vacinas é muito pontual nas entregas. Hoje, é o imunizante mais utilizado no Brasil, tem sido importante para a nossa campanha de vacinação. O mesmo ocorrerá em relação às crianças’, afirmou o ministro.
A Anvisa autorizou em dezembro o uso do imunizante da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos de idade no Brasil.
Redução da quarentena
Em relação à redução do tempo de quarentena para pessoas com quadros leves da Covid-19 de dez para sete dias, o ministro afirmou que a decisão foi tomada observando o que determinaram outros países, como Estados Unidos e Inglaterra.
‘Desde que o indivíduo, após sete dias, não tenha mais sintomas de febre, tenha testes negativos, ele pode sair da quarentena’, explicou Queiroga.
Sobre o acompanhamento dessas pessoas, o ministro afirmou que não é papel da pasta fiscalizar, mas sim orientar a população.
Queiroga ainda disse que o país ‘tem tido sucesso no enfrentamento à pandemia’.
‘Eu defendo muito a campanha de vacinação como a forma mais eficiente de conter o caráter pandêmico da doença’, afirmou o ministro.
Diante da vacinação, Queiroga disse esperar que a variante Ômicron eleve somente o número de casos, e não de mortes, no país.
Avanço da Ômicron
Apesar do avanço da variante Ômicron, e consequente aumento no número de casos, o ministro da Saúde afirmou que ainda será necessário ‘esperar mais um pouco para verificar o real impacto que essa variante trará sobre o nosso sistema hospitalar e, até mesmo, em óbitos, para que tenhamos um prognóstico mais definitivo’.
Queiroga ainda afirmou o Sistema Único de Saúde (SUS) está fortalecido se comparado ao início da pandemia para enfrentar a Ômicron e possíveis outras variantes do novo coronavírus.
‘Nós tínhamos 23 mil leitos de UTI. Nós temos a capacidade de ampliar rapidamente para 42 mil leitos de UTI’, disse.
Testagem
Marcelo Queiroga defendeu que o Brasil tem progredido na testagem da população para a Covid-19.
O ministro afirmou que no mês de janeiro serão distribuídos 28 milhões de testes rápidos aos estados e municípios. Até o dia 15, devem ser entregues 13 milhões de testes.
No entanto, Queiroga afirmou que o Ministério da Saúde não é o único responsável pela testagem.
‘Se nós não conseguimos fazer, até esse momento, a campanha de testagem que nós queríamos, isso não se deve somente ao Ministério da Saúde. Deve-se a uma articulação que precisa ser aprimorada, e não é só tarefa do Ministério da Saúde. É uma tarefa do Sistema Único de Saúde e sua organização tripartite’, disse.
Sobre os autotestes – que o Ministério da Saúde pretende solicitar autorização à Anvisa – Queiroga afirmou que, caso sejam aprovados, haverá recomendações para o uso e comunicação dos resultados para que tenhamos ‘o mesmo efeito do que acontece com a testagem regular’.
As festas de fim de ano trouxeram uma avalanche de novos casos de covid-19; em alguns países, isso foi agravado por complicações ou restrições ao acesso aos testes, após o alerta generalizado dos governos e autoridades de saúde para abster-se de aglomerações.
Na América Latina, antes mesmo do fim de 2021, a Argentina tinha o maior número de infecções desde o início da pandemia, registrando 42.032 casos positivos em 29 de dezembro, segundo dados do Ministério da Saúde. Logo depois, em 6 de janeiro, o país ultrapassou a marca dos 100 mil em 24 horas. Um dia depois, ultrapassou 110 mil. Enquanto isso, o Brasil vive um ‘apagão de dados oficiais’ sobre a doença desde o dia 10 de dezembro, quando o sistema do Ministério da Saúde sofreu um ataque hacker.
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O México ultrapassou os 15 mil casos diários pela primeira vez em quatro meses em 4 de janeiro. Segundo dados do Ministério da Saúde, a estimativa de casos ativos aumentou 273% de 21 de dezembro a 4 de janeiro. Quatro dias depois, o país registrou 30 mil casos, superando a marca de agosto e os picos máximos da primeira e segunda ondas.
Os níveis de testagem variam em cada país latino-americano, de acordo com suas limitações e diversidade nas estratégias de saúde. No entanto, o fator comum são os serviços médicos que voltam a ser afetados pela alta demanda em função da chegada da variante ômicron. O setor público é o mais saturado, o que afeta diretamente a população pobre.
