Novo Nordisk investe R$ 28 bi na expansão de seu portfólio
Investimento marca início da reestruturação sob nova liderança global
por Gabriel Noronha em
e atualizado em


A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou a compra da empresa de biotecnologia Akero Therapeutics por US$ 5,2 bilhões (R$ 28,49 bilhões). O acordo prevê o pagamento de US$ 54 (R$ 289,54) por ação, além de um adicional de US$ 6 (R$ 32,17), por papel, caso determinadas metas sejam alcançadas. As informações são da Folha de S. Paulo.
A aquisição de uma companhia especializada em doenças hepáticas integra o esforço da Novo Nordisk para diversificar seu portfólio, reduzindo a dependência do desempenho das canetas emagrecedoras, como Wegovy e Ozempic.
Segundo a farmacêutica, a aquisição garante acesso a um “potencial medicamento inédito e líder na categoria” para o tratamento da esteato-hepatite associada à disfunção metabólica (MASH), uma das complicações hepáticas mais comuns da obesidade.
O efruxifermin, principal fármaco da Akero, está em estágio avançado de testes clínicos de fase três. Estudos anteriores indicaram que ele pode reduzir a fibrose hepática em até 49%, frente aos 19% observados no grupo placebo. Durante os ensaios, também reverteu os estágios iniciais de cicatrização do fígado em 29% dos casos, ante 11% no grupo de controle.
Mike Doustdar, presidente-executivo da gigante dinamarquesa, classificou a MASH como uma doença que “destrói vidas silenciosamente”. Estima-se que 40% dos afetados tenham diabetes e mais de 80% sejam obesos ou estejam acima do peso.
“Se aprovado, acreditamos que ele poderá se tornar uma terapia fundamental, sozinho ou em combinação com o Wegovy, para combater uma das doenças metabólicas que mais crescem no mundo”, disse o executivo.
Novo Nordisk vive momento de reestruturação
Essa é a primeira aquisição desde que Doustdar assumiu o comando da empresa, em agosto, focado na reversão do desempenho da empresa, que caiu mais de 50% em um ano.
O mau momento foi impulsionado por preocupações de que a farmacêutica estivesse perdendo espaço no mercado americano para a rival Eli Lilly. Também pesaram os resultados decepcionantes nos testes de um novo tratamento para obesidade e o avanço da concorrência de genéricos nos Estados Unidos.
O negócio não deve afetar a projeção de lucro operacional da Novo Nordisk para 2025, mas deve elevar os custos de pesquisa e desenvolvimento em 2026. Com isso, o crescimento anual do lucro operacional pode cair cerca de três pontos percentuais, dependendo da data de conclusão da operação.