Propagandistas farmacêuticos perdem espaço com avanço da tecnologia
Tempo limitado e novas opções aceleram o fim do modelo clássico de propaganda médica
por Gabriel Noronha em
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Um estudo divulgado pelo Ifepec (Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa) acendeu um alerta no segmento de propagandistas farmacêuticos ao identificar mudanças estruturais na categoria e apontar tendências para os próximos anos.
O Visão 360º do mercado farmacêutico no Brasil – Um mapeamento das expectativas através dos seus principais agentes reuniu percepções de profissionais da indústria, varejo, distribuição e médicos, mapeando expectativas e desafios do setor.
A metodologia incluiu entrevistas presenciais com 80 médicos, que avaliaram visitas profissionais, relevância das informações recebidas e expectativas para o futuro. O estudo também formou 10 grupos de foco com outros 60 profissionais, aprofundando percepções sobre experiências e tendências do mercado.
Médicos esperam ter menos contato com propagandistas farmacêuticos
Apesar das diferenças entre perfis, os médicos convergiram em um ponto: a expectativa de redução significativa, ou até do fim, do contato presencial com os propagandistas farmacêuticos.
Entre os médicos com mais de 15 anos de carreira, 54% acreditam na modificação desses hábitos. Entre os recém-formados, essa percepção é ainda mais intensa, atingindo 67%.
Os dois grupos apontam motivos semelhantes para essa mudança, como o tempo gasto nas visitas e a crescente disponibilidade de canais digitais de consulta.
“Os representantes trazem informações rápidas sobre novos produtos, mas sempre temos que filtrar. Sabemos que eles estão ali para vender”, disse um dos entrevistados.
“Quando preciso de uma informação, não posso esperar o representante da indústria, por isso busco nas revistas científicas ou nas plataformas de IA que me fornecem de forma imediata”, complementa.
Os médicos ressaltam que a autonomia profissional segue essencial, embora reconheçam que a exposição contínua a produtos pode influenciar escolhas clínicas.
Por isso, acreditam que plataformas digitais e soluções de IA precisam avançar em segurança e confiabilidade, enquanto os propagandistas farmacêuticos deverão apresentar qualificação técnica mais robusta, especialmente no portfólio de alta complexidade.