Filas crescentes e ‘apagão de dados’ no Brasil
Os registros de casos de covid no Brasil não têm acompanhado o mundo real, que traz uma explosão de contaminação pelo vírus após as festas de fim de ano. Enquanto o país tenta sair de um ‘apagão de dados’ do governo federal, com as falhas do sistema oficial – o Conecte SUS -, laboratórios particulares e farmácias não têm dado conta de atender o salto na busca por testagem, ao passo que as filas só crescem na rede pública.
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Relatos de clientes dão conta de que laboratórios têm marcado exames com mais de oito dias de espera, e com resultados de testes com previsão de 48 horas para liberação de resultado.
‘Há uma pandemia silenciosa de ômicron no Brasil’, disse Pedro Hallal, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas a Bloomberg News. ‘Não há testes ou estatísticas oficiais suficientes para mostrar o quanto o número de pessoas infectadas está crescendo.’
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No Rio de Janeiro, a prefeitura montou sete centros de testagem e atendimentos para pessoas com sintomas gripais em pontos estratégicos da cidade para desafogar hospitais e clínicas da rede. Ainda assim, há relatos diários de filas longas e muitas horas de espera. A prefeitura de São Paulo ampliou o atendimento e a aplicação de testes rápidos em unidades básicas de saúde.
As farmácias de todo país têm enfrentado um aumento nas buscas por testes, com uma ‘explosão no número de positivos’, conforme a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
De acordo com a associação, que reúne as 26 maiores redes de farmácias do país, houve um salto de 50% no número de testagens na semana de 27 de dezembro a 2 de janeiro em comparação com a anterior. O percentual de diagnósticos do coronavírus sobre o total de atendimentos também teve um salto e foi o maior desde a implementação do serviço, em abril de 2020.
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Segundo um porta-voz da Abrafarma em resposta à Bloomberg Línea, não há informações oficiais de falta de testes, além de relatos de dificuldades de agendamento e alta demanda, algo que não era previsto para esta época. Segundo ele, não há notificação oficial de um desabastecimento ou falta total de testes.
Os sistemas de marcação de testes das farmácias não têm dado conta das tentativas dos usuários. No site da rede Pacheco, por exemplo, aparece a seguinte mensagem ao tentar agendar: ‘Devido a alta procura por agendamento de testes, nosso sistema está passando por instabilidades. Pedimos desculpas pelo transtorno e sugerimos que tente novamente mais tarde ou procure a loja mais próxima de você.’
Já a Pague Menos registrou um aumento considerável na demanda por testes de covid nas unidades da rede em todo o País. Em resposta a um pedido da Bloomberg Línea, a companhia informou que na segunda quinzena de dezembro de 2021 e nos 5 primeiros dias do mês de janeiro de 2022, houve um crescimento de mais de 200% no número de testes realizados, em relação ao mesmo período do ano anterior. Os exames são feitos apenas com agendamento prévio pelo site ou telefone e, atualmente, a espera é de 4 dias.
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Um levantamento realizado pelo Data & Analytics da Dasa, rede que representa marcas como Hospital 9 de Julho, Laboratório Bronstein, Sérgio Franco e Lavoisier, identificou aumento na taxa de positividade que passou de 18,98%, em 29 de dezembro de 2021, para 40,46%, em 5 de janeiro de 2022, com base nos exames realizados nas mais de 900 unidades ambulatoriais da rede por todo Brasil. O volume de testes de RT-PCR para covid cresceu 53,4% no mesmo período.
México: saturação no sistema público, farmácias e laboratórios
O México começou 2022 com uma dificuldade de acesso a testes gratuitos em duas instituições na Cidade do México e no Estado do México, onde foi registrado o maior acúmulo de casos ao longo da pandemia.
As pessoas se aglomeram principalmente nos centros públicos de saúde para fazer o teste, esperando por vezes até cinco horas ou mais, desde que consigam pegar uma das 50 senhas distribuídas muito antes do início do turno. Caso contrário, inicia-se uma peregrinação que pode durar até o dia seguinte.
Farmácias e laboratórios particulares não estão isentos: também há várias horas de espera para adquirir um teste rápido que custa em média em torno de US$ 13,20 e US$ 22, respectivamente. Algumas farmácias até criaram um sistema de agendamento para evitar aglomeração. Em várias tentativas de contato telefônico com uma rede privada de laboratórios, a mensagem era sempre a mesma: ‘por contingência sanitária, temos um número limitado de operadores’.
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Em meio a alta demanda, a Secretaria de Saúde da Cidade do México decidiu ampliar o horário de atendimento nos 117 postos de saúde a partir de 4 de janeiro e afirmou que reabasteceriam os suprimentos para dobrar o número de testes e chegar a 23,4 testes diários. Além disso, os módulos de teste gratuito foram reativados em oito shoppings distribuídos em diferentes pontos da cidade.
