Vinte maiores biofarmacêuticas somam US$ 3,8 trilhões
Cifras entre julho e setembro foram recordes para um trimestre
por Ana Claudia Nagao em
As 20 maiores biofarmacêuticas globais devem registrar um crescimento conjunto de 4% em capitalização de mercado no terceiro trimestre de 2025, segundo dados da GlobalData. O valor combinado das companhias passou de US$ 3,7 trilhões (R$ 20,28 trilhões) em 30 de junho para US$ 3,8 trilhões (R$ 20,82 trilhões) em 30 de setembro, impulsionado por fortes avanços em pesquisa e desenvolvimento.
Das companhias listadas pela consultoria, 11 ampliaram a capitalização de mercado no período. A UCB liderou, com alta de 40,9%, alcançando US$ 59,8 bilhões (R$ 327,7 bilhões) e entrando pela primeira vez no grupo das 20 maiores do setor. O salto foi atribuído ao fortalecimento competitivo do medicamento biológico Bimzelx (bimequizumabe), após o sonelokimabe, da Moonlake Immunotherapeutics, apresentar resultados aquém do esperado, favorecendo a posição do medicamento da empresa belga no tratamento da hidradenite supurativa.
Outro destaque foi a Alnylam Pharmaceuticals, que cresceu 40,6% impulsionada pelo bom desempenho do Amvuttra, medicamento para cardiomiopatia e amiloidose transtirretina. As vendas globais do medicamento subiram 59% no segundo trimestre de 2025, atingindo US$ 492 milhões (R$ 2,7 bilhões), beneficiadas também pela aprovação do produto para o tratamento da cardiomiopatia Amiloide por transtirretina na União Europeia em junho.
A AbbVie registrou alta de 24,7%, apoiada pela aquisição da Capstan Therapeutics por US$ 2,1 bilhões (R$ 11,51 bilhões) em agosto, que adicionou ao portfólio uma terapia CAR T em fase I (CPTX2309) e uma plataforma de entrega de RNA. Já a Johnson & Johnson cresceu 21,5%, embalada por um aumento de 5,8% nas vendas do segundo trimestre e pelo avanço de seu pipeline, incluindo a aprovação do anticorpo monoclonal Tremfya para uso pediátrico pela FDA em setembro. Segundo estimativas de analistas, o medicamento pode alcançar US$ 9,2 bilhões (R$ 50,4 bilhões) em vendas até 2031.

Nove biofarmacêuticas em queda
No outro extremo, nove empresas registraram queda na capitalização de mercado. A Novo Nordisk recuou 21,8% e perdeu duas posições no ranking após reduzir suas previsões de vendas e lucro operacional, pressionada pela concorrência crescente dos medicamentos Mounjaro e Zepbound, da Eli Lilly, e por formulações compostas de agonistas de GLP-1 nos EUA.
A CSL também encolheu 16,9% devido à queda na demanda por vacinas contra gripe, enquanto a Vertex viu sua capitalização diminuir 12,2% – após o fracasso do inibidor de dor NaV1.8 (VX-993) em estudo de Fase II.
Apesar dos desafios externos, entre eles tarifas impostas por Trump e a ordem executiva que busca aproximar os preços de medicamentos nos EUA aos praticados em outros países desenvolvidos, analistas avaliam que o setor se mantém resiliente.
“Os líderes da indústria continuam impulsionando a inovação, avançando seus programas de P&D, com empresas como a AbbVie realizando aquisições estratégicas bilionárias”, conclui Alison Labya, analista sênior da GlobalData.