Das 562 milhões de doses de vacinas contra a Covid para este ano, anunciadas pelo ministro Eduardo Pazuello (Saúde), 37% desse total ainda consta apenas como intenção de compra ou enfrenta outros impasses, como a falta de aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que possam ser aplicadas. O volume representa mais vacinas que brasileiros e, na prática, das 562 milhões de doses, 140 milhões ainda precisam resolver pendências de contrato.
Entram nesse grupo 110 milhões de doses de vacinas previstas pela Fiocruz para serem produzidas no Brasil no segundo semestre e 30 milhões do Butantan, as quais constam ainda apenas como intenção de compra pelo ministério. Representantes dos laboratórios dizem esperar que os contratos sejam fechados, mas admitem que o cenário traz incertezas, sobretudo no caso do Butantan, que já teve impasses com a pasta nos últimos meses.
Há ainda outros 68 milhões de doses de vacinas que precisam passar por aval da Anvisa para serem ofertadas no país. Estão nessa situação imunizantes de três laboratórios: União Química, que prevê entregar 10 milhões de doses importadas da vacina russa Sputnik V a partir de abril; Precisa Medicamentos, que prevê 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin; e Janssen, que fechou acordo para fornecer 38 milhões de doses.
Somados esses dois impasses, são ao menos 208 milhões de doses, ou seja, 4 em cada 10 previstas pelo ministério que, embora tenham sinalização de entrega, ainda têm pendências a serem resolvidas para que a distribuição se efetive.
Desafios
O cálculo reflete apenas parte dos desafios para o acesso às vacinas. Outros fatores, como possíveis atrasos na obtenção de insumos e incertezas sobre o plano de entrega, podem ainda alterar o cronograma ao longo deste ano. É o caso de 8 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca previstas para serem importadas da Índia pela Fiocruz. Nos últimos meses, o governo alterou ao menos duas vezes a previsão de entrega dessas doses.
A data, agora, é entre abril e julho, mas membros da Fiocruz admitem que ela ainda precisa ser confirmada. ‘Recebemos comunicação [do Serum Institute, que enviaria as doses] de que não estão conseguindo cumprir compromissos externos, e o governo da Índia deu uma segurada nessas importações. Mas também tivemos informação de que enviarão novo cronograma em abril. Esperamos ter uma boa notícia em um futuro próximo’, afirma o vice-presidente de produção e inovação da Fiocruz, Marco Krieger.
Também está pendente o plano de entrega de 33 milhões de doses da Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial de Saúde que prevê, em acordo com o Brasil, 42,5 milhões de doses em 2021. Em meio às incertezas, a possibilidade de ajustes no cronograma tem sido citada pelo Ministério da Saúde.
Oferta
Nos últimos dias, o ministério também tem feito vários ajustes e reduções no volume de doses previsto para março. Laboratórios ouvidos pela Folha de S.Paulo dizem que a oferta tem sido regularizada, mas admitem possibilidade de mudanças nos próximos meses. Em abril, por exemplo, cronograma da Saúde aponta 30 milhões de doses da Fiocruz, já a fundação prevê 21 milhões. A redução ainda é reflexo do atraso no início da produção e liberação dos lotes, que passam por controles de qualidade. ‘Em abril tem uma liberação ainda um pouco menor, mas em maio vamos produzir na mesma escala em que estamos liberando’, afirma Krieger. A fundação deve receber o restante dos insumos previstos para produção nos próximos dois meses. ‘É ainda um ponto de atenção, mas estamos mais confortáveis.’ Segundo Krieger, a Fiocruz já deu os primeiros passos para fabricar os insumos no Brasil, o que deve evitar impasses no futuro e assegurar doses 100% nacionais.
Butantan
Avaliação diferente tem membros do Butantan, segundo os quais a confirmação dependerá dos critérios para o novo acordo nos próximos meses. Em nota, o instituto diz que já entregou ao ministério 22,6 milhões de doses e que trabalha para cumprir os contratos já firmados até o fim de agosto. Segundo o laboratório, um novo carregamento de insumos, correspondente a 6 milhões de doses, deve chegar neste mês. Com isso, o Butantan cumpriria uma primeira etapa do seu contrato, de 46 milhões. Já a segunda (54 milhões) ‘está condicionada ao recebimento de novas remessas [de insumos]’, aponta.
Com demanda crescente e cada vez mais elevada, em decorrência do avanço da pandemia da Covid-19 no Brasil, insumos hospitalares, como medicamentos e itens básicos de proteção (luvas e máscaras), tiveram altas de preços no mercado farmacêutico que ultrapassam 1.000% em alguns casos.
A elevação atinge, principalmente, anestésicos e relaxantes musculares que são utilizados para sedar e intubar pacientes nas unidades de terapia intensiva (UTIs). Todos, essenciais nos protocolos e planos de contingência do tratamento de casos graves da Covid-19.