‘Na última semana, aumentamos em média 150% o número de testes gratuitos na Cidade do México. Nesta sexta-feira (7) realizamos quase 23 mil testes, em comparação aos 7 mil da semana anterior’, disse Eduardo Clark, responsável pelo setor de tecnologia na Cidade do México.
As autoridades da capital indicaram que estão analisando reativar os grandes quiosques de covid-19 nos municípios com maior índice de testes positivos e demanda, bem como utilizar autotestes de raspagem nasal.
Na Cidade do México, funcionários da saúde fazem testes de covid-19 nas farmácias (Alejandro Cegarra/Bloomberg)
Em Toluca, capital do Estado do México, região com o segundo maior número de casos, a população também luta para encontrar testes, com senhas entregues com até três dias de antecedência, segundo a agência Quadratín.
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Outras regiões também estão saturadas, segundo meios de comunicação locais: Sonora, Guanajuato, Chihuahua, Zacatecas, Tabasco, Yucatán e Quintana Roo; e cada estado tem sua própria estratégia de combate à doença.
Desde o início da pandemia, a abordagem das autoridades de saúde foi realizar um número limitado de testes, focando na vigilância de pessoas com sintomas mais graves e apontando que existem outras estratégias para controlar o vírus.
No país, são realizados 122 testes por milhão de habitantes todos os dias, segundo informações de 1º de janeiro da plataforma Our World in Data da Universidade de Oxford, que coleta dados de fontes oficiais. Nos Estados Unidos, o número chega a 3.957.
Segundo a plataforma da Iniciativa Gisaid, que promove a troca constante de dados do coronavírus, o México é o país latino-americano com mais relatos da nova variante. Argentina e Brasil seguem logo atrás.
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O presidente Andrés Manuel López Obrador nega que o país esteja passando por uma quarta onda de covid, postura também assumida pela prefeita da capital, Claudia Sheinbaum, salientando que embora as infecções estejam a aumentar, as hospitalizações e óbitos não dispararam.
Até agora, o governo não falou sobre a escassez de testes. A Bloomberg Línea solicitou ao Ministério da Saúde dados estimados sobre o estoque de testes do país, mas até a publicação desta nota não obteve resposta.
Espera de 48 horas por teste na Colômbia
As entidades de Bogotá e o governo do país, que conta com prevalência de 60% da variante ômicron, não falaram sobre escassez de testes.
Apenas as autoridades de Cali, na parte ocidental do país, fizeram uma declaração pública. Além disso, fizeram um alerta para o aumento de casos na cidade. ‘Quero informar que se esgotaram os suprimentos para a amostragem neste posto e em alguns outros pontos da cidade. Lamentamos o transtorno e estamos trabalhando para atender à comunidade’, disse Miyerlandi Torres, secretária de Saúde da cidade, em 3 de janeiro.
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Em Bogotá, pacientes fazem fila para teste de covid-19 (Ivan Valencia/Bloomberg)
Ao passo que o Ministério da Saúde afirma que a disponibilização de testes gratuitos depende das secretarias locais, estas – pelo menos em Bogotá – indicam que a responsabilidade é das Entidades Promotoras da Saúde (EPS) e das Instituições Prestadoras de Serviços de Saúde (IPS); o fato é que na capital do país, desde o final do ano passado, as pessoas precisam se aglomerar em filas que se estendem por quarteirões para obter um teste gratuito.
Os colombianos têm duas opções para fazer um teste de PCR: pontos em secretarias distritais e laboratórios privados que cobram cerca de US$ 70 por um teste de PCR ou US$ 30 por um teste de antígeno. Dessa forma, as pessoas mais pobres são as mais afetadas pela superlotação. Dois laboratórios privados confirmaram que o número de testes aumentou, mas que o aumento se deve à época de viagens e aos requisitos de saída e entrada em outros países.
A Bloomberg Línea soube do caso de Alexandra e Mario, um casal de Bogotá com dor de cabeça e mal-estar, que ficaram dois dias na fila para fazer o teste, porém, após várias horas de espera, foram informados de que estavam esgotados. Em 48 horas foram a vários pontos da cidade, andando de táxi e transporte público, até conseguirem aceder ao teste: deram positivo e perguntam-se quantas pessoas infectaram na empreitada.
O governo havia declarado em setembro passado que a meta era realizar 50 mil testes por dia. Em dezembro, a média era de 50 mil, mas em 5 e 6 de janeiro, esse número chegou a 100 mil.
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Com o pico de infecções e a alta demanda, no dia 7 de janeiro o Ministério da Saúde decidiu priorizar os testes para pessoas do grupo de risco e sintomáticos.
