A Novo Nordisk comemora os sete anos de Ozempic no Brasil. O medicamento, aprovado pela Anvisa em 2018, é o principal produto no portfólio da farmacêutica e garantiu uma expressiva movimentação de R$ 3,14 bilhões em vendas ao varejo no ano passado, de acordo com indicadores da Close-Up International.
Foi o segundo medicamento em volume de negócios junto às farmácias em 2024 e o primeiro quando considerada a venda ao consumidor. O Ozempic respondeu por 47% do faturamento da Novo Nordisk no país em 2024. Em evento ocorrido na última semana em São Paulo (SP), o laboratório realizou um encontro com jornalistas para celebrar a marca, que contou com a cobertura do Panorama Farmacêutico.
Trajetória do Ozempic no Brasil começou em 2018
Um ano depois de ser aprovado pela FDA, o Ozempic chegou também ao Brasil. Mas, a história dos medicamentos antagonistas de GLP-1 é mais antiga. “As pesquisas começaram ainda na década de 1990, época em que já se falava desses hormônios intestinais, mas ainda não se tinha uma noção prática de seu impacto no organismo”, relembra a vice-presidente da área médica, Priscilla Mattar.
O primeiro medicamento do tipo aprovado no Brasil foi o Victoza (liraglutida), ainda em 2010. Com dosagem maior, o mesmo princípio ativo foi utilizado no Saxenda, que chegou ao mercado em 2016, destinado ao tratamento da obesidade.
“Essa classe foi estudada, em primeiro lugar, para o controle da glicemia. Mas logo foi identificada também uma atuação na redução do apetite”, relata a executiva. E esse não foi o único “efeito colateral” notado pela farmacêutica.
Princípio ativo se mostrou eficiente em outras comorbidades
Mesmo após o início da comercialização do Ozempic, a Novo Nordisk seguiu estudando e expandindo seu conhecimento sobre a semaglutida. “Pesquisas demonstraram benefícios à saúde renal, cardíaca e circulatória não vinculadas à perda de peso”, destaca a diretora da área médica, Marcela Caselato.
Confira alguns resultados apresentados pela farmacêutica:
- 24% de redução no desfecho renal em pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica
- 20% menos mortes por qualquer causa em pacientes com as mesmas comorbidades
- Melhora de 13% na distância percorrida e na qualidade de vida de pacientes com diabetes tipo 2 e doença arterial periférica
Medicamento tem mercado bilionário, mas off label levou a restrições
Um levantamento da Statista estimou quais foram os medicamentos mais lucrativos de 2024. O estudo apontou que a semaglutida foi o segundo medicamento mais comercializado do mundo no ano passado, acumulando R$ 92,9 bilhões em vendas.
E a disseminação do uso off-label levou a Anvisa a implementar a retenção de receita na compra do fármaco. As medidas, divulgadas em abril, passam a ser válidas no próximo mês de junho e afetam todos os produtos da categoria que são comercializados sob a tarja vermelha, o que também inclui outros sucessos de vendas como Wegovy, Mounjaro e Saxenda.
O que o futuro guarda para a semaglutida?
Atualmente, dois estudos podem trazer novidades impactantes para a Novo Nordisk e para o tratamento da obesidade. São eles o CagriSema e um novo medicamento com a concentração de 7,2 mg de semaglutida.
Falando do primeiro, durante o estudo Redefine 1, o remédio apresentou uma perda de peso de 22,7% na fase 3 de pesquisas. A expectativa é que, em 2027 esse fármaco chegue ao mercado. Já a semaglutida com 7,2 mg ainda está em fases mais preliminares. Apesar disso, os resultados são igualmente animadores: 1 em cada 3 pacientes perdem 25% de peso.