Em um ano de pandemia, com a grande quantidade de pacientes e necessidade cada vez maior de UTIs, indústrias e laboratórios viram a procura por esses insumos crescer exponencialmente, numa escala acima do que era comumente ofertado no mercado brasileiro.
O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), desenvolvido mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a plataforma Bionexo atesta um aumento médio dos grupos de relaxantes e anestésicos, durante 2020, de 38,36% e 48,88%, respectivamente.
Numa análise mais específica, surgem exemplos com aumentos mais acentuados. O rocurônio, que é usado para facilitar a intubação, custava em torno de R$ 16 antes da pandemia, de acordo com o setor de compras da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg). Hoje, o preço gira em torno de R$ 160. Ou seja, 900% a mais.
Esse valor de R$ 160, no entanto, explica a farmacêutica da Associação, Ana Valéria Miranda, só é praticado em relações comerciais já estabelecidas e com contratos antigos. Se chegar hoje para comprar o rocurônio e iniciar do zero uma relação comercial, o valor, segundo ela, chega a ser até 3.000% além do que era cobrado um ano atrás.
Midazolan
Outro medicamento sensível e que integra os protocolos de atendimento nas UTIs é o midazolam. Também um relaxante muscular, ele sofreu aumento significativo do valor, durante a pandemia.
Em análise de planilhas de custos de hospitais, o Metrópoles encontrou uma variação do preço unitário que chega a ser de 764%, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021. Uma unidade de 10 ml que valia R$ 2,02 subiu para R$ 17,45.
Em média, no decorrer do ano, segundo a Ahpaceg, o aumento do valor do midazolan foi de 500% na indústria, chegando a 900% na aquisição feita diretamente com laboratórios.
O midazolam e o rocurônio aparecem em lista da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), divulgada na quinta-feira (18/3), que relaciona medicamentos que já estão em falta no Brasil e com reservas próximas de acabar.
Em Goiás, hospitais têm estoque só para esta semana
Os dois relaxantes musculares estão no centro de uma questão que mobilizou associações e entidades hospitalares, na última semana, em alerta feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A iminente falta deles nos estoques dos hospitais preocupa a categoria.
Em Goiânia, a Ahpaceg informa que algumas unidades hospitalares têm rocurônio suficiente apenas para o início desta semana. ‘Sem ele, tem que se regredir ao método do plano de contingência que era praticado 20 anos atrás. Vai ter que fazer uso de outros medicamentos para induzir pacientes ao estado de relaxamento’, explica Ana Valéria.
Ela conta que existia a previsão de chegada de uma carga de importação do rocurônio no Brasil, há duas semanas, o que não ocorreu. Hoje, diante do contexto, não se sabe quando chegará, tampouco se a quantidade será suficiente para distribuir entre todos que necessitam e estão no aguardo.
Com as UTIs abarrotadas de pacientes em vários estados do país e a transmissão da Covid-19 que segue em curva crescente, a situação torna-se ainda mais preocupante pelo o que virá daqui para frente.
Além do rocurônio e do midazolan, estão em falta, ainda, o cisatracúrio, que teve variação de preço verificada pelo Metrópoles de 300% em um ano; o tracrium; a heparina, que é anticoagulante; o atracúrio; propofol, também com variação de preço de 300%; e a fentanila.
Luvas para procedimento registraram aumento de 1.400%
Entre os equipamentos de proteção, as luvas utilizadas em procedimentos são as que registram maior variação de preço. Uma caixa com 50 unidades que custava R$ 6 nos meses anteriores à pandemia é vendida hoje aos hospitais por um preço que chega a até R$ 90, ou seja, um aumento de 1.400%.
Na busca feita pelo Metrópoles nas planilhas de custo de alguns hospitais públicos de Goiás, foram encontrados exemplos de elevação do valor unitário acima dos 440%. Uma caixa com 100 unidades que custava R$ 13,80, em fevereiro de 2020, foi vendida em fevereiro deste ano por R$ 75.
Variação semelhante atingiu as máscaras de proteção. No início deste mês, a Anahp divulgou nota com informações de pesquisa feita com hospitais de todo o Brasil. O aumento médio do valor da máscara N95 foi de 581%. e da máscara cirúrgica. de 569%.
Outro insumo em falta e que teve variação sensível do preço, segundo o setor de compras da Ahpaceg, foi o cateter de alto fluxo. Ele é utilizado em circuito com outros equipamentos para retardar ou evitar a intubação do paciente. O aumento do valor, segundo a farmacêutica Ana Valéria Miranda, oscila de 500% a 1.000%, de acordo com a marca.
Situação assusta pela imprevisibilidade da pandemia
Acostumados a trabalhar com dados e demanda média ao longo dos meses, os hospitais estão diante de um cenário que varia conforme e imprevisibilidade da pandemia da Covid-19. E isso torna impossível fazer previsões sobre a quantidade de insumos que serão necessários em futuro próximo.