Sigilo sobre testes na Venezuela
Desde que o governo de Nicolás Maduro fez o anúncio oficial do primeiro caso de Covid-19 registado em março de 2020, os testes de PCR ficaram a cargo exclusivamente do Estado.
O laboratório do Instituto Nacional de Higiene Rafael Rangel (INHRR) foi o único autorizado a realizar testes, até julho daquele ano, quando o partido no poder também autorizou o Instituto Venezuelano de Pesquisas Científicas (IVIC) para esse fim, em meio aos alertas que especialistas e universidades fizeram sobre os números irreais de infecções, que eles atribuíram à centralização dos testes.
Até o final de 2020, alguns laboratórios privados em Caracas já ofereciam testes rápidos e moleculares para detectar o vírus.
Profissionais da saúde realizam teste de coronavírus em um paciente no Centro de Diagnóstico Integral (CDI) em Caracas. (Foto do arquivo). (Matias Delacroix/Bloomberg)
O custo aproximado de cada teste de PCR, cujos resultados eram entregues em 24 horas, era de até US$ 80. Apesar de não haver respaldo do uso desses testes de maneira geral, eles foram aceitos no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, assim como aqueles que o INHRR continuou aplicando, especificamente para viajantes de forma gratuita. Em agosto de 2021 eles foram suspensos.
Após o processo de descentralização, as reclamações sobre a impossibilidade de acesso aos PCRs no país diminuíram. A população que não teve acesso aos exames pagos foi solicitada a se dirigir diretamente ao hospital de campanha instalado pelo governo Maduro no Poliedro de Caracas ou a alguns Centros de Diagnóstico Integral (CDI), que existiam apenas naquela cidade.
Mesmo assim, o sigilo sobre o número de testes diários foi mantido e desde abril de 2021, o Ministério da Saúde deixou de informar expressamente esses dados, segundo os Médicos Unidos pela Venezuela, que até maio registrava cerca de 2.000 testes diários.
Flor Pujol, virologista do IVIC, indicou que o país conta com testes PCR e descartou a falta de reagentes, embora possa haver falta de viroculturas. Pujol também apontou que, embora o número de testes e casos tenha diminuído, isso pode mudar com a chegada da variante ômicron.
Tentativa de evitar o colapso na Argentina
A preocupação das autoridades sanitárias argentinas hoje não são os registros de óbitos e internações, mas o aumento de resultados positivos nos testes, que nos últimos dias foi superior a 50%. Ou seja, uma em cada duas pessoas testadas – a porcentagem é um pouco maior – dá positivo. Isso produziu um colapso nos centros de teste. E isso levou o Ministério da Saúde Nacional, juntamente com o Conselho Federal de Saúde, a criar novas diretrizes para solucionar esse novo conflito.
O governo informou em 6 de janeiro que os contatos diretos não farão teste de swab nasal, apresentando ou não sintomas. Essas pessoas, por outro lado, terão que se isolar por cinco dias.
‘Não é estritamente necessário realizar um teste para confirmar o diagnóstico, pois, diante de uma circulação viral tão alta, a confirmação pode ser estabelecida por nexo clínico e epidemiológico’, disse Carla Vizzotti, ministra da Saúde, acrescentando que ‘caso a pessoa tenha tido contato próximo com um caso confirmado, mas não apresente sintomas, deve realizar o isolamento correspondente, mas não é indicada a testagem’.
Uma profissional de saúde administra um teste de Covid-19 em uma colega em Buenos Aires. (Foto do arquivo) (Anita Pouchard Serra/Bloomberg)
Dado o pico de demanda por swabs e o registro de infecções, a Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat) aprovou na primeira semana do mês a venda exclusiva em farmácias dos quatro kits de autoteste de coronavírus. São eles: Panbio COVID-19 Antigen Self-Test, SARS-CoV-2 Antigen Self Test Nasal, SARS-CoV-2 Antigen Rapid Test, WL Check SARS-CoV-2. O preço varia entre 2.000 e 2.500 pesos argentinos.
Nicolás Kreplak, Ministro da Saúde da província de Buenos Aires, assegurou que ‘qualquer procedimento diagnóstico ou medicamento de uso livre tem uma particularidade: são segmentados entre os que têm acesso e condições financeiras e os que não têm, o que implica em não se ter controle preciso sobre eles’.
A Confederação de Bioquímicos Argentinos criticou a aplicação dos kits de autoteste, considerando-os inconvenientes porque ‘são indicativos apenas e não têm valor diagnóstico’. ‘Eles não garantem a cadeia de rastreabilidade, a confiabilidade do resultado ou o relatório epidemiológico correspondente’, acrescentaram.
