Novo Nordisk solicita aprovação para Wegovy 7,2 mg
Versão com dose mais alta mostrou maior perda de peso em estudos
por César Ferro em
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No fim de novembro, a Novo Nordisk submeteu à Anvisa o pedido de aprovação para a venda do Wegovy 7,2 mg. O medicamento, que conta com uma dose maior de semaglutida, é indicado para o tratamento da obesidade. As informações são do Metrópoles.
A formulação é a dose mais alta já proposta para o remédio. A nova apresentação é três vezes mais concentrada que o limite de 2,4 mg aprovado em diversos países. Ainda não há uma previsão para a agência concluir a avaliação.
Wegovy 7,2 mg levou a perda média de 20,7 % do peso corporal
A nova formulação do Wegovy foi avaliada no estudo STEP UP, cujos resultados foram divulgados na última semana de novembro. A pesquisa analisou a eficácia e a segurança do uso da semaglutida semanal de 7,2 mg em 1.407 adultos com obesidade e sem diabetes. Todos os participantes foram orientados a reduzir a ingestão de calorias e aumentar a prática de atividade física.
Segundo a pesquisa, após 72 semanas, a perda média de peso corporal foi de 20,7%. Em comparação, os pacientes que receberam a dose de 2,4 mg tiveram uma redução média de 17,5% e o grupo que utilizou placebo apresentou queda de 2,4%.
O estudo também apontou que 33,2% dos participantes do grupo 7,2 mg chegaram a uma perda de peso de pelo menos 25%. “Se aprovada, a semaglutida 7,2 mg trará a pacientes e profissionais de saúde uma nova opção com potencial para maior perda de peso, reforçando ainda mais a eficácia da molécula”, comenta Anna Windle, vice-presidente sênior de desenvolvimento clínico, assuntos médicos e regulatórios da Novo Nordisk.
A farmacêutica afirma que o perfil de segurança da dose seguiu padrão semelhante ao de estudos anteriores com o princípio ativo. Os eventos adversos mais frequentes foram gastrointestinais, como náuseas e desconfortos digestivos, principalmente durante o período de aumento gradual da dose. A maioria das reações foi classificada como leve ou moderada e diminuiu com a evolução do tratamento.
Novo Nordisk busca autorização em outros mercados
A Novo Nordisk também pediu autorização para a dose de 7,2 mg para outras agências regulatórias, como FDA, EMA e órgãos do Reino Unido. A expectativa é que a análise ocorra em até dois meses nos Estados Unidos e, na Europa, a decisão deve ser divulgada no primeiro trimestre de 2026.
Escassez de doses mais altas motiva manipulação de GLP-1
No fim de novembro, a Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular um esquema de manipulação de GLP-1. As farmacêuticas que detêm as patentes, Eli Lilly e Novo Nordisk, atuam para tentar impedir a comercialização ilegal.
Segundo Manuela Coutinho, presidente da Associação Nacional Magistral de Estéreis (ANME), a demanda pelos medicamentos manipulados ocorre porque são escassas no Brasil as opções com dosagens mais altas. “O paciente precisa continuar o tratamento, ir aumentando a dosagem. Por isso, muitos médicos recomendam o manipulado”, explica.
Somente farmácias de manipulação estéreis podem produzir medicamentos análogos de GLP-1. No país, são apenas 35 unidades, que precisam ter um sistema de esterilização mais robusto.