‘Nós tínhamos antes uma noção de quantidade de procedimentos e de cirurgias. A gente tinha uma programação. Hoje não conseguimos prever. Agora temos X pacientes. Amanhã podemos ter X+20, X+30’, explica a farmacêutica da Ahpaceg.
Outro fator agravante é a mudança do comportamento do vírus e, ao mesmo tempo, da gravidade dos pacientes. Além do acometimento de pessoas mais jovens, o tempo médio de internação em UTIs subiu nos hospitais particulares de Goiás.
Na primeira onda, vivenciada em 2020, a internação durava uma média de cinco a sete dias. Neste ano, a ocupação de um leito de UTI por um paciente grave com Covid-19 tem sido de 14 a 15 dias, em média. Alguns chegam a ficar até 45 dias. Tudo isso eleva a necessidade de insumos.
Máscaras PFF2 – Especialistas recomendam máscaras filtrantes contra as variantes da Covid-19 e páginas nas redes sociais pedem proteção mais acessível para a população
A piora acentuada nos índices de contaminação e mortes por Covid-19 no país durante a segunda onda da pandemia levou a um aumento na procura por novas formas de proteção. As tendências de buscas do ‘Google Trends’ mostram um pico de pesquisa dos termos “máscara N95” e “máscara PFF2” entre o final de fevereiro e as primeiras duas semanas de março.
As duas nomenclaturas se referem ao mesmo produto, como explica a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo. O termo PFF2 (Peça Facial Filtrante) é utilizado pelos órgãos reguladores no Brasil para descrever os equipamentos de proteção com filtragem superior a 95% – é a N95, nomeada assim pelas agências norte-americanas e europeias.
As tendências da internet refletiram em procura por esses produtos nas distribuidoras, como conta Renato Joiozo, gerente de novos negócios da Descarpack, uma das maiores produtoras e distribuidoras de material cirúrgico e descartável do país.
‘A maior procura por PFF2 foi nos últimos 30 dias’, conta Joiozo. Desde o início da pandemia, a empresa viu a demanda por esse tipo de máscara disparar e, por isso, quadruplicou a produção. ‘A máscara correta, que vai evitar que você se contamine, é a PFF2. As pessoas, de uma forma geral, têm se conscientizado um pouco mais e isso aumenta a demanda por esse material. Nós aumentamos a capacidade de produção para atender a esse volume.’
Segundo o gerente de novos negócios, o aumento da produção quase não é suficiente para atender à procura, que faz com que o estoque opere em níveis muito baixos desde o início da pandemia. Apesar da busca crescente por seus produtos, a empresa afirma que a penetração entre os consumidores finais ainda é baixa.
Não é o caso da Hospitalar Distribuidora, empresa localizada em Presidente Prudente. Rafael Araújo, farmacêutico e gerente de vendas, notou um aumento importante das vendas de máscaras filtrantes especialmente entre pessoas físicas, um público que não estava acostumado a atender. ‘Antigamente quase ninguém tinha necessidade de usar essa máscara.’
Assim como a Descarpack, a Hospitalar Distribuidora opera há mais de um ano com poucos produtos no estoque. Segundo Araújo, durante os primeiros meses da pandemia houve queda acentuada na distribuição de máscaras PFF2/N95, o que gerou escassez e um rápido desabastecimento. Porém, este não é o cenário atual.
‘Não há indício de desabastecimento. Muitas indústrias foram criadas para atender à demanda nacional. Antes, boa parte do material vinha da China, mas hoje só utilizamos fornecedores nacionais. Temos, em média, 20 fornecedores’, afirma. “No início da pandemia houve um período curto de desabastecimento, mas foi rapidamente suprido. O problema é que foi suprido com um preço muito mais alto”. Uma N95 confiável custa entre R$15 e R$40.
Nas redes
A epidemiologista Ethel Maciel afirma que as particularidades protetivas das máscaras PFF2/N95 justificam o aumento da procura por esses produtos. Segundo a pesquisadora, a alta demanda é válida e deveria ser estimulada para proteger a população.
‘O governo poderia baixar os impostos dessa máscara ou distribuir no Sistema Único de Saúde (SUS) para que todos possam ter acesso. Nossa luta tem de ser essa: máscaras filtrantes no SUS, para toda a população, principalmente para a população que precisa andar no transporte coletivo’, diz a cientista. “É importante estimular o uso porque essa máscara é muito eficiente e protege, inclusive, contra as novas variantes. A recomendação é de que todos deveriam usar.’
A defesa que a infectologista faz da distribuição de máscaras no SUS tem ganhado projeção nas redes sociais com algumas iniciativas independentes que visam a democratização do acesso às máscaras filtrantes para conter o avanço da pandemia no país.