Testes só com agendamento prévio no Equador
Desde 4 de janeiro, o sistema público de saúde do Equador só realiza testes de covid com receita médica.
A ministra da pasta da saúde, Ximena Garzón, anunciou a medida devido a uma demanda excessiva por testes gratuitos em todo o país. Na esfera privada não há tal restrição e os testes continuam sendo realizados normalmente. No entanto, os laboratórios estão saturados e apesar de terem material disponível, os resultados são entregues mais tarde do que o normal.
Garzón garante que o excesso de demanda por PCR e testes de antígenos causou ‘estresse no sistema de saúde’, apesar de existirem 1.343 centros de amostragem e processamento gratuitos em todo o país.
‘Os testes e consultas no sistema público vão continuar a ser gratuitos, embora não queiramos que os testes sejam desperdiçados devido à escassez que existe’, disse em uma coletiva de imprensa. Atualmente, o país conta com cerca de 250.000 testes de antígenos e outros 80.000 PCRs. Um valor que o Ministro considera suficiente para a vigilância epidemiológica.
Compras no Peru
No Peru também se veem longas filas para a realização de exames gratuitos fornecidos pelo Estado e há queixas generalizadas porque não são suficientes para todas as pessoas que os requerem. No entanto, o Governo Nacional não fala em escassez.
Cevallos disse ter mais de 1,2 milhão de testes de reserva disponíveis e que existe a possibilidade de fazer novas compras para evitar problemas no País. Em 2021 foram gastos mais de 83 milhões de soles porque os testes eram mais caros. Neste momento compramos 2,8 milhões de testes a um preço mais baixo, felizmente’, disse.
‘O Conselho de Ministros discutiu sobre a possibilidade do Ministério da Economia disponibilizar o valor exato do orçamento necessário para contratar mais pessoal e superar o número de 10.000 testes diários realizados pelo INS, para nos aproximar de valores muito mais elevados, que é o que necessitamos. Serão feitos acordos com universidades e com o setor privado’, ressaltou.
Alta demanda em duas regiões do Chile
O Chile diminuiu significativamente os casos de Covid-19 depois de vacinar massivamente a maioria de sua população-alvo e realizar milhões de testes para detectar o vírus.
De acordo com o Ministério da Saúde, um total de 27.738.019 testes foram analisados em todo o país ao longo da pandemia. Em 6 de janeiro, registrou o maior número de infecções nos últimos seis meses. Um dia depois, apresentou o maior número em dois meses com 3.799 casos diários, com 74.482 exames que resultaram em positividade de 4,75%.
O ministro da Saúde, Enrique Paris, disse que o Chile se preparou, reforçando sua estratégia de Testagem, Rastreabilidade e Isolamento (TTA), que se traduz em: capacidade de testagem, disponibilidade de leitos nos centros de saúde e ‘grande parte da população-alvo já vacinada’.
Enquanto isso, nas regiões chilenas de Tarapacá e Biobío tem havido uma grande demanda por testes de PCR, segundo o jornal El Mercurio. Na primeira, observa-se uma espera de até quatro horas nos pontos de Busca Ativa de Casos (BAC).
O secretário regional de Tarapacá pediu que a população tenha paciência e retorne no dia seguinte, em caso de não atingir a cota, informou a mídia, enquanto seu parceiro de Biobío pediu testes para viajantes tanto na ida quanto na volta, no auge da temporada de verão.
Começou na segunda-feira (10) a aplicação de uma quarta dose da vacina contra a covid-19 para pessoas imunocomprometidas.
Antiviral – A Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) informou, nesta terça-feira (11), que recebeu do Ministério da Saúde o medicamento antiviral utilizado no tratamento contra o vírus Influenza. O remédio Oseltamivir estava em falta em algumas farmácias do Brasil devido à epidemia de gripe, como é o caso de São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco e em Campinas.
A substância da medicação Tamiflu (fosfato de oseltamivir) reduz a multiplicação do vírus da gripe e Influenzas A e B. O remédio é prescrito para pacientes que apresentam Síndrome Gripal (SG) ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). É utilizado nas 48h após os primeiros sintomas de infecção.
Este medicamento estava em falta em todo o Brasil depois que foram registrados casos de H3N2 em quase todos os estados brasileiros. De acordo com o Superintendente de Atenção à Saúde e Municípios, Herlon Guimarães, o Oseltamivir será destinado apenas aos pacientes do Piauí que estão internados com Influenza de forma grave.
‘Estamos abastecidos com o medicamento, mas existe um protocolo que deve ser utilizado pelos nossos profissionais de saúde quanto ao uso do remédio. Nem todos os pacientes podem receber o Tamiflu. Ele será destinado apenas àqueles que estão internados e de maneira mais grave’, explica Herlon.
