Mercado de cannabis pode atingir R$ 14,4 bilhões no Brasil
Revisão da RDC 327 prevê expansão acelerada em áreas
como odontologia, dermatologia e farmácias de manipulação
por Ana Claudia Nagao em
e atualizado em


O mercado de cannabis medicinal no Brasil está prestes a dar um salto histórico com a proposta de revisão da RDC 327/2019, que passou por consulta pública pela Anvisa. Dados da consultoria Kaya Mind revelam um potencial de R$ 1 bilhão para 2025, mas sem considerar as alterações em discussão.
Considerando uma regulamentação, há uma projeção de R$ 9,5 bilhões para o segmento medicinal e R$ 4,9 bilhões para o cânhamo industrial a partir do quarto ano depois do marco regulatório.
Os dados levam em conta a ampliação do uso da cannabis medicinal para os mercados odontológico, dermatológico e de manipulação. A análise também considera o abrandamento no tipo de receita exigida, que pode passar de controlada azul para receita branca, inclusive com aceitação da versão digital. “O Brasil tem um dos maiores e mais bem estruturados complexos farmacêuticos da América Latina e uma legislação federal unificada, o que nos coloca em uma posição extremamente favorável para liderar o mercado global de cannabis no segmento farmacêutico”, afirma Gustavo Palhares, co-CEO da Ease Labs.
Mercado de cannabis cresceu 65% em 2024
No ano passado, o mercado de cannabis ganhou impulso especialmente no varejo. O volume de negócios teve aumento superior a 65% em relação a 2023, de acordo com dados da Close-Up International. O canal farma foi considerado o maior motor desse incremento.
Atualmente, o país reúne em torno de 55 mil médicos prescritores de produtos registrados com comercialização autorizada em farmácias. O potencial, no entanto, é muito maior. Ainda segundo a consultoria, a estimativa é que o mercado permita que esse número chegue a 400 mil profissionais, favorecido pelo avanço da produção científica nacional e pelos investimentos crescentes da indústria.
“A nova proposta regulatória abre caminho para tornar a cannabis medicinal ainda mais acessível, uma vez que amplia as possibilidades terapêuticas e estimula a inovação. Autoriza novas vias de administração, como a sublingual, bucal, inalatória e dermatológica, e a inclusão de mais especialistas na prescrição. Ao mesmo tempo, a Anvisa eleva alguns critérios de controle”, destaca Palhares.
Ele ainda reforça que o país se diferencia no cenário mundial justamente pela seriedade de sua regulamentação, que exige padrões de qualidade similares aos medicamentos tradicionais e coloca o prescritor e o dispensador no centro da jornada do paciente. “Se evoluirmos de forma estratégica e responsável, temos tudo para transformar inovação em bem-estar e desenvolvimento econômico”, conclui.