MedQuímica mira expansão nacional e alta de 40% na receita


Em 2025 a MedQuímica celebra 50 anos de operações em uma fase de transformação estratégica, combinando tradição e inovação. A farmacêutica, com fábrica própria em Juiz de Fora (MG), pertence ao grupo indiano Lupin, um dos maiores produtores de genéricos do mundo, que adquiriu a companhia brasileira em 2015.
Com uma trajetória marcada por desafios e aprendizados, a empresa consolidou sua força ao investir em inovação e produção nacional. O que antes era um projeto com foco em importações, se transformou em uma operação sólida, com tecnologia, conhecimento e estrutura própria no Brasil. Essa virada reafirma o compromisso do laboratório com o desenvolvimento do país, com a geração de empregos e, sobretudo, com o propósito de cuidar da saúde e transformar vidas.
O foco, então, passou a ser a oferta de medicamentos de alto valor agregado e alinhados às necessidades da população brasileira. O movimento inclui uma mudança significativa no mix de produtos, com investimentos em genéricos de alta complexidade, medicamentos de prescrição, produtos de marca e linha institucional. Com 16 lançamentos em 2024 e mais de 50 produtos planejados até 2030, a MedQuímica prevê crescimento de 40% em 2025. A expectativa é manter um ritmo de expansão entre 5% e 7% ao ano até o fim da década.

“Chegar aos 50 anos com um portfólio cada vez mais robusto e competitivo é motivo de orgulho. Voltamos ao básico para crescer com consistência, preconizando qualidade, inovação e acessibilidade”, afirma o CEO Alexandre França.
MedQuímica foca em portfólio mais estratégico e rentável
Hoje, a MedQuímica atua em três frentes principais. São elas os genéricos, que representam 50% do portfólio atual, contra 70% em 2021; os MIPs (40%); e os medicamentos de prescrição (10%), com forte tendência de crescimento.
A aposta é clara. Sair da guerra de preços baixos e priorizar medicamentos de maior valor, especialmente nas áreas de cardiometabólico, sistema nervoso central, oncologia e oftalmologia. A empresa trabalha para estar entre os primeiros lançamentos de genéricos cujas patentes vencem até 2030, posição estratégica que garante preços mais estáveis e margens mais altas.
Entre os destaques do portfólio estão o Cuprimine (penicilamina), único medicamento no Brasil para a Doença de Wilson, que será nacionalizado e produzido em Juiz de Fora a partir de 2026. Também fazem parte do pipeline o Gastrogel, antiácido com apelo de dupla ação; o Gripinew, antigripal com dipirona; e o Nasoclean, solução nasal 100% natural.
Expansão nacional e distribuição estratégica
A MedQuímica está presente em 80 mil farmácias brasileiras, com pelo menos três produtos em 60 mil delas. A estratégia agora é expandir a presença em farmácias já atendidas e crescer nas grandes redes por meio de venda direta.
A empresa reduziu sua base de clientes de 500 para cerca de 200, priorizando os mais estratégicos, e passou a negociar com grandes distribuidoras como Grupo SantaCruz e Profarma. Na linha institucional, atua com distribuidores especializados por região, garantindo presença em programas públicos de saúde e em licitações de medicamentos de alta complexidade.
Estrutura industrial e crescimento
Com cerca de 500 colaboradores diretos e centenas de empregos indiretos, a fábrica mineira é certificada pela Anvisa (CBPF) e será modernizada nos próximos anos para suportar a produção de medicamentos mais rentáveis. A planta também receberá novas tecnologias para a nacionalização de remédios de prescrição.
“A ideia é trocar produtos de R$ 6 por genéricos de R$ 200. O volume pode cair, mas o retorno cresce. Estamos ajustando o modelo para um crescimento sustentável”, destaca França. A partir de 2026, a empresa iniciará a montagem de uma equipe de propaganda médica com apoio da IQVIA e já reúne, desde setembro deste ano, um time de 30 representantes voltados ao trade marketing nas farmácias.
Valorização de pessoas e cultura organizacional
A MedQuímica também ampliou investimentos em capital humano. Com programas de capacitação, ações de diversidade, inclusão e desenvolvimento interno, a empresa atingiu 97,6% de engajamento na última pesquisa de clima organizacional.
Reconhecida com uma Moção de Aplauso da Câmara Municipal de Juiz de Fora em 2025, a empresa reforça sua relevância para a economia local e nacional. “Cada colaborador sabe que está contribuindo para um mundo melhor. O que construímos nestas cinco décadas nos prepara para novos desafios, com responsabilidade, empatia e inovação”, finaliza França.
Qualidade, rigor técnico e inovação sustentável em genéricos
Na complexa engrenagem da indústria farmacêutica, três pilares se destacam quando o assunto é a produção de medicamentos genéricos: qualidade, rigor regulatório e inovação estratégica.
Para a gerente de qualidade Mariana Marques de Castro, o compromisso com a segurança e eficácia dos medicamentos começa muito antes do produto chegar às prateleiras. O dia a dia do setor envolve a atuação coordenada da Garantia da Qualidade (QA) e do Controle de Qualidade (QC), que asseguram o cumprimento das Boas Práticas de Fabricação (BPF), a realização de análises físico-químicas e microbiológicas e a constante prevenção de riscos.
“O genérico precisa provar que tem a mesma eficácia e segurança do medicamento de referência. Isso só é possível com processos rigorosos e padronizados”, afirma.
Regulatório traz segurança para o paciente
Na área técnica e regulatória, a gerente Fernanda Monteiro Mendes destaca o papel fundamental da conformidade legal e científica em todo o ciclo de vida do medicamento. Desde o registro na Anvisa até inspeções regulares, passando por estudos de bioequivalência, controle de qualidade e farmacovigilância, cada etapa é orientada por critérios exigentes e transparentes. “Esse trabalho protege o paciente e fortalece a confiança social ao demonstrar nosso compromisso com a saúde pública”, ressalta.
Inovação que antecipa o futuro
Enquanto as áreas de qualidade e regulatória garantem segurança e conformidade, a divisão de novos negócios e projetos olha para o futuro. “Para o desenvolvimento de novos genéricos, sempre preconizamos modernização terapêutica, viabilidade econômica, aproveitamento industrial e integração global. Esses pilares sustentam a meta da MedQuímica de ser pioneira no lançamento de remédios dessa categoria”, comenta o gerente Filipe Soares Bertges.