‘Estamos abastecidos com o medicamento, mas existe um protocolo que deve ser utilizado pelos nossos profissionais de saúde quanto ao uso do remédio. Nem todos os pacientes podem receber o Tamiflu. Ele será destinado apenas àqueles que estão internados e de maneira mais grave’, explica Herlon.
O Protocolo de Tratamento da Influenza, de acordo com o Ministério da Saúde, prevê o uso dos medicamentos antivirais onde apresentam de 70% a 90% de efetividade na prevenção da virose. É importante frisar que esse tratamento serve como auxílio para vacinação, não dispensando a imunização.
Entretanto, o procedimento de quimioprofilaxia indiscriminada não é recomendável, pois pode promover o aparecimento de resistência viral. Ou seja, segundo o infectologista Carlos Henrique Nery, apesar de ser um remédio para prevenir a infecção, só pode ser consumido sob prescrição médica.
“O Tamiflu é tanto um tratamento quanto uma medida de prevenção da doença. No entanto, isso se aplica a casos especiais, muito graves, por exemplo, só os profissionais de saúde poderão indicar a medicação necessária. Cada caso é um caso”, explicou o infectologista.
“O Tamiflu é tanto um tratamento quanto uma medida de prevenção da doença. No entanto, isso se aplica a casos especiais, muito graves, por exemplo, só os profissionais de saúde poderão indicar a medicação necessária. Cada caso é um caso”, explicou o infectologista.
A quimioprofilaxia com antiviral não é recomendada se o período após a última exposição a uma pessoa com infecção pelo vírus for maior que 48 horas. Para que a quimioprofilaxia seja efetiva, o antiviral deve ser administrado durante a potencial exposição à pessoa com influenza e continuar conforme orientações de quimioprofilaxia estabelecido em protocolo.
Mortes – A Bahia é o segundo estado com mais óbitos por Covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos de idade, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen).
Os números contabilizados fazem parte do Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados que reúne as informações de nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos 7.663 Cartórios brasileiros.
De acordo com a Arpen, a Bahia registrou 30 mortes de crianças entre 5 e 11 anos no período de março de 2020 e a primeira semana de janeiro de 2022. No mês passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina da Pfizer contra Covid-19 em crianças da faixa etária.
São Paulo foi o estado com mais óbitos de crianças nesta faixa etária por Covid-19: 22,8%. O estado foi seguido por Bahia (9,3%), Ceará (6,8%), Minas Gerais (6,5%), Paraná (6,2%), Rio de Janeiro (5,9%) e Rio Grande do Sul (4%).
Amapá, Mato Grosso e Tocantins foram as unidades que registraram o menor número de óbitos na faixa etária.
Mortes na Bahia
O levantamento mostra ainda que as crianças mais afetadas pela doença foram aquelas de 9 anos, com nove mortes registradas, seguida pelas que tinham 5 anos, com sete registros, e pelas de 10 anos, com cinco óbitos registrados.
Crianças de 6 e 7 anos totalizaram três óbitos, as de 8, uma, e as de 11, duas mortes.
A base de dados registrou ainda que 35 crianças de 5 a 11 anos morreram por AVC, 11 por choque cardiogênico e nove por morte súbita.
O ano de 2021 foi aquele que registrou o maior número de mortes em que a causa da morte consta como Covid-19 (17), enquanto que em 2020 foram 13.
Na primeira semana de janeiro de 2022 não foram contabilizados óbitos por Covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos, embora os Cartórios de Registro Civil tenham o prazo legal de até 10 dias para enviar os dados ao Portal da Transparência do Registro Civil.
‘Os dados obtidos pelo Portal da Transparência do Registro Civil nos mostram que, em 2021, ocorreu um aumento de mortes por Covid-19 em nosso estado. Um número não tão elevado em comparação ao ano anterior, mas ainda assim expressivo”, disse o presidente da Arpen/BA, Daniel Sampaio.
O presidente acredita que a vacinação tem evitado o aumento no número de mortes pela doença.
A Arpen contabilizou todas mortes por causas naturais na Bahia, na faixa etária entre 5 e 11 anos, e registrou 404 óbitos, sendo 195 em 2020 e 209 em 2021.
Dentre as causas de mortes segmentadas pelo portal, septicemia foi a causa de 56 mortes, pneumonia (38), insuficiência respiratória (37), AVC (35), e Covid-19 (30).
O órgão constatou outras 181 mortes, que reúnem várias doenças não segmentadas no Portal.
