Entenda o impacto da experiência de usabilidade nos apps
Especialista indica como as farmácias podem vender mais no digital
pensando primeiro na estratégia e não apenas no visual
por Ana Claudia Nagao em


Para quem trabalha com UX design, a experiência de usabilidade refere-se à facilidade e satisfação do cliente ao interagir com um produto ou sistema. Em um mundo onde o digital se tornou indispensável, farmácias que desejam escalar suas vendas e melhorar a jornada de consumo precisam ir além da implementação de um aplicativo bonito.
“A usabilidade e o UX design (design da experiência do usuário) são hoje os pilares fundamentais para o sucesso de qualquer ferramenta digital, seja um aplicativo, um e-commerce ou até mesmo o atendimento via WhatsApp”, avalia Andrew Felix, designer de produto sênior da Procfit.
Segundo o especialista, muitas empresas cometem o erro de começar a implementação do app pela identidade visual antes mesmo de entenderem o que realmente precisam construir. “É como comprar um sofá antes de medir a sala”, compara. O design, explica o consultor, não se resume à aparência, mas sim à concepção estratégica de um produto. No Brasil, ainda prevalece a tendência de associar “design” apenas à estética, quando na verdade a palavra significa “projeto”. E projetos sólidos começam com estratégia, pesquisa e entendimento do público.
Na experiência de usabilidade, a base vem antes da tela
No contexto do varejo farmacêutico, pensar na experiência de usabilidade significa, antes de tudo, mapear os fluxos que os usuários vão percorrer dentro do aplicativo, entender quem são essas pessoas (as “personas”) e quais funcionalidades elas realmente esperam.
“Você não começa pelo código sequer pelo layout. O ponto de partida envolve o UX designer, profissional responsável por levantar as dores, as certezas e as dúvidas que precisam ser respondidas antes da disponibilização do aplicativo ao consumidor”, explica Felix.
Ferramentas como a matriz CSD (Certezas, Suposições e Dúvidas), mapas de empatia e protótipos interativos em plataformas como o Figma permitem que farmácias testem a experiência do usuário antes de escrever uma linha de código. “Isso evita desperdício de tempo, recursos e aumenta as chances de sucesso”, ressalta o especialista.
Usabilidade não é diferencial, é o mínimo
De acordo com Felix, um erro comum é pensar que aplicabilidades básicas, como letras legíveis ou botões funcionais, já são consideradas diferenciais. “Na verdade, isso é obrigação. O que diferencia um app de outro é como ele se destaca dentro das premissas básicas”, explica.
No caso das farmácias, esse diferencial pode estar em pequenas facilidades, como sugestões personalizadas de produtos, histórico de compras, alertas de uso contínuo ou entrega facilitada. “Compreender as reais necessidades do cliente amplia as chances de fidelização”, endossa.
WhatsApp como ponto de partida
Para pequenas farmácias ou redes que ainda não têm estrutura para um app próprio, o atendimento via WhatsApp com automações pode ser a primeira etapa para a transformação digital. “É importante avaliar se a rede ou PDV tem capacidade para escalar os negócios e se conta com produto e estoque para vender além do balcão físico”, provoca Felix.
Em muitos casos, um atendimento conversacional bem estruturado no WhatsApp, por meio de chatbots e UX Writing (escrita voltada para experiência do usuário), pode resolver a maior parte das necessidades do cliente, sem que ele precise baixar mais um aplicativo ou enfrentar etapas burocráticas. “O importante é estar onde o consumidor já está, e não o forçar a migrar para ambientes que ele não deseja explorar”, avalia.
Quando é hora de ter um app?
A decisão de desenvolver um aplicativo deve estar atrelada à maturidade do negócio. “Se a farmácia ainda está restrita a um bairro ou região, talvez não seja o momento. Mas se ela tem capacidade logística e quer vender para fora da sua cidade, faz sentido investir em uma solução digital mais robusta”, pondera.
Outro ponto crucial é a padronização visual e funcional, o chamado design system, que garante consistência em todas as plataformas. “Empresas como Google e Microsoft usam sistemas visuais padronizados para que o usuário reconheça a marca em qualquer interface. Isso também é possível, e desejável, para redes de farmácia”, afirma.
Mais que visual, um projeto estratégico
Ao investir em um aplicativo, site ou atendimento automatizado, farmácias devem buscar profissionais e equipes que entendam a necessidade de tomar decisões baseadas em dados e testes reais, e não apenas em opiniões ou estética.
“A maior prova de boa usabilidade é quando ninguém precisa de ajuda para usar seu sistema”, resume. E esse é um objetivo que só se atinge quando o projeto é bem pensado desde a raiz, e não apenas pela aparência. Se você é gestor, empreendedor ou profissional do varejo farmacêutico e quer expandir sua atuação digital, pense como um arquiteto: planeje, projete e só depois comece a construir. Afinal, um aplicativo sem usabilidade é só mais um ícone esquecido no celular do cliente.