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Centro Boldrini espalha outdoors após governo trocar remédio para leucemia; ‘Vida da criança não tem preço’

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Centro é referência na América Latina no combate ao câncer infantil. Asparaginase alemã foi trocada pelo remédio chinês Leuginase, que tem qualidade contestada.

Por Roberta Steganha, G1 Campinas e Região

 

“A vida da criança não tem preço. Medicamento, só com eficácia comprovada”, diz um outdoor que faz parte de uma campanha do Centro Boldrini, referência na América Latina no combate ao câncer infantil. A iniciativa visa chamar a atenção do Ministério da Saúde e da população sobre a importância do uso de medicamentos com eficácia comprovada.

A medida foi tomada após o governo federal substituir a importação da asparaginase alemã, que era usada pelo hospital de Campinas (SP) para combater a Leucemia Linfóide Aguda (LLA), pelo remédio chinês Leuginase, que tem a qualidade questionada por especialistas.

Visibilidade

Segundo Ana Paula Carvalho, uma das responsáveis pela campanha, foram distribuídos 12 outdoors pela cidade, além de anúncios em revistas.

“Os outdoors e anúncios foram bonificados por parceiros. A ideia era chamar a atenção do Ministério da Saúde e que a população ficasse ciente do problema”, explica.

De acordo com Ana Paula, agora a campanha, que começou em abril, está entrando em uma segunda etapa, que visa arrecadar dinheiro para o hospital, já que a instituição gastou com a importação de frascos do medicamento europeu.

“A gente está entrando com a campanha de arrecadação de recursos […] Se tudo der certo é para o início do mês”, destaca.

Asparaginase

A Asparaginase usada pelo Boldrini é importada de laboratórios alemães. E até o início deste ano, este era o medicamento contra a leucemia adquirido pelo Ministério da Saúde e repassado aos hospitais.

Mas, o Ministério da Saúde fez uma mudança e passou a importar um medicamento chinês chamado Leuginase para combater LLA.

A importação do Leuginase foi questionada na Justiça pelo Centro Boldrini. No pedido, o hospital solicitava que a União fosse obrigada a comprar 50 mil frascos do medicamento usado anteriormente.

No último dia 12, a Justiça Federal determinou que o Ministério da Saúde fizesse a importação da Asparaginase alemã para qualquer hospital do Brasil que realize o tratamento da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pedisse o produto por via judicial.

Testes

De acordo com a oncologista e presidente do Boldrini, Sílvia Brandalise, a quantidade de proteína (impureza) no remédio europeu é de 0,5%. O teste encomendado pelo Boldrini e executado por um laboratório americano mostrou que a Leuginase tem índice de contaminação de 40%.

O primeiro teste encomendado pelo centro, feito pelo Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), já havia apontado que o produto apresenta 398 impurezas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação do Leuginase pelo Ministério da Saúde, mas informou que a responsabilidade da qualidade do produto é do importador.

Novo lote

No dia 19 de maio, o hospital de Campinas recebeu um novo lote, comprado com recursos próprios, e voltou a tratar crianças com a leucemia. Mas, o Ministério da Saúde disse que vai recorrer da decisão judicial.

Na mesma data, o Ministério da Saúde enviou uma nota técnica a hospitais, associações e entidades do setor para informar que testes oficiais teriam comprovado a qualidade do medicamento Leuginase.

No documento, o ministério apontava que dois lotes distintos do Leuginase – que tem como princípio ativo a L-asparaginase – foram testados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde. A unidade é ligada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pré-qualificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), diz a pasta.

Segundo esses testes, o produto chinês mostrou “capacidade esperada de ação contra o câncer” e “parâmetros adequados para uso”. A nota técnica também dizia que “não foram encontrados contaminantes bacterianos”.

Questionamento

No entanto, o Centro Boldrini afirmou ao G1 na semana passada, que enviou um ofício ao diretor do Ministério da Saúde pedindo esclarecimentos sobre a nota técnica divulgada pela instituição, na semana passada, que descartava risco no uso do medicamento chinês Leuginase contra leucemia.

No documento, o centro cobra estudos que comprovem a eficácia do produto e afirma que a nota técnica divulgada pelo Ministério da Saúde não atende aos requisitos básicos das pesquisas científicas realizadas neste caso.

Fonte: Portal G1

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