
A divisão farmacêutica da Bayer fechou 2024 com € 825 milhões (R$ 5,3 bilhões) em vendas na América Latina, crescimento de 10,8% em relação ao ano anterior. Trata-se do segundo maior aumento percentual no mundo, inferior somente ao dos Estados Unidos.
Os dados foram apresentados no evento anual para a imprensa, que ocorreu na última terça-feira, dia 6, na sede da companhia em São Paulo (SP). O encontro também reuniu representantes da Argentina, Colômbia e México de forma online e presencial.
“No continente, crescemos mais que o triplo do resultado global no ano passado, cuja alta chegou a 3%. Estamos em uma curva ascendente pautada por produtos inovadores capazes de mudar o curso de uma determinada patologia e mudar a qualidade de vida do paciente”, destaca Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Bayer para o Brasil e América Latina.
O desempenho coloca a companhia entre as dez maiores empresas multinacionais do setor estabelecidas na região, que recebe € 130 milhões (R$ 842,4 milhões) em aportes anuais. Nos próximos dois anos e meio, a meta é alcançar um faturamento de € 1 bilhão (R$ 6,48 bilhões), sustentada pelo expressivo volume de 120 lançamentos no período de 2023 a 2027.
Divisão farmacêutica da Bayer mira áreas prioritárias
Segundo Jacob, a performance da divisão farmacêutica da Bayer é fruto de uma estratégia com foco em marcas prioritárias. Foram mais de 75 lançamentos nos últimos três anos, considerando novas moléculas ou indicações nos mais de 30 países onde a companhia opera na América Latina. Atualmente, mais de 85 pesquisas clínicas estão em andamento, muitas delas para pacientes tratados via sistema público.
“Há alguns anos a nossa região deixou de ser coadjuvante. Em 2019, por exemplo, o Brasil foi o segundo país do mundo a lançar o Nubeqa (darolutamida), para o tratamento de câncer de próstata. Hoje ele é um blockbuster global, com vendas superiores a € 53 milhões (R$ 343,4 milhões) na América Latina no ano passado”, reforça o executivo.
Outro caso de sucesso envolveu o Eylea (aflibercepte) 8 mg. Indicado para doenças da retina, o medicamento foi aprovado e lançado quase que simultaneamente na Europa, México, Brasil e Argentina, no segundo semestre de 2024. Por aqui, o fármaco já faz parte do rol da ANS e a Bayer está em tratativa com a Conitec para incorporação no SUS.
Referência em saúde da mulher
A Bayer conquistou recentemente o equilíbrio entre as vendas para o varejo, que correspondem a 49% dos negócios; e no canal institucional, que representa 51% da receita. No retail, o Mirena (levonorgestrel) é o maior produto do portfólio da farmacêutica, que completa 25 anos de mercado este ano e contabilizou € 102 milhões (R$ 660,9 milhões) em vendas na América Latina, crescimento de 9% em relação a 2023.
Atualmente, o contraceptivo intrauterino hormonal de longa ação está em fase de discussão dentro da Anvisa. O medicamento tem como foco a prolongação do período de proteção contra a gravidez para oito anos. “Também entramos com uma solicitação de incorporação no Ministério da Saúde para tratamento da dor da endometriose”, afirma Eli Lakryc, vice-presidente da área médica da divisão farmacêutica da Bayer no Brasil e na América Latina.
De acordo com o médico, mesmo após décadas, o produto segue sendo referência nos cuidados com a saúde feminina, como uma solução que vai além da contracepção. “Diversos estudos têm sido publicados sobre sua aplicação no combate ao sangramento uterino anormal (SUA) e para reposição hormonal em mulheres na menopausa”, explica Lakryc.
A Bayer também aguarda a aprovação da molécula não-hormonal elinzanetant para o tratamento de sintomas vasomotores, como as ondas de calor e em distúrbios do sono, durante a menopausa. A expectativa é de que a FDA dos Estados Unidos seja o primeiro órgão a aprovar o uso nos próximos meses. A empresa também já submeteu a solução à aprovação regulatória em outros países do mundo, incluindo o Brasil.
Terapia gênica
Nos últimos cinco anos, a Bayer também vem apostando em um pipeline com novas indicações de moléculas já comercializadas. Hoje, são cerca de 30 projetos de pesquisa em andamento, sendo 40% dedicados à oncologia e 30% à área cardiorrenal.
Além disso, aproximadamente 20% dos investimentos destinam-se à terapia celular e gênica. “Temos estudos em fase II para doença de Parkinson e insuficiência cardíaca congestiva com terapia gênica. Também há estudos em fase I, dedicados a doenças raras e neurológicas”, acrescenta o médico.