Black Friday: desconto vai ter, mas não o suficiente para garantir ‘precinho’

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O varejo está contando as horas para o início da Black Friday, principal data de vendas do setor. Se fosse seguir o calendário original, a promoção aconteceria no dia 26 de novembro, última sexta-feira do próximo mês. Mas o comércio brasileiro ampliou há muito tempo a extensão da Black Friday: por aqui, temos o mês, a quinzena e a semana de descontos.

Neste ano, uma série de fatores estão pressionando os preços dos produtos mais desejados da Black Friday, como TVs, videogames e smartphones. Como eles já encareceram muito, o receio é que não haja margem para dar bons descontos aos clientes.

Especialistas ouvidos pelo 6 Minutos dizem que vai ter desconto, sim, na Black Friday deste ano. A dúvida é saber se o percentual de redução será suficiente para convencer o consumidor a gastar seu rico dinheirinho.

‘A Black Friday deste ano é o grande evento do ano do varejo. As empresas vão trabalhar com otimização do mix de produtos e buscar a melhor oferta para estimular a demanda. Neste ano, temos mais descontos e melhores condições de pagamento do que em 2020’, diz Fernando Baialauna, diretor da consultoria GfK.

Vai ser Black Friday de descontinho? É bem provável. O problema, segundo Baialuna, é que os preços já subiram demais. De janeiro a agosto, o videogame acumula uma alta de 61%. No mesmo período, os tablets, que ganharam sobrevida com as aulas remotas, encareceram 59%. E as TVs de tela fina subiram 28% (veja tabela mais abaixo).

‘Em 2020, o varejo ofereceu menos descontos do que em 2019. Neste ano, os descontos voltaram. A questão é que os preços eram mais estáveis em 2019 e agora subiram demais. Então, o consumidor perde a referência de preço. Quando o comércio dá um desconto de 10%, 15%, o cliente compara com o preço de 2019 e acha que não compensa’, diz Baialuna.

Se depender da indústria de eletroeletrônicos, vai ter promoção. ‘Estamos fazendo esforços para fazer da Black Friday um momento de preço mais acessível ao consumidor, mais que em qualquer outro momento do ano’, diz José Jorge do Nascimento Júnior, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos).

Se os descontos não vão ser uma Brastemp, dá para contar que os preços vão parar de subir? José Jorge do Nascimento Júnior, da Eletros, diz que os preços não subiram nesse percentual levantado pela GfK na indústria. ‘Esse aumento todo não está saindo da indústria. A indústria não fez esse aumento de 28% na TV’, afirma ele.

Segundo ele, o aumento médio de preços do setor gira em torno de 7% a 10%. ‘Temos esse aumento por conto ambiente de negócios no Brasil e da conjuntura que estamos vivendo.’

O que está pressionando os custos do setor? A lista é imensa. ‘A pressão é muito alta. O custo de produção subiu, os insumos nacionais e importados estão mais caros. Temos o problema da variação cambial, que encarece toda a cadeia. E enfrentamos um aumento absurdo de aumento do custo do frete marítimo. A gente pagava US$ 1.000 por container e agora estamos pagando US$ 30 mil’, afirma o presidente da Eletros.

Com tanta coisa jogando contra, vai ter consumidor para gastar na Black Friday? A expectativa é que o consumidor saia às compras, mesmo com preços mais altos e com o desemprego em alta. ‘A população espera a Black Friday para trocar seus equipamentos. Ou para comprar mais produtos, uma TV a mais para o quarto. E tem as pessoas que esperam para comprar uma lavadora melhor, por exemplo. O consumidor tem a expectativa de encontrar preços menores na Black Friday’, afirma Nascimento Junior.

Além disso, existe um movimento de premiunização em alguns segmentos, caso dos smartphones. ‘O consumidor quer telas de TV maiores, smartphones mais potentes, isso continua neste ano’, diz o diretor da GfK.

Com preços tão altos, essa vai ser a Black Friday de outros produtos e serviços? Os especialistas em varejo trabalham com esse cenário. ‘Devemos observar a volta do consumo de serviços, impulsionado pelo avanço da vacinação. Já faz algum tempo que a Black Friday vem se transformando em uma data de consumo de outras categorias menos tradicionais’, afirma Eduardo Yamashita, COO da consultoria Gouvea Ecosystem.

Além disso, a inflação de serviços subiu menos que a de bens de consumo. ‘Eletroeletrônicos, higiene e beleza devem continuar sendo os carros-chefes de vendas. Mas devemos ter uma surpresa com o consumo de serviços, beneficiando esse setor’, diz Yamashita.

Para Baialuna, as categorias relacionadas ao convívio social também devem se desatacar. ‘Vimos no mundo todo um avanço do consumo de revanche, de coisas que as pessoas não puderam fazer no auge da pandemia. Isso deve criar oportunidades para o setor de turismo, bares, restaurantes, bebidas e entretenimento.’

Vai vender mais? A expectativa é que as vendas empatem em volume com 2020, mas aumentem em faturamento, já que os preços aumentaram. ‘Em volume, as vendas devem ser iguais ou menores que no ano passado’, diz Baialuna.

Pelas estimativas da Eletros, o setor termina o ano com um crescimento em volume de 5% em relação a 2020 – a projeção inicial era de avanço de 10%.

Fonte: 6 Minutos

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