Perfis como ”PFF para todos” e “Estoques PFF – máscaras melhores para todos” fazem campanhas ativas de mobilização na internet, com o objetivo de pressionar o poder público pela distribuição dos equipamentos de proteção facial.
Há ainda iniciativas como a “Qual máscara?”, que utiliza as redes sociais para informar e atualizar, com base em evidências científicas, a melhor forma de se proteger contra a Covid-19; e o “Guaxinim Facial Filtrante” que utiliza do humor para arrecadar recursos que são revertidos em compra e doação de equipamentos de proteção individual (EPI) aos profissionais da saúde e demais trabalhadores.
Em entrevista à CNN, o programador e administrador do site PFF para Todos, Bruno Carvalho, concorda que esse tipo de proteção deve estar mais acessível com o agravamento a pandemia no país.
“Queríamos ajudar as pessoas a conseguirem acesso às PFFs para que elas pudessem se proteger de uma maneria mais eficaz do que a que nós estávamos conseguindo fazer. Hoje, o SUS deveria distribuir e ensinar a usar as máscaras PFFs, não cirúrgicas, da mesma forma que o SUS começou a distribuir e ensinar a usar camisinha para combater a pandemia do HIV”, afirma.
A página gerida por Bruno monitora os níveis de abastecimento das distribuidoras em parceria como a iniciativa “Estoques PFF – máscaras melhores para todos”. De acordo com o idealizador do site, os administradores entram em contato com lojistas para checar a quantidade e o preço dos produtos disponíveis. Eles também dizem atuar como interlocutores entre os consumidores e os comerciantes, com o intuito de informar como os empresários podem colaborar com o combate à pandemia.
Assim como relataram os distribuidores, Carvalho afirma que os comerciantes estão operando com poucos produtos nos estoques. A operação de pequenas empresas funciona com dois terços dos produtos. Ele também revela uma grande dificuldade dos comerciantes das regiões Norte e Nordeste, que têm que arcar com fretes mais altos para receber as máscaras.
Quantas vezes posso utilizar? E onde devo guardar?
As máscaras PFF2 podem ser utilizadas de 10 a 15 vezes, por cerca de 3 meses. Elas podem ser penduradas em algum local para arejar. Evite colocar em sacolas plásticas, porque elas ficam úmidas e acabam durando menos tempo.
Guarde-as em caixas de sapato ou de papel, ou em envelopes de papel – preferíveis no lugar de recipientes de plástico. O ideal é ter uma máscara para cada dia de exposição: se você trabalha de segunda a sexta, deveria ter 5 máscaras. Cada máscara deve ficar “respirando” de 3 a 5 dias. Intercale as máscaras.
Devo utilizar a PFF2/N95 junto com outra máscara?
As máscaras filtrantes não devem ser utilizadas com nenhuma outra máscara por cima ou por baixo. Ela é suficiente, porque tem várias camadas de filtragem. São máscaras que protegem muito e são facilmente encontradas em lojas de material de construção, além de ser mais barata nesses lugares.
No início da pandemia, foram feitas campanhas para que se deixassem essas máscaras para os profissionais de saúde. Essa não é a realidade agora. O Brasil tem cerca de 28 fabricantes de máscaras PFF2.
Como saber se máscaras são verdadeiras e confiáveis?
Alguns modelos específicos são mais baratos do que a máscara de tecido, mas é preciso observar se eles têm o selo do Inmetro e o registro na Anvisa.
Especialistas ouvidos pela CNN explicaram todos os procedimentos que devem ser seguidos para reconhecer as máscaras falsificadas. Denúncias apontam que o aumento da procura por esses produtos gerou uma rede de falsificação que vende as imitações livremente pela internet, inclusive em sites de grandes varejistas.
Medicamentos para intubação – Os medicamentos estéreis (injetáveis) poderão ser transportados às distribuidoras e instituições de saúde enquanto as empresas fabricantes ainda realizam os testes de controle de qualidade. A decisão foi tomada, em caráter excepcional, em Circuito Deliberativo, pela diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e visa agilizar o acesso, principalmente, aos medicamentos utilizados para intubação de pacientes, no contexto da pandemia de covid-19.
O medicamento, porém, só pode ser utilizado no paciente após o fabricante comunicar sobre a aprovação do produto nos testes de esterilidade, no tempo de sete dias de incubação. Atualmente, este prazo é maior.
Os medicamentos estéreis são injetados nos pacientes e, por isso, precisam passar por um processo para eliminar todos os contaminantes. De acordo com a Anvisa, o encurtamento do tempo de incubação no teste não representa risco ao paciente.
‘O teste de esterilidade realizado no produto acabado deve ser considerado apenas como uma das últimas medidas de controle pelas quais é assegurada a esterilidade. No entanto, outras medidas são utilizadas ao longo da produção para garantir a esterilidade de um medicamento estéril’, informou a agência, em comunicado.
