
Uma antiga farmácia portuguesa ganhou notoriedade ao desempenhar papel fundamental durante a Gripe Espanhola, firmando-se como principal polo produtor de medicamentos para atender às vítimas da epidemia no país. Fundada há 113 anos, a Farmácia Monte, situada na região de Vila Viçosa (Distrito de Évora), tornou-se em 2022 um museu com acervo invejável.
Por meio de frascos e utensílios organizados de forma criteriosa nas estantes e armários, o local recria, de maneira impressionante, o ambiente onde eram dispensados os medicamentos no início do século 20.
A intensa frequência de visitantes no espaço estimula o município português a investir em parcerias com a Associação Nacional de Farmácia, o Museu da Farmácia e a Ordem dos Farmacêuticos, entre outras entidades do segmento. O objetivo é fortalecer a divulgação do museu como patrimônio cultural do país e do varejo farmacêutico.
A origem da histórica farmácia portuguesa
Criada em 1912, a antiga farmácia portuguesa foi fruto do sonho empreendedor de António Vítor do Monte. O farmacêutico autodidata obteve da Universidade de Coimbra a chancela para atuar na área após se submeter a uma série de provas mesmo sem ter formação acadêmica tradicional.
Com amplo conhecimento prático, ele ergueu no espaço um laboratório de manipulação e formou uma linha industrial de fabricação de comprimidos, xaropes e injetáveis. Incentivado, chegou a construir, abaixo do imóvel, uma cisterna para captação de água da chuva – considerada, à época, um valioso ingrediente para viabilizar a produção de agentes terapêuticos. A frascaria para armazenar seu portfólio foi adquirida diretamente da Alemanha.
Visionário, o fundador sempre demonstrou zelo especial com a preservação do estabelecimento e do acervo. “Ao percebermos que tínhamos uma coleção tão valiosa no aspecto histórico, decidimos cultivar esse legado para que todas as pessoas pudessem apreciar e conhecer o ofício do profissional de farmácia”, afirma o filho Victor Monte.
O museu reproduz uma típica farmácia de aldeia, exatamente como funcionava há mais de 100 anos. Não à toa, tornou-se uma das melhores coleções artísticas de Portugal na visão de especialistas.