O uso frequente de medicamentos é comum, mas você sabe a diferença entre os tipos, de onde eles vêm ou como agem no nosso corpo?
Os medicamentos são produtos farmacêuticos tecnicamente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico segundo a definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). São diferentes de remédios pois são elaborados em laboratório e possuem toda uma regulação para serem comercializados e podem ser obtidos nos seguintes tipos: de referência, similar ou genérico.
O uso de recursos naturais para fins medicinais é mutíssimo antigo: há registros de que as primeiras técnicas foram usadas há mais de oito mil anos. Os povos da antiguidade, como egípcios, chineses e indianos, difundiram esse tipo de prática e utilizavam os benefícios das plantas para rituais de cura ou tratamentos, dando origem aos primeiros remédios. Mais tarde, cientistas começaram a extrair e modificar os princípios ativos dessas plantas, criando novas versões de remédios.
A partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), junto com a industrialização e avanços tecnológicos, os processos de pesquisa e produção de novos medicamentos passaram por uma grande evolução e se consolidaram. A química orgânica sintética tornou possível a criação de medicamentos sintéticos em larga escala e economicamente viáveis, assim, junto com outros avanços, a expectativa de vida global aumentou de 48 anos em 1950 para mais de 71 anos em 2015. Atualmente o grande marco de desenvolvimento de fármacos tem se dado pelo avanço da engenharia genética.
Diferença entre medicamentos e remédios
Muitas pessoas acham que não há diferença entre medicamentos e remédios, que têm o mesmo significado, porém estão enganadas. Os medicamentos são substâncias estudadas, testadas e elaborados pela indústria farmacêutica com o objetivo de diagnosticar, prevenir, curar ou aliviar sintomas. O remédio é mais amplo, se refere a qualquer tratamentos terapêuticos também contra doenças e alívio dos sintomas. O soro caseiro, um chá, massagem, são todos classificados como remédios, porém não medicamentos, ao contrário, os medicamentos podem ser considerados remédios.
Tipos de medicamento
Hoje, segundo a Lei nº 9.787 de 1999, os medicamentos podem ser divididos em três principais tipos de medicamentos: o de referência, o similar e o genérico.
O medicamento de referência é o produto inovador, aprovado pelo órgão federal e comercializado, cuja eficácia, segurança e qualidade foram devidamente comprovadas cientificamente. Dentro desse tipo existem outras três classes: homeopáticos, que tratam o paciente com pequenas doses que produzem os mesmos sintomas da doença, estimulando o corpo a se recuperar; fitoterápicos, obtidos de raízes, cascas, folhas e sementes; e alopáticos, os mais comuns entre pacientes, a substância química age diretamente sobre os sintomas – eles podem ser industrializados ou manipulados.
O medicamento similar é igual ao medicamento de referência em suas características, podendo apenas mudar o tamanho, forma, prazo de validade, embalagem e rotulagem.
O medicamento genérico é uma versão mais em conta (em termos econômicos) do medicamento de referência, pois não há uma marca na embalagem, apenas o nome da substância ativa; ele geralmente é produzido após a expiração ou renúncia da proteção da patente e de outros direitos de exclusividade.
Mas você pode trocar um medicamento de referência por um similar ou genérico sempre? Essa troca se chama intercambialidade de medicamentos. Antes de 2014 não era possível trocar o medicamento de referência pelo similar, apenas pelo genérico. Mas com o novo regulamento, após um estudo comparativo do medicamento similar com o medicamento de referência a fim de comprovar a eficiência, o medicamento similar entra na lista de medicamentos intercambiáveis aprovados pela Anvisa e pode substituir o de referência. As troca que não podem ser feitas são entre medicamento genérico e similar e vice-versa, e entre medicamentos não inseridos na lista da Anvisa.
De onde vêm os novos medicamentos?
Plantas, animais, fungos e bactérias ainda são as maiores fontes de substâncias biologicamente ativas, objetos de estudos de novos fármacos. Eles possuem defesas naturais que nós tentamos reproduzir, desse modo, diversos medicamentos são inspirados na natureza – cerca de 77% dos antibacterianos, 53% dos anticancerígenos, 80% dos antivirais e 100% dos imunossupressores disponíveis no mercado são derivados de fontes naturais.
Apesar de sempre estar disponível em farmácias, um medicamento passa por um longo caminho até chegar às prateleiras. O desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos ocorre pelo processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Após identificar o alvo, que seria a doença ou sintoma, é necessário encontrar os compostos químicos ou naturais que atuem no mesmo, assim são selecionados os compostos-protótipos. Os candidatos a futuros medicamentos são testados primeiro em bactérias, células vivas ou cultura de tecidos e em animais – são os testes pré-clínicos para analisar o comportamento do composto. Em seguida são liberados os testes clínicos, em seres humanos, conduzidos em pacientes ou em voluntários sadios. Os testes são divididos em quatro fases, cada uma com suas especificidades:
- Fase I – definir tolerância, dosagem
- Fase II – analisar a eficácia terapêutica e segurança
- Fase III – teste em populações maiores e por maiores períodos
- Fase IV – testes depois de o medicamento ser comercializado
Após a fase III, os dados dos resultados são enviados pelo órgão regulador (no caso do Brasil a Anvisa), para aprovação e registro e por fim a produção e comercialização. Todo esse processo é demorado e leva em média 12 anos com probabilidade de sucesso baixa, apenas 0,027% são aprovadas pelo órgão regulador.
Como o medicamento age no nosso corpo?
Você pode utilizar os medicamentos por diferentes vias de administração, como sublingual, pela pele, injeção, inalação, gotas e via oral. Essas informações se encontram na bula. Existem quatro estágios básicos do medicamento em nosso organismo: absorção, distribuição, metabolismo e excreção. Ao ingeri-lo, ele passa pelo esôfago e vai para o estômago, lá o ácido natural o dissolve. Caso haja um revestimento, como uma cápsula ou pílula, este impede a absorção no estômago, fazendo o princípio ativo chegar até o intestino, local em que a maioria dos medicamentos deve ser absorvido.
Por isso diferentes medicamentos possuem diferentes revestimentos e formas. No intestino, o princípio ativo presente no produto farmacêutico é dissolvido é distribuído na corrente sanguínea para levá-lo até o local em que o mesmo irá atuar. O princípio ativo sabe exatamente onde deve agir – cada órgão ou sistema do nosso corpo possui receptores específicos e o princípio ativo é criado para se encaixar perfeitamente nesses receptores. Após o medicamento ter feito seu trabalho, ele é metabolizado (suas moléculas são quebradas e saem do nosso corpo pela urina e fezes).
Fonte: eCycle