Ontem (19), a Anvisa adotou uma série de medidas para evitar o desabastecimento de medicamentos, oxigênio e dispositivos médicos necessários para o combate da pandemia de covid-19 no país. Os medicamentos usados para a intubação de pacientes também obedecerão temporariamente a regras mais simples de fabricação e de venda.
Uma iniciativa conjunta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou 26 produtos nos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado com potencial de serem inseridos no mercado. Os produtos envolvem plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. A conclusão é do projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais.
De acordo com a coordenadora técnica e executiva do ArticulaFito, Joseane Carvalho Costa, são chás, colírios, repelentes, hidratantes, azeites para uso na gastronomia, que têm como matéria-prima espécies vegetais da flora brasileira.
‘Agora, para inserir esses produtos no mercado, é necessário superar desafios identificados pelo ArticulaFito, que desde 2015 vem trabalhando para promover essas cadeias de valor, prestando capacitações e outros serviços para adequar os produtos aos diferentes mercados, em âmbito local, nacional e internacional’, acrescentando que ‘não é apenas o valor monetário, mas também os valores étnicos, sociais, culturais e ambientais agregados às cadeias de valor mapeadas’.
O secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke, destaca que o projeto contribui para a geração de renda e agregação de valor aos produtos da sociobiodiversidade, base do Programa Bioeconomia Brasil. ‘São inúmeras ações em várias partes do Brasil e acreditamos no potencial da nossa biodiversidade’.
Segundo o coordenador-geral de Extrativismo do Mapa, Marco Aurélio Pavarino, a iniciativa fortalece a base produtiva nacional de plantas medicinais e fitoterápicos. ‘Apoiar o aprimoramento das cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade brasileira é estratégico para impulsionar o desenvolvimento econômico local, a partir de ações que integrem produção sustentável, geração de renda, conservação da biodiversidade e empoderamento social das populações extrativistas e dos agricultores familiares’.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, aponta que preservar a cultura e os saberes tradicionais é, também, promover saúde. ‘Povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares produzem riqueza de forma sustentável, o que contribui com a preservação do ambiente e com relações produtivas mais justas, criando territórios saudáveis. Um dos impactos positivos que observamos nesse sentido é a equidade de gênero, conquistada a partir do protagonismo feminino nesses espaços. Tudo isso nos aproxima dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030?.
Visão de futuro
O mapeamento das 26 cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias envolveu agricultores familiares, extrativistas, representantes da indústria, do comércio e de instituições públicas, além da equipe técnica do ArticulaFito.
O processo foi pautado pela metodologia Value-Links-Biodiversidade, desenvolvida pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão).
Entre 2015 e 2018, foram realizadas oito oficinas de mapeamento em Foz do Iguaçu (PR), Petrópolis (RJ), Natal (RN), Montes Claros (MG), Palmas (TO), Macapá (AP), Marabá (PA) e Belém (PA). Nesses encontros, foram identificados, coletivamente, problemas e as oportunidades.
‘As informações são decisivas para a proposição de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável, à promoção da saúde e ao fortalecimento da base produtiva nacional’, destaca a coordenadora técnica e executiva do projeto.
A ArticulaFito vem desenvolvendo estratégias de governança para propiciar um ambiente de equilíbrio e diálogo constante entre os diferentes atores ligados ao desenvolvimento de uma cadeia de valor.
Para apoiar o percurso dos agricultores familiares e extrativistas até as visões de futuro de suas cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias, o ArticulaFito promove oficinas de capacitação.
Com a pandemia de Covid-19, as oficinas passaram a ser virtuais sobre temas como boas práticas de cultivo e manejo, farmácias vivas, legislação fitossanitária, acesso a mercados diferenciados e sistemas agroflorestais. A coordenadora Joseane Carvalho adianta que um ciclo com novos temas está em andamento.
Cientistas encontraram um superfungo mortal nas ilhas Andaman (arquipélago pertencente à Índia) que, segundo eles, poderia levar à próxima pandemia. Trata-se de Candida auris – que no Brasil foi notificado pela Anvisa em dezembro de 2020. O novo estudo foi divulgado pelo site Live Science e publicado na revista científica mBio.
Ainda segundo a reportagem, o superfungo, que apareceu misteriosamente no arquipélago, é considerado resistente a muitos antifúngicos e, por esta razão, altamente perigoso. Ele pode causar infecções graves na corrente sanguínea, principalmente em pacientes que precisam de cateteres, tubos de alimentação ou tubos de respiração.
A Candida auris foi descoberta pela primeira vez em 2009 em um paciente no Japão e se espalhou rapidamente pelo mundo, aparecendo em três continentes diferentes ao mesmo tempo.
