Má gestão contábil pode comprometer até 22% da receita
Relatório atesta a importância de adotar uma
administração fundamentada na ciência de dados
por Leandro Luize em


A má gestão contábil, sem uma administração baseada na ciência de dados, pode estar comprometendo até 22% da receita anual do varejo. O indicador é especialmente preocupante para farmácias, que já enfrentam um mercado altamente competitivo, com margens apertadas e volatilidade no fluxo de clientes.
As informações fazem parte do relatório Data‑Driven Accounting 2025, que ouviu 1.430 executivos financeiros de médias empresas na América Latina. O levantamento mostrou que apenas 38% das companhias integram ferramentas preditivas e dashboards à rotina contábil. No caso das que não utilizam, 61% apontam retrabalho frequente, decisões mal fundamentadas e baixa previsibilidade financeira como problemas centrais.
“Empresas que operam no escuro, sem acesso a informações interpretáveis em tempo real, acabam tomando decisões por intuição. Isso compromete não só o faturamento, mas a longevidade do negócio”, avalia Jhonny Martins, vice-presidente do SERAC, hub de soluções corporativas que atua nas áreas contábil, jurídica, educacional e de tecnologia.
Gestão contábil assegura quatro ganhos imediatos para farmácias
Considerando o canal farma, a combinação entre gestão contábil e ciência de dados pode proporcionar quatro benefícios imediatos.
- Fluxo de caixa controlado: dashboards contábeis permitem rastrear vendas diárias, margens de medicamentos, despesas operacionais e estoque em tempo real. Isso viabiliza simulações de cenários e decisões rápidas
- Precificação assertiva: dados analíticos ajudam a definir preços competitivos para itens de alto giro, ao mesmo tempo em que asseguram a margem mínima adequada
- Planejamento tributário e fiscal com eficiência: relatórios estruturados facilitam o acompanhamento das obrigações fiscais (SPED, NFe, NFCe etc), reduzindo erros e autuações
- Redução de retrabalho: com visibilidade dos indicadores, diminui-se a dependência de registros manuais e retrabalho contábil que consome tempo da equipe
Para além do tradicional olhar fiscal, a contabilidade pode ser transformada em motor de crescimento, com simulações preditivas que preveem flutuações de demanda, estoques críticos e inadimplência.
Como começar a implementação em cinco passos?
1. Invista em sistemas que gerem dashboards e indicadores contábeis, seja dentro do ERP da farmácia ou por meio da integração com ferramentas de BI. Esses relatórios devem ser gerados com regularidade (semanal ou mensal) e estar disponíveis até para o gestor que não é contador
2. Treine sua equipe para interpretar números, identificar tendências e responder rapidamente a desvios de performance
3. Envolva o contador e o farmacêutico gestor na mesma rotina de análise. A contabilidade consultiva possibilita antecipar cenários e corrigir precificação errada, transformando um centro de custo em uma alavanca de crescimento
4. Institua KPIs básicos, tais como:
- Receita por categoria de produto (medicamentos, correlatos)
- Margem líquida vs. margem esperada
- Custo médio de estoque parado
- Ciclo médio de pagamento e recebimento
5. Viabilize a integração com processos de marketing e fidelização. Dashboards integrados podem trazer à contabilidade dados de promoções, vendas por canal (WhatsApp, e-commerce e balcão), valorizando a análise de retorno sobre investimentos