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Qual tipo de ação é melhor: a de valor ou a de crescimento? Se lembra da Brasil Pharma?

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As ações de uma empresa possuem “dois preços”. Um é a cotação em bolsa que oscila diariamente. O outro representa o valor intrínseco da companhia, seu preço justo. Esse segundo é mais estável. O “investidor de valor” é aquele que compra ações cujo preço de mercado esteja inferior ao valor justo, com potencial de valorização.

 

Existem diversas metodologias para cálculo do valor justo. Em todas elas, o crescimento dos resultados da companhia é uma das variáveis para determinação do valor intrínseco. A fórmula de Gordon é uma dessas métricas. Para o cálculo do valor justo da ação (P), ela leva em conta os dividendos distribuídos (D1), a taxa de desconto da companhia (k) e o crescimento esperado do lucro por ação (g).

 

Na fórmula:

P=D1/(k-g)

Mas se o crescimento da companhia está intimamente ligado ao valor intrínseco, por que diferenciar ações de valor das de crescimento?

Definiu-se que as ações de valor (“value stocks”) são aquelas cujos múltiplos são baixos quando se compara o preço de mercado com o lucro por ação ou com o valor patrimonial por ação (VPA). Esses papéis podem ser uma boa oportunidade de investimento, pois o mercado estaria subavaliando a empresa em relação aos resultados apresentados. Para corrigir essa distorção, as ações precisariam se valorizar no médio prazo. Já ações de crescimento (“growth stocks”) são as que apresentam múltiplos elevados. Os investidores aceitam pagar múltiplos mais caros porque acreditam que o crescimento futuro dos resultados acabe por reduzir os indicadores no médio prazo.

 

Mas essa definição é arbitrária. Existem ações de companhias, cujos múltiplos permanecem baixos indefinidamente. As razões podem ser várias, como, por exemplo: baixo retorno sobre o capital investido, volatilidade dos resultados, falta de governança ou baixa liquidez das ações. Essas ações podem ser chamadas de valor?

E as ações de crescimento? Em 2011, quando escrevi sobre as varejistas, as ações da farmacêutica Brasil Pharma (BPHA3), juntamente com as ações da Drogasil (antes da fusão com a Raia), eram ações de crescimento: múltiplos P/L (preço sobre lucro por ação) bem elevados, mas com expectativa de crescimento forte dos resultados.

 

O que a história nos ensinou? Brasil Pharma não entregou os resultados prometidos. Hoje, a empresa se encontra em processo falimentar. Os múltiplos pagos na ocasião eram irreais.

 

Os investimentos visando a expansão das atividades da companhia devem entregar taxa de retorno superior ao custo de capital da companhia. Quando isso não ocorre (e não precisa ser um caso extremo como o de Brasil Pharma), as ações sofrem. Isso aconteceu recentemente com Petrobras, BRF, Gerdau, Marfrig e Cyrela como mostrei no último post.

 

Drogasil, por sua vez, justificou o indicador elevado pago há oito anos. A companhia tem tido crescimento consistente dos resultados ao longo do tempo, trazendo valor ao acionista.

 

Essa diferenciação entre ação de valor e de crescimento é injustificada. O que o investidor deve avaliar é se o valor pago é menor do que o valor intrínseco da ação. Isso pode ocorrer com companhias que tem apresentado crescimento consistente dos resultados ou cujos resultados são mais estáveis. A estratégia a ser adotada pelo investidor de valor não pode ficar restrita a conceitos imprecisos.

 

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Fonte: Valor Investe

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