Memed sai do vermelho 13 anos após sua fundação
Startup alcança sustentabilidade financeira com novo modelo de negócios
por Gabriel Noronha em
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A Memed, startup focada em prescrição médica digital, alcançou o equilíbrio financeiro pela primeira vez em sua história no último mês de junho, mais de 13 anos após o início de suas operações. As informações são do Valor Econômico.
A virada financeira está ligada à criação de um novo modelo comercial na plataforma, que passou a permitir que farmacêuticas divulguem medicamentos, estudos clínicos e outros conteúdos de saúde diretamente aos médicos.
A solução atende a uma demanda antiga dos laboratórios, que enfrentam restrições regulatórias para divulgar seus produtos ao público geral, preenchendo uma lacuna importante na comunicação direta com médicos.
Na plataforma, exclusiva para profissionais do setor, os medicamentos patrocinados ganham destaque nas buscas, em um formato semelhante ao dos mecanismos de pesquisa como o Google. Cerca de 100 farmacêuticas já anunciam seus produtos na Memed.
Memed espera seguir crescendo
Estimativas internas apontam crescimento de 35% no volume de prescrições emitidas pela plataforma neste ano, além da expectativa de dobrar o faturamento em 2025 e 2026.
Para ampliar a adoção entre médicos, a plataforma não cobrava pelo uso, o que limitava sua receita até a chegada do novo modelo comercial. Em 2021, a Memed foi adquirida pela DNA Capital após um aporte de R$ 300 milhões.
A empresa calcula deter 70% do mercado, com predominância de médicos especialistas entre seus usuários, profissionais que costumam prescrever medicamentos de maior tíquete, aspecto relevante para o varejo farmacêutico.
Hoje, mais de 90 mil farmácias utilizam a Memed, que registra cerca de 6,7 milhões de receitas e solicitações de exames emitidas mensalmente, movimentando aproximadamente R$ 15 bilhões ao ano.
Estratégia da Memed surpreendeu o setor
A reviravolta financeira foi simultânea ao fim da monetização baseada na venda de medicamentos na companhia, encerrada em agosto após a Memed vender sua única farmácia ao Mercado Livre.
A decisão de vender a farmácia e priorizar parcerias com a indústria farmacêutica ocorreu sob a gestão de Rodolfo Chung, executivo com duas décadas de atuação na Ambev.
“Muitos acharam que, devido à minha experiência no varejo eu iria expandir a operação de farmácia, mas o ganho era muito marginal e já há players fortes. Faz muito mais sentido a parceria com a indústria farmacêutica”, explica Chung.
Ainda segundo o presidente, hoje apenas 15% das receitas médicas são emitidas de forma online. “Há muito espaço para crescer. Acredito que, em dois ou três anos, mais de metade das prescrições serão digitais. Nosso crescimento no faturamento neste ano será de 35%”, acrescenta o executivo.