A Pense Farma conta agora com Alan Andrade para atuar na gerência comercial e de compras. A rede mantém 26 lojas distribuídas pela capital paulista e pela Região Metropolitana de São Paulo, incluindo uma megastore ao lado do Terminal Rodoviário de Cotia.
O executivo chega à empresa após uma passagem de pouco mais de dois anos pela Rede de Distribuição Zeferino, onde era gerente no mesmo setor. Com cerca de 30 anos de experiência, já atuou em grandes nomes do canal farma, entre os quais a SantaCruz Distribuidora, e também em importantes players do varejo, como o Carrefour. É formado em marketing pela Universidade Cidade de São Paulo.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), informou em live nesta terça-feira (11) que 736 mil crianças aptas a tomar a vacina contra Covid-19 ainda não foram cadastradas no estado. Ele informou que o público desta faixa etária representa cerca de 904 mil indivíduos, mas apenas 168 mil constam no Saúde Digital, plataforma do governo estadual.
O Ceará aprovou a vacinação do público entre cinco e 11 anos sem receita médica no último dia 4 de janeiro. E a previsão de início da imunização desta faixa etária é a partir da semana que vem, com o envio das doses do Ministério da Saúde, previsto para ocorrer entre os dias 15 e 17 de janeiro. O cadastro é obrigatório no Ceará para receber a vacina.
‘No dia 14 deverão chegar as primeiras doses de vacina pediátrica contra Covid-19, as doses indicadas para as crianças. Eu já cadastrei meus dois filhos que estão nessa faixa etária, o Pedro, de 11, e a Luiza, de 9 anos. Faça o cadastro também, no site , sem a necessidade de um atestado médico’, declarou Camilo.
O governador lembrou que o período letivo de 2022 está próximo do início. ‘Estamos em um momento muito importante, próximo do retorno às aulas, e esperamos que todos possam retornar com segurança para a sala de aula em 2022. Essa vacina é segura, testada e aprovada com vacinação em andamento no mundo inteiro, e pelos principais órgãos de saúde dos respectivos países, da Organização Mundial da Saúde (OMS)’, reforçou o governador.
‘Aqui no Brasil a Anvisa já liberou seu uso há 30 dias, e estamos seguindo as orientações científicas para proteger as nossas crianças, e a todos, para que silenciosamente não se passe a doença aos idosos ou para a nossa família’, complementou Camilo.
O chefe do Executivo estadual criticou o que ele considera como uma onda de negacionismo. ‘Negaram a pandemia, negaram as vacinas, eles sempre estão contrários à ciência e ao que dizem os especialistas. Aqui cuidamos e protegemos as pessoas, sem questões ideológicas, partidárias ou políticas. Todas as nossas medidas, mesmo sendo criticadas por uma minoria, são para proteger irmãos e irmãs cearenses. Vamos continuar seguindo as orientações médicas, mantendo a prevenção e os cuidados’, disse o governador.
O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, deu nesta terça-feira (11) uma entrevista exclusiva para Andreia Sadi, da GloboNews. Na quinta-feira (6), depois que a Anvisa aprovou a vacinação de crianças acima de 5 anos, o presidente Jair Bolsonaro minimizou o número de mortes por Covid na infância. Mas, segundo o próprio Ministério da Saúde, foram mais de 300 na pandemia. E o presidente ainda pôs em dúvida a honestidade dos profissionais da agência.
No sábado (8), Barra Torres respondeu publicamente. Cobrou de Bolsonaro que determinasse uma investigação policial imediata – ou que se retratasse.
Na segunda-feira (10), o presidente disse que a resposta de Barra Torres tinha sido agressiva e negou que tivesse feito acusações. Mas, na mesma entrevista, voltou a atacar a Anvisa. Bolsonaro disse o seguinte: ‘que tem alguma coisa acontecendo, isso não há a menor dúvida que tem acontecendo’.
Na entrevista desta terça-feira (11) à GloboNews, Antonio Barra Torres diz que seria melhor enfrentar a pandemia com o apoio do presidente Bolsonaro à vacinação.
Barra Torres: ‘A adesão voluntária da população à vacinação é patente, a população expressivamente aderiu à primeira dose, segunda dose. Há de se trabalhar para a dose de reforço. E essa vacinação é feita pelo gestor do PNI, que é o Ministério da Saúde. Então, de fato, quando a gente vê algum posicionamento do presidente que se contrapõe ao que o próprio governo dele está fazendo, porque é o que está fazendo, isso é fato simples e claro. Quem está vacinando é o ministério. Então, eu vejo ali que seria tão bom se essas duas forças, a força da vacinação brasileira, que é maciça… Três forças perdão, a adesão da população que é tradição nossa, conquistada ao longo de décadas, e se houvesse também uma sinalização mais clara no sentido de que isso é importante e que a gente consegue sair dessa crise assim, sem dúvida nenhuma seria muito melhor, seria muito bom’.
