Medicamentos puxam fila dos gastos com saúde mental
Pesquisa da Serasa revela que remédios representam maior parte dos investimentos, com aumento significativo em apenas um ano
por Gabriel Noronha em


Pesquisa realizada pela Serasa, em parceria com a Opinion Box, revela que os medicamentos se consolidaram como os maiores responsáveis pelos gastos com saúde mental no Brasil, sendo apontados por 38% dos entrevistados. Em segundo lugar aparecem a terapia e o acompanhamento psicológico (21%), seguidos por plano de saúde (17%) e consultas com psiquiatras (16%).
O crescimento dos investimentos em remédios é expressivo. Em 2024, eles representavam 24% das despesas com saúde mental. Em apenas um ano, esse percentual subiu 14 pontos, alcançando os atuais 38%. Os demais tipos de gastos também registraram aumento. Terapia e psicólogo subiram de 12,3% para 21%; plano de saúde, de 11% para 17%; e psiquiatras, de 7,5% para 16%.
Para Thiago Ramos, especialista da Serasa em educação financeira, os dados mostram como o cuidado com a saúde mental ainda é um desafio de acesso. “Cuidar da saúde mental não deveria ser um privilégio, mas uma parte essencial da vida de todos. A educação financeira é, também, uma ferramenta de bem-estar e prevenção”, destaca.
Concentração dos gastos com saúde mental no Brasil

O peso financeiro dos gastos com saúde mental
Setembro é tradicionalmente o mês de atenção à saúde mental no Brasil, por meio da campanha Setembro Amarelo. Mesmo com a conscientização crescente sobre o tema, o peso financeiro ainda é uma barreira. A pesquisa aponta que 33% dos brasileiros desembolsam entre R$ 101 e R$ 300 por mês para cuidar da saúde mental, enquanto apenas 18% conseguem limitar os gastos a até R$ 100.
Quanto costumam investir na saúde mental
(mensalmente)

Quando questionados sobre quanto gostariam de investir, 30% indicaram o desejo de gastar até R$ 100, o que evidencia um descompasso entre o custo real e o que as pessoas consideram ideal ou possível dentro do próprio orçamento.
Quanto gostariam de investir na saúde mental
(mensalmente)

Gastos com saúde mental requerem gestão de finanças
A representatividade desses gastos na renda mensal também chama atenção. Para 44%, os investimentos com saúde mental consomem até 10% da renda; 30% gastam entre 11% e 25%; 17% entre 26% e 50%; e 9% chegam a comprometer mais da metade do que ganham.
Representatividade dos gastos com saúde mental na renda da população
(em % da renda)

Essas despesas constantes acabam impactando diretamente a estabilidade financeira dos brasileiros. Para 26% dos entrevistados, as dificuldades financeiras são frequentes por conta dos gastos com saúde mental. Outros 25% afirmam passar por esse aperto ocasionalmente, e 24% já enfrentaram problemas semelhantes, mas hoje têm a situação sob controle. Apenas um quarto (25%) nunca enfrentou essa dificuldade.
Entre os principais motivos para não investir mais em saúde mental, destacam-se a priorização de outras áreas da vida (20%), a falta de condições financeiras (18%) e o acúmulo de responsabilidades (11%), que inviabilizam o tempo para o autocuidado.
“A pesquisa reforça que, apesar dos avanços na conversa sobre saúde mental, o acesso contínuo a cuidados de qualidade ainda está atrelado à realidade financeira de grande parte da população”, finaliza Ramos.