A hipótese é de que o aumento das temperaturas devido à mudança climática pode ter estimulado a Candida auris a se adaptar a temperaturas mais altas na natureza e, assim, permitir que o fungo saltasse para os humanos.
Uma equipe liderada pela Dr. Anuradha Chowdhary, da Universidade de Deli, estudou 48 amostras de solo e água coletadas em oito locais naturais ao redor das ilhas Andaman. As superbactérias foram encontradas em um pântano, raramente visitado por pessoas, e em uma praia com mais atividade humana.
As primeiras doses de vacina contra a Covid-19, fornecidas pelo consórcio Covax-Facility, desembarcaram no final da tarde de ontem no Brasil. O avião, que saiu de Amsterdã, na Holanda, com os imunizantes, pousou no Aeroporto Internacional de Guarulhos as 17h32 deste domingo. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, acompanhou a chegada da vacina a Guarulhos, junto com o chanceler Ernesto Araújo.
As doses que chegaram são da vacina Oxford/AstraZeneca, fabricada pelo SK Bioscience, da Coreia do Sul. Essa é a mesma vacina que está sendo fabricada em solo brasileiro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e que teve aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Covax-Facility é uma aliança internacional da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a Covid-19. Trata-se de um consórcio internacional com o objetivo de garantir acesso igualitário à imunização. A entrega dessas doses ao Brasil ficou a cargo do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS), mecanismo que há 35 anos auxilia os países da região a promover o acesso a vacinas.
A entrega é parte de uma primeira fase de distribuição de doses da OMS para o Brasil. O país recebeu hoje 1.022.400 de doses desse imunizante. Segundo o Ministério da Saúde, até o final deste mês de março serão entregues mais 1,9 milhão de doses do mesmo fabricante por meio dessa aliança global, que conta com a participação de mais de 150 países.
Até maio, segundo o ministério, serão entregues um total de 9,1 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca. De acordo com o contrato de adesão do Brasil à iniciativa, firmado em 25 de setembro de 2020, o país terá acesso a um total de 42,5 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.
‘Este é um grande passo para conseguirmos salvar vidas, deter a propagação da Covid-19 e voltarmos ao novo normal. Continuaremos a trabalhar dia e noite, em conjunto com as autoridades de saúde do Brasil e entes parceiros, para viabilizar a chegada de mais vacinas’, disse Socorro Gross, representante da Opas e da OMS no Brasil. (Agência Brasil)
Diplomatas brasileiros em embaixadas e consulados no exterior receberam mensagem do Itamaraty pedindo para que tentem obter fornecimento, “com máxima urgência”, de uma série de medicamentos do chamado “kit intubação”.
Hospitais e associações médicas alertaram o governo para a queda no estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a intubação de pacientes em UTIs, que pode durar apenas mais 15 dias no Brasil.
Esses medicamentos são essenciais para inserir o tubo e manter a ventilação mecânica dos pacientes graves -sem isso, morrem sufocados.
Na mensagem enviada aos postos no exterior, o Itamaraty afirma que a Anvisa enviou consulta a seus contrapartes em alguns países, mas não obteve resposta. O órgão pede para que os diplomatas pesquisem “a possibilidade de fornecimento dos insumos”.
Entre os remédios citados, estão o besilato de atracúrio, midazolam, propofol e fentanila. Muitos deles têm venda estritamente controlada, o que complica a importação.
Com a alta na demanda, o preço dos medicamentos usados para intubação explodiu.
Segundo informações do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, uma ampola de neurobloqueador, que paralisa a musculatura para o corpo “aceitar” o tubo, custava cerca de R$ 2 antes da pandemia.
No ano passado, subiu para R$ 17, e, agora, chega a R$ 200 a ampola.
A empresa indiana que fornecerá vacinas Aztrazeneca/Oxford para o Brasil informou que vai atrasar a entrega de uma nova remessa de imunizantes. O governo Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou neste domingo (21) que o cronograma pode sofrer alterações.
O Instituto Serum, da Índia, é responsável pela produção de doses fornecidas ao país. Já havia desde a semana passada informações de que haveria atrasos, conforme publicado pela Folha neste domingo.
O fornecimento será adiado para o Brasil, Arábia Saudita e Marrocos, segundo informação publicada pelo jornal Índia Times. Isso ocorreu por causa de pressões para o fornecimento dos imunizantes para as necessidades da Índia.
Estão previstas 8 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca para serem importadas da Índia pela Fiocruz. Nos últimos meses, o governo alterou ao menos duas vezes a previsão de entrega dessas doses.
A data seria entre abril e julho, com 2 milhões de doses já em abril. Em nota, o Ministério da Saúde já admite que atrasos podem ocorrer.
“É importante esclarecer que o cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes para o ministério, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos”, diz texto deste domingo.
