O ministro da Saúde Marcelo Queiroga compareceu nesta quinta-feira (6) ao Senado, para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 sobre a atuação do governo no enfrentamento à pandemia. Em seu depoimento, ele defendeu a vacinação como principal ferramenta para combater a doença e disse que a decisão sobre o uso da cloroquina para tratar a covid depende de análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), e não de sua opinião pessoal.
‘O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente’, pontuou, ressaltando que não cabe a ele fazer juízo de valor sobre o assunto. Além disso, ao ser perguntado sobre o tema pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Queiroga disse que não autorizou a distribuição do medicamento a estados e municípios para tratamento de pacientes com a covid-19. ‘Não tenho conhecimento de que está havendo distribuição de cloroquina’, afirmou. Ele também respondeu que não recebeu nenhuma orientação de Bolsonaro referente ao uso do fármaco.
Marcelo Queiroga disse que, quando assumiu a pasta, encontrou uma situação em que a logística de distribuição de insumos ‘acontecia de forma apropriada’. Para ele, o colapso no sistema de saúde decorreu de uma ‘imprevisibilidade biológica’ do vírus. Ele afirmou também que não pode responder sobre ações de gestões anteriores à dele, ao ser perguntado sobre as tratativas do Ministério da Saúde com a Pfizer, em agosto do ano passado, quando Eduardo Pazuello estava no comando da pasta. ‘Não tenho como precisar se houve demora, porque não participei dessas negociações’, disse.
Vacinação
Na ocasião, ele fez uma defesa enfática da vacinação, que considerou ser a ‘resposta da ciência’ à pandemia. ‘Nós só temos um inimigo: o vírus, o novo coronavírus. E temos que unir as nossas forças para cessar o estado pandêmico dessa doença.’ Segundo ele, além da questão sanitária, há outros aspectos que precisam ser considerados, como os socioeconômicos, que podem levar o País a uma situação ‘muito complexa’.
Convocado na condição de testemunha, o ministro também argumentou que as críticas de Bolsonaro sobre as vacinas não tiveram impacto na campanha de imunização. ‘Eu penso que [as críticas do presidente] não têm impacto na campanha de vacinação. Pesquisas mostram que mais de 85% da população brasileira quer a vacinação. Fazer juízo de valor acerca do que o presidente fala não é uma competência do ministro da Saúde.’
Em resposta a questionamentos dos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Rogério Carvalho (PT-SE) sobre a possibilidade de quebra da patente de vacinas, o ministro afirmou ser contra essa proposta – que, segundo ele, pode prejudicar o programa de imunização. Na avaliação de Queiroga, o Brasil não conseguiria produzir vacinas da Pfizer e da Janssen.
Cronograma
Marcelo Queiroga está há 46 dias no cargo, tendo sucedido Eduardo Pazuello na pasta da Saúde. O ex-ministro dará depoimento na CPI no próximo dia 19, após a data original ter sido adiada. Na próxima quinta-feira (13), serão ouvidos o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e representantes da farmacêutica Pfizer.
Ontem, os senadores que integram a Comissão também decidiram adiar o depoimento do diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, que estava previsto para ontem. A mudança se deu por causa do alongamento do depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ainda em andamento no período da tarde. Com a mudança, Barra Torres agora será ouvido na próxima terça-feira (11). No dia seguinte, está marcado o depoimento do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten. (Com informações da Agência Brasil e da Agência Senado)
Fonte: O Estado CE Online