SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -O volume de serviços no Brasil decepcionou em fevereiro e registrou queda pelo segundo mês seguido, indicando dificuldades de recuperação em meio às pressões cada vez maiores da inflação.
Em fevereiro o setor teve queda de 0,2% do volume em relação ao mês anterior, resultado que ficou bem aquém da expectativa em pesquisa da Reuters com analistas de um avanço de 0,7%.
Além disso, o dado mensal de janeiro foi revisado com força a uma queda de 1,8%, de recuo de 0,1% informado antes, o que, segundo o IBGE, pode ser resultado de uma atualização do modelo da pesquisa, já que não houve alteração das informações.
Nos dois primeiros meses do ano, o setor acumula perda de 2,0%, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O volume de serviços está 5,4% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020, porém permanece 7,0% abaixo de novembro de 2014, o ponto mais alto da série histórica.
O IBGE informou ainda nesta terça-feira que, em relação a fevereiro do ano anterior, o volume teve avanço de 7,4%, contra expectativa de alta de 8,8%.
Embora o avanço da vacinação contra a Covid-19 tenha permitido a retomada dos serviços, o setor enfrenta agora um cenário de inflação elevada e ainda muitos desempregados, com redução da renda dos trabalhadores.
Somente em março a inflação no Brasil deu o maior salto em 28 anos para o mês, com um avanço de 1,62% do IPCA sob o impacto da alta dos combustíveis e com disseminação generalizada por vários grupos de produtos e serviços.
Entre as cinco atividades de serviços pesquisadas, duas apresentaram retração em fevereiro na comparação mensal. O maior impacto veio da queda de 1,2% em serviços de informação e comunicação, a terceira perda seguida.
‘O que puxou a queda dessa atividade foram as telecomunicações, que caíram 2,8% em fevereiro. Esse segmento, que é o de maior peso na pesquisa, encontra-se 9,0% abaixo do patamar pré-pandemia’, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Já a categoria outros serviços apresentou retração de 0,9% no mês, segunda queda seguida, deixando a atividade 0,4% abaixo do patamar pré-pandemia.
Por sua vez, apresentaram aumento de volume em fevereiro transportes (2,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (1,4%) e os prestados às famílias (0,1%).
Já o índice de atividades turísticas, apresentou queda de 1,0% em fevereiro frente ao mês anterior, depois de recuo de 0,4% em janeiro, estando ainda 10,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
Fonte: Isto é Dinheiro Online