A Folha mostrou que, embora o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) tenha anunciado a contratação de 562 milhões de doses de vacinas contra a Covid para este ano, 37% desse total ainda consta apenas como intenção de compra ou enfrenta outros impasses. Falta, inclusive, aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que possam ser aplicadas.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) já entregou o primeiro lote com mais de 1 milhão de doses da vacina AstraZeneca/Oxford produzido no Brasil, com matéria-prima (IFA) importada da China. Elas fazem parte da remessa de cerca de 5 milhões de vacinas entregues neste fim de semana a estados e municípios.
Embora o ministro Eduardo Pazuello (Saúde) tenha anunciado a contratação de 562 milhões de doses de vacinas contra a Covid para este ano, volume que representaria “mais vacinas que brasileiros”, 37% desse total ainda consta apenas como intenção de compra ou enfrenta outros impasses, como a falta de aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que possam ser aplicadas.
O anúncio foi feito pelo ainda ministro no dia em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indicou o cardiologista Marcelo Queiroga para substituí-lo no comando do Ministério da Saúde.
Na prática, das 562 milhões de doses, 140 milhões ainda precisam resolver pendências de contrato. Entram nesse grupo 110 milhões de doses de vacinas previstas pela Fiocruz para serem produzidas no Brasil no segundo semestre e 30 milhões do Butantan, as quais constam ainda apenas como intenção de compra pelo ministério.
Representantes dos laboratórios dizem esperar que os contratos sejam fechados, mas admitem que o cenário traz incertezas -sobretudo no caso do Butantan, que já teve impasses com a pasta nos últimos meses.
Há ainda outros 68 milhões de doses de vacinas que precisam passar por aval da Anvisa para serem ofertadas no país.
Estão nessa situação imunizantes de três laboratórios: União Química, que prevê entregar 10 milhões de doses importadas da vacina russa Sputnik V a partir de abril; Precisa Medicamentos, que prevê 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin; e Janssen, que fechou acordo para fornecer 38 milhões de doses.
Somados esses dois impasses, são ao menos 208 milhões de doses -ou seja, 4 em cada 10 previstas pelo ministério- que, embora tenham sinalização de entrega, ainda têm pendências a serem resolvidas para que a distribuição se efetive.
O cálculo reflete apenas parte dos desafios para o acesso às vacinas. Outros fatores, como possíveis atrasos na obtenção de insumos e incertezas sobre o plano de entrega, podem ainda alterar o cronograma ao longo deste ano.
É o caso de 8 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca previstas para serem importadas da Índia pela Fiocruz. Nos últimos meses, o governo alterou ao menos duas vezes a previsão de entrega dessas doses.
A data, agora, é entre abril e julho -mas membros da Fiocruz admitem que ela ainda precisa ser confirmada.
“Recebemos comunicação [do Serum Institute, que enviaria as doses] de que não estão conseguindo cumprir compromissos externos, e o governo da Índia deu uma segurada nessas importações. Mas também tivemos informação de que enviarão novo cronograma em abril. Esperamos ter uma boa notícia em um futuro próximo”, afirma o vice-presidente de produção e inovação da Fiocruz, Marco Krieger.
Também está pendente o plano de entrega de 33 milhões de doses da Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial de Saúde que prevê, em acordo com o Brasil, 42,5 milhões de doses em 2021.
Em meio às incertezas, a possibilidade de ajustes no cronograma tem sido citada pelo Ministério da Saúde. “Tem mais vacina que brasileiro. Mas essas vacinas se mantêm em validade para 2022, e não podemos contar com 100% das entregas, há oscilações”, disse Pazuello na segunda (15).
Nos últimos dias, o ministério também tem feito vários ajustes e reduções no volume de doses previsto para março.
Laboratórios ouvidos pela Folha de S.Paulo dizem que a oferta tem sido regularizada, mas admitem possibilidade de mudanças nos próximos meses.
Em abril, por exemplo, cronograma da Saúde aponta 30 milhões de doses da Fiocruz -já a fundação prevê 21 milhões. A redução ainda é reflexo do atraso no início da produção e liberação dos lotes, que passam por controles de qualidade.
“Em abril tem uma liberação ainda um pouco menor, mas em maio vamos produzir na mesma escala em que estamos liberando”, afirma Krieger.
A fundação deve receber o restante dos insumos previstos para produção nos próximos dois meses. “É ainda um ponto de atenção, mas estamos mais confortáveis.”
Segundo Krieger, a Fiocruz já deu os primeiros passos para fabricar os insumos no Brasil, o que deve evitar impasses no futuro e assegurar doses 100% nacionais.
A fundação, no entanto, ainda negocia novo contrato com a Saúde para essa etapa. Mesma situação vive o Butantan, que recebeu uma manifestação inicial do governo por mais 30 milhões de doses após as 100 milhões iniciais, mas ainda não teve o contrato fechado na prática.
