O evento, que contará com a moderação de Helena Nader, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do Conselho Superior da FAPESP, debaterá como o combate à COVID-19 pode ajudar a encontrar respostas para outros desafios que ameaçam a humanidade, como as doenças virais, fúngicas e bacterianas, com grande impacto sobre a saúde, os ecossistemas e as desigualdades sociais.
‘O tema da conferência está relacionado ao conceito de saúde única [one health], que defende a integração entre saúde humana, animal e do meio ambiente para o equilíbrio do planeta’, explica Nader.
Endossada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2008, a ideia ganhou força com a disseminação de doenças como a gripe suína (H1N1), em 2009, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), na década de 2010, e, mais recentemente, a pandemia de COVID-19. As duas últimas são causadas por coronavírus que, muito provavelmente, têm como vetores os morcegos.
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‘O espaço de tempo entre as epidemias tem ficado cada vez mais curto. Em razão do desmatamento e da expansão da população sobre áreas de florestas, têm surgido novas ameaças à saúde humana’, observa Nader.
A professora da Unifesp menciona, por exemplo, o impacto da construção da hidrelétrica de Tucuruí (PA) na multiplicação da população de mosquitos, sobretudo o Anopheles, vetor da malária, e o Mansonia, de acordo com pesquisas realizadas por pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC) e do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), recentemente mencionadas em reportagem assinada por João Moreira Salles, na revista Piauí.
Estudo recente estima que apenas 0,025% do viroma – ou conjunto de vírus – da região amazônica é conhecido e que a destruição da floresta pode levar à emergência de novos patógenos e de novos vírus (leia mais em: agencia.fapesp.br/36634 ).
Mas a ameaça à saúde humana não está apenas nos novos vírus ou na Amazônia: em dezembro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre o primeiro caso positivo no país de Candida auris, fungo resistente a medicamentos que representa uma séria ameaça à saúde pública em virtude da taxa de letalidade próxima a 60%. ‘Isso sem falar nas superbactérias, resistentes a antibióticos’, acrescenta Nader, lembrando que essas bactérias multirresistentes a tratamentos levaram à morte muitos pacientes acometidos pela COVID-19.
‘As perspectivas são assustadoras’, afirma Nader. Para analisar os riscos e avaliar soluções, a quarta Conferência FAPESP 60 anos reunirá Andrea Dessen, pesquisadora do Centre National de la Recherche Scientifique (França), Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), e Arnaldo Colombo, professor da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp). A abertura do encontro será feita por Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.
Os interessados podem se inscrever pela página do evento para assistir pelo Zoom e enviar perguntas para [email protected]. As perguntas serão respondidas durante o evento.
Fonte: News Quimiweb