Oito farmacêuticas disputam compra da Medley
Gigantes do setor, como Eurofarma, EMS e Hypera, estão entre as interessadas. Mas para quais empresas faria mais sentido esse negócio?
por Ana Claudia Nagao em 
 e atualizado em 
					
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A venda da operação brasileira da Medley, divisão de genéricos da Sanofi, despertou forte interesse da indústria farmacêutica nacional. Ao menos oito empresas estão avaliando a compra dos ativos da companhia, que encerrará o ano com faturamento de R$ 1,3 bilhão e Ebitda de R$ 200 milhões, sem dívidas.
De acordo com informações originais do Neofeed, entre as interessadas estão Aché, Althaia, Cimed, EMS, Eurofarma, Hypera, Torrent e União Química, todas com presença consolidada no mercado de genéricos. O movimento reflete a importância estratégica da Medley, uma das marcas mais reconhecidas do segmento no país.
O processo de venda deve avançar nas próximas semanas. No dia 31 de outubro, as empresas tiveram acesso aos dados financeiros da farmacêutica, etapa crucial para decidir se seguirão na disputa. As propostas, que indicarão quanto cada interessada está disposta a pagar, devem ser apresentadas até dezembro.
Negociação da Medley avança com definição de finalistas
A expectativa é que a Sanofi defina um shortlist de três a quatro indústrias farmacêuticas que seguirão na corrida pela aquisição. Entre janeiro e fevereiro do próximo ano, estão previstos encontros presenciais entre representantes da Sanofi, da Medley e das empresas finalistas, marcando o início de um período de diligências e aprofundamento nas propostas.
Durante essa fase, as interessadas poderão contratar auditorias externas para analisar detalhadamente os números da Medley. Caso o cronograma seja cumprido, todo esse processo deverá ser concluído até março de 2026, abrindo caminho para a definição da proposta vencedora.
A aprovação da transação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deve se estender ao longo de 2026, com a expectativa de que a nova controladora assuma oficialmente a Medley em janeiro de 2027.
Pelo acordo previsto, a fábrica da empresa em Campinas (SP) ficará responsável por 80% da produção, enquanto os outros 20% continuarão na unidade da Sanofi em Suzano (SP). A capacidade total de produção da Medley é de 300 milhões de unidades por ano.
Sanofi quer US$ 1 bilhão pela farmacêutica
Embora a Sanofi peça até US$ 1 bilhão (R$ 5,37 bilhões) pela operação, fontes do mercado estimam que a Medley esteja avaliada em cerca de US$ 500 milhões (R$ 2,68 bilhões). Ainda assim, a companhia tenta convencer os eventuais compradores de que a empresa tem potencial de crescimento.
Para quais empresas a compra da Medley faria sentido
Fontes consultadas pelo Panorama Farmacêutico avaliam que a compra da Medley deve mesmo sair do papel e pelo valor próximo ao que a Sanofi espera. No entanto, colocam em dúvida o interesse de tantas farmacêuticas pelo negócio.
Especialistas entendem que algumas candidatas estão apenas interessadas em marcar presença e tornar mais turbulento o processo. Outros questionam que o portfólio da Medley não teria sinergia ou complementaridade com o mix de laboratórios como EMS e Eurofarma. Neste quesito, Aché e Althaia ganhariam pontos nessa disputa, já que se fortaleceriam no mercado de genéricos, uma categoria onde ainda mantêm baixa penetração.