Questionado, Krieger admite que o contrato para o segundo semestre ainda está pendente, mas diz ver o risco como baixo por já ser uma instituição vinculada à pasta.
Avaliação diferente tem membros do Butantan, segundo os quais a confirmação dependerá dos critérios para o novo acordo nos próximos meses.
Em nota, o instituto diz que já entregou ao ministério 22,6 milhões de doses e que trabalha para cumprir os contratos já firmados até o fim de agosto.
Segundo o laboratório, um novo carregamento de insumos, correspondente a 6 milhões de doses, deve chegar neste mês. Com isso, o Butantan cumpriria uma primeira etapa do seu contrato, de 46 milhões. Já a segunda (54 milhões) “está condicionada ao recebimento de novas remessas [de insumos]”, aponta.
A reportagem procurou o Ministério da Saúde sobre os impasses no cronograma, mas não recebeu resposta. Também questionou os laboratórios Janssen, União Química e Precisa Medicamentos, que ainda precisam de aval da Anvisa.
A Janssen informou que pretende pedir o uso emergencial da vacina no Brasil, mas não deu prazo. O fato de o aval já ter ocorrido em outras agências reconhecidas no mundo, no entanto, indica que não deve haver dificuldades.
A União Química e a Precisa não responderam. Nos últimos meses, os laboratórios já disseram diversas vezes que entregariam documentos à agência -o que não havia ocorrido até a última sexta (19), segundo a Anvisa.
Internamente, membros da Saúde já admitem que a oferta de 8 milhões de doses da Covaxin em março, como era previsto inicialmente, é improvável nesse prazo.
Para a epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações Carla Domingues a incerteza em pontos do cronograma indica que a campanha de vacinação contra a Covid ainda pode passar por dificuldades nos próximos meses.
“É uma campanha que começou com pouca vacina, desestruturada, com cada município caminhando de um jeito. Vai ser difícil ver impacto a curto prazo, e vamos passar ainda muita dificuldade para ver como vai evoluir”, afirma ela, que cita parte das pendências.
“Por mais que tenha assinado o contrato [com algumas empresas], não tem nada concreto. A vacina da Bharat Biotech não entrou na Anvisa, a Sputnik a mesma coisa. O que podemos contar em curto prazo é com a vacina da Fiocruz e Butantan.”
Para Domingues, a previsão repetida por Pazuello de vacinar toda a população maior de 18 anos ainda em 2021 só é factível se houver aceleração da oferta de doses.
Análise da plataforma MonitoraCovid, da Fiocruz, aponta que, se seguir o ritmo atual, o país levaria mais 2,4 anos para aplicar doses em toda a população adulta. O cálculo pode ser revertido caso haja maior disponibilidade de vacinas nos próximos meses, afirma Diego Xavier, um dos coordenadores do projeto.
“Precisamos lembrar que o PNI [Programa Nacional de Imunizações] é o maior programa de vacinação pública do mundo. O que falta ainda são essas doses de vacinas.”
CRONOGRAMA DE DOSES PREVISTAS PARA 2021
Fiocruz (vacina Covishield/AstraZeneca)
Total de 212,4 milhões
Doses produzidas no Brasil com insumos importados
Março – 3,8 milhões (parte entregue)
Abril – 30 milhões
Maio – 25 milhões
Junho – 25 milhões
Julho – 16,6 milhões
Doses com insumo também produzido no Brasil
Agosto – 22 milhões (contrato pendente)
Setembro – 22 milhões (contrato pendente)
Outubro – 22 milhões (contrato pendente)
Novembro – 22 milhões (contrato pendente)
Dezembro – 22 milhões (contrato pendente)
Doses prontas importadas
Janeiro – 2 milhões (entregue)
Fevereiro – 2 milhões (entregue)
Abril – 2 milhões (cronograma a confirmar)
Maio – 2 milhões (cronograma a confirmar)
Junho – 2 milhões (cronograma a confirmar)
Julho – 2 milhões (cronograma a confirmar)
Butantan (vacina Coronavac/Sinovac)
Total de 130 milhões
Doses prontas importadas
Janeiro – 6 milhões
Doses produzidas no Brasil com insumos
Janeiro – 2,7 milhões (entregue)
Fevereiro – 4,25 milhões (entregue)
Março – 23,3 milhões (parte entregue)
Abril – 15,8 milhões
Maio – 6 milhões
Junho – 6 milhões
Julho – 13,5 milhões
Agosto – 13,5 milhões
Setembro – 8,8 milhões
Outubro – 10 milhões (contrato pendente)
Novembro – 10 milhões (contrato pendente)
Dezembro – 10 milhões (contrato pendente)
Covax Facility (OMS)
Total de 42,5 milhões
Doses importadas – Covishield/AstraZeneca
Março – 3,0 milhões
Até maio – 6,1 milhões
Até dezembro – 33,4 milhões (cronograma a confirmar)