As acusações de Fernando Marques, presidente da União Química, de um possível boicote da vacina russa Sputnik V no Brasil gerou uma reação dura e contundente da Anvisa.
Na última quinta-feira, dia 18, o Panorama Farmacêutico teve acesso a um áudio do empresário, enviado ao empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan. O empresário acusa a agência de barrar a liberação da vacina russa por interesses políticos, com a intenção de beneficiar o governador de São Paulo João Doria (PSDB), por meio do Instituto Butantan; e ainda o PT e o PCdoB, que teriam “na mão” a Fiocruz, responsável pela produção do imunizante da AstraZeneca e da Universidade de Oxford. Segundo fontes, a mensagem chegou também ao presidente Jair Bolsonaro.
Na gravação, Marques alega que solicitou a autorização para uso emergencial da vacina no dia 14 de janeiro e afirma ter a comprovação eletrônica do pedido. Mas a agência teria ignorado a farmacêutica e suspendido a análise. O empresário ainda diz que teria sido humilhado em uma reunião com o presidente da autarquia, Antônio Barra Torres.
O que alega a Anvisa?
A agência emitiu a seguinte nota oficial em resposta à União Química.
A Anvisa não tem predileção nem exerce favorecimento a nenhuma empresa. Além disso, o diretor-presidente da Agência, Antonio Barra Torres, preza sempre pela cordialidade e urbanidade ao receber pessoalmente integrantes do setor regulado em reuniões que são publicadas em agenda de trabalho e que possuem ata gravada e escrita.
Assim aconteceu na reunião com o presidente da empresa União Química, Sr. Fernando Marques, no dia 11/3, quinta-feira. A agenda transcorreu na presença da diretora Meiruze Freitas, da Segunda Diretoria, diretamente responsável, entre outros temas, pelos protocolos de análise de vacinas; Juvenal de Souza Brasil, adjunto da Primeira Diretoria; Alberto Frambach, assessor da Presidência da Anvisa; e Richardson Araújo, assessor técnico da Diretoria.
Em nenhum momento o diretor-presidente tratou o solicitante da reunião com qualquer tipo de hostilidade. A reunião foi solicitada com 24 horas de antecedência e, em face da importância do tema, marcada para o dia seguinte.
A Anvisa está sempre à disposição para atender o laboratório. Desde o início da pandemia, foram realizadas 15 reuniões da Agência com a União Química.
Na última quarta-feira, dia 17/3, a Anvisa participou de uma nova reunião com representantes do Fundo Russo de Desenvolvimento, juntamente com a União Química. Foram, mais uma vez, discutidos detalhes sobre a documentação necessária para o pedido de uso emergencial da vacina Sputnik V.
Em 15 de janeiro de 2021, deu entrada no protocolo da Anvisa um pedido de uso emergencial da vacina Sputnik V. Até o presente momento, o processo não recebeu atualizações decorrentes das exigências da Agência e as discrepâncias apontadas no processo não foram sanadas pelo laboratório.
Uma nova reunião com o laboratório e o Fundo Soberano Russo deve ocorrer na próxima segunda-feira, dia 22/3.
Por fim, a Agência esclarece que não exerce nenhum tipo de atividade político-partidária, nem trabalha para favorecer qualquer liderança política. A Anvisa é um órgão de Estado, com a missão de garantir a segurança sanitária da população brasileira.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico
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