Entre as críticas à Anvisa, o presidente Bolsonaro insinuou que haveria algum tipo de intenção por trás da aprovação da vacina contra Covid para crianças. Barra Torres disse que as relações institucionais entre a Anvisa e a Presidência da República não podem ser afetadas, e rebateu a acusação do presidente.
Barra Torres: ‘O que importa para a nossa população, para o cidadão que está tentando sobreviver em meio a toda essa situação de adversidade? É que os gestores continuem trabalhando em prol desse mesmo cidadão. Tendo, uns pelos outros, a relação que nunca pode ser arranhada que é a relação funcional. Qual a missão da Anvisa? Se um fabricante protocola para análise um dossiê de uma medicação, de uma vacina, ele inclusive paga uma taxa – há uma arrecadação -, e ele protocola um dossiê, a nós não resta nada a fazer que não dar segmento à análise. Essa análise, quando terminar, nós temos que dar um resultado. Esta vacina atingiu os níveis que tem que atingir? Ela está consoante aos protocolos praticados no mundo, ela está no estado da arte para esse produto? Sim ou não? Está? Ela está aprovada. Então, não é razoável, não é justo dizer que a Anvisa está com algum tipo de intenção. A Anvisa não tem intenção, não tem opinião. A Anvisa decide e oferece o resultado da decisão ao ministério, que escolhe’.
Andrea Sadi também questionou Barra Torres sobre as ameaças que servidores e diretores da Anvisa têm recebendo. Ele disse que o número de ameaças aumentou depois que o presidente Bolsonaro usou as redes sociais para ameaçar divulgar nomes dos responsáveis pela aprovação da vacina infantil contra Covid. Barra Torres disse que a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República estão agindo no caso.
Barra Torres: O que ocorre é que esse número todo que você fala, que é um número significativo, ele vem depois da fala do presidente que gostaria de ter a lista de nomes para que as pessoas formassem o seu juízo. No dia seguinte, chegaram 120 ameaças aqui, aproximadamente. O fato é que foi uma situação muito grave, porque quando esse tipo de força é colocado em marcha, ninguém consegue prever o que vai acontecer. Isso quando nós falamos das pessoas donas de suas faculdades mentais. Nós temos as pessoas mentalmente debilitadas, que são capazes de atos violentos. Isso teve impacto muito negativo, gerou impacto na nossa coletividade muito ruim, que já tem muito trabalho a fazer e ainda ter que se preocupar com olhar sobre os outros? Me parece algo completamente desprovido de razoabilidade, de qualquer cabimento, e soma uma dificuldade imensa ao trabalho da instituição, ao trabalho da agência’.
A entrevista completa de Antonio Barra Torres ao programa ‘Em Foco com Andreia Sadi’, vai nesta quarta-feira (12), na GloboNews, às 23h30.
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Após o IPCA ter registrado alta de 10,06% em 2021, muito acima do teto da meta de 5,25% para o ano passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alegou em carta aberta ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que as projeções do órgão apontam para uma queda na inflação já no começo de 2022, chegando a dezembro em um patamar “significativamente” inferior ao de 2021.
No documento, Campos Neto cita as projeções do Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, de um IPCA de 4,7% em 2022, 3,2% em 2023 e 2,6% em 2024. Apenas neste ano, a queda projetada pelo BC na inflação é de 5,4 pontos porcentuais. Para 2022, o centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,50%, com tolerância de 1,5 p.p. (2,00% a 5,00%).
“O cenário é de convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante. Nesse cenário, em 2022, a inflação ainda se mantém superior à meta, embora dentro do intervalo de tolerância, em virtude dos efeitos inerciais da inflação de 2021. Esses efeitos são contrabalançados pela política monetária, embora não de forma integral, em virtude das diferenças temporais entre os impactos inerciais dos choques, de prazo mais curto, e os efeitos da política monetária, mais concentrados no médio prazo”, argumenta o presidente do BC na carta.
Campos Neto repete ainda no documento o comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que elevou a Selic para 9,25% ao ano em dezembro, destacando ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista. Ele também mantém a sinalização de um novo aumento de 1,5 p.p. na reunião de fevereiro, para 10,75% ao ano. “O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repete a carta.
A carta aberta é uma exigência do sistema de metas, quando a inflação fica fora do intervalo de tolerância, para explicar as razões do descumprimento e indicar providências para o retorno à meta, assim como o prazo para que isso ocorra.