O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli classificou como “suicidas” os empresários bolsonaristas que teriam defendido em grupo de WhatsApp a realização de golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial.
De acordo com o ministro, tal postura, além de ser crime penal, gera retaliação econômica ao Brasil por parte de países democráticos, afasta investidores e desvaloriza a moeda local.
– Se empresários divulgam esse tipo de posicionamento, eles são suicidas, porque não há dúvida nenhuma que Estados Unidos, Europa e países democráticos vão retaliar o Brasil economicamente.
Investidores vão embora. Isso vai gerar desemprego em nosso país, isso vai gerar saída de capitais de nosso país. Isso vai gerar nossos capitalistas mandarem nosso dinheiro para fora porque vai ter desvalorização brutal da nossa moeda – disse o ministro após um evento com o Grupo Esfera, em São Paulo, nesta sexta.
– Isso é loucura – acrescentou.
O grupo de WhatsApp em questão se chama Empresários e Política. O caso foi revelado pelo portal Metrópoles. Segundo o colunista Guilherme Amado, o empresário José Koury, dono do Barra World Shopping, teria dito preferir “um milhão de vezes” um golpe que a volta do PT, alegando que isso não afastaria investimentos do Brasil.
Segundo o Metrópoles, o grupo também tem Luciano Hang, dono das Lojas Havan, Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii, entre outros. Nas mensagens, eles não articulam um golpe, mas defendam que aconteça.
Reações
Na quinta-feira, Bolsonaro comentou o assunto. O presidente minimizou o teor das mensagens e afirmou que a alegação de “golpe” é “fake news”:
– Quem vai dar golpe? Isso é fake news.
Consultado após o episódio ser revelado, na quinta-feira, Koury argumentou que pode manifestar sua opinião “com toda a liberdade” e negou que tenha defendido golpe de Estado, mas admitiu que “preferia isso” do que a volta do PT. Barreira disse ter ficado “surpreso” com a alegação de que defenderia ruptura institucional e que participa de muitos grupos nos quais os assuntos são diversos, incluindo política.
Já Raymundo afirmou que não apoia qualquer ato “inconstitucional, ilegal ou violento” e disse ter usado “figuras de linguagem”. Hang não se manifestou.
Fonte: Zero Hora