Mais de 1,5 mil patentes de medicamentos expiram nos próximos anos
Mercado de genéricos pode crescer 20% até 2030 como consequência
por Gabriel Noronha em
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A indústria farmacêutica brasileira se prepara para a expiração de 1,5 mil patentes de medicamentos até 2030. O movimento deve ampliar significativamente o portfólio de genéricos disponíveis no país, segundo o portal O Sul.
A categoria já se destaca nas farmácias brasileiras, representando 15 dos 20 medicamentos mais prescritos no país. Atualmente, mais de 4,6 mil fármacos possuem versões genéricas, número que deve crescer cerca de 20%, à medida que patentes de medicamentos forem expirando.
O governo e diversas empresas que atuam no Brasil já mapeiam substâncias estratégicas que devem entrar em domínio público. O objetivo é direcionar investimentos em pesquisa, fábricas e cadeias logísticas a fim de viabilizar a produção de genéricos assim que possível.
Entre os principais alvos nesse primeiro momento estão os fármacos usados no tratamento do câncer, além de antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios e o Ozempic, todos com grande impacto clínico e econômico.
O último, blockbuster da Novo Nordisk para diabetes, conta com exclusividade apenas até março de 2026 e já tem uma fila de farmacêuticas interessadas em sua formulação. Apenas ao longo do último ano, o Panorama Farmacêutico já noticiou movimentações da Biomm, Hypera, EMS, Cimed, e da Eurofarma em busca de sua própria versão.
Fim das patentes de medicamentos pode aliviar contas públicas
Pela lei, genéricos devem ser no mínimo 35% mais baratos que os medicamentos de referência. No ano passado, esse mercado faturou R$ 20,4 bilhões, 13,5% a mais que em 2023, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), com dados da consultoria IQVIA.
Essa alteração nos valores pode impactar diretamente nos orçamentos de diversos programas públicos, como o Farmácia Popular, que já trabalha com um portfólio formado 85% por genéricos, e o SUS, que muitas vezes precisa arcar com o fornecimento de medicamentos de alto custo.
“Há remédios de centenas de milhares de reais para o tratamento anual de um único indivíduo, totalmente importados. Se trabalharmos nos próximos anos absorvendo tecnologias e produzindo genéricos, será bom não só para a concorrência, mas para garantia de acesso e redução de judicialização contra o SUS e planos de saúde”, explica Andrey Vilas Boas de Freitas, presidente executivo da Abifina.
“O Brasil é dos poucos países que, além do atendimento, dão remédio. Isso dá ao Estado enorme poder de compra, o que ajuda a reduzir o preço”, complementa Fernando Aith, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.