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Cientistas derrubam as fake news mais comuns do momento sobre vacinas

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Desde que a ciência produziu a primeira vacina contra a Covid, especialistas têm se esforçado para derrubar todas as mentiras e invencionices absurdas que circulam em redes sociais sobre os imunizantes. O objetivo de quem inventa e quem espalha esses absurdos é criar pânico. É apostar no caos e atrapalhar o trabalho de combate à pandemia. O Jornal Nacional vai eliminar agora algumas das fake news mais comuns do momento no Brasil.

É uma epidemia à parte a da desinformação. A OMS deu até nome para o ato de espalhar informações falsas com um simples toque dos dedos: infodemia. E, com a vacinação, esse mal atingiu o pico dos absurdos.

Para analisar as últimas fake news que andam circulando pela internet, o Jornal Nacional consultou três especialistas que sabem muito do assunto: a microbiologista Natalia Pasternak; o virologista da Federal do Rio de Janeiro Rômulo Neris; e o professor de Física do Corpo Humano da Universidade de São Paulo Adriano Alencar.

A primeira pergunta: Tem protocolo que determina o braço – direito ou esquerdo – para tomar a vacina?

Pasternak: De jeito nenhum. Tanto faz o braço da aplicação

Neris: O que realmente importa durante uma vacinação é a rota da vacina. Então, a gente tem vacinas que são intramusculares – como algumas, as vacinas de coronavírus, subcutânea, vacinas que são orais, iguais da pólio que a gente tomava quando era criança.

Pasternak: São vacinas intramusculares. Não interessa se é o músculo do braço direito ou do esquerdo. A eficácia é absolutamente a mesma. Não tem como ser diferente.

Repórter: A vacina só protege quando dá reação?

Neris: Nada a ver. Isso é uma fake news bizarríssima. Eu também ouvi falar.

Pasternak: Tem gente que não tem nada. Tem que gente que tem uma febre. Isso é absolutamente pessoal e não é um preditivo para saber se a vacina pegou ou não. Nem isso, nem teste de anticorpo.

Neris: Algumas pessoas têm mais ou menos reação por uma série de fatores. Desde genéticos até condições da pessoa no dia, e isso não tem nada a ver com o fato da vacina funcionar ou não.

Pasternak: Não vão causar efeito colateral em todo mundo e isso não é sinal se elas funcionam ou não. O que diz se elas funcionam são os testes clínicos.

Tem uma mensagem que é muito absurda, mas o Jornal Nacional perguntou mesmo assim.

Repórter: É verdade que quem toma a vacina fica magnetizado?

Alencar: Não, não é possível uma coisa dessa. Mesmo que você tivesse material, que você colocasse materiais ferromagnéticos, materiais magnetizáveis, injetasse materiais magnetizáveis, mesmo assim, isso não seria capaz de gerar um ímã dentro do nosso corpo. Além disso, as vacinas não contêm materiais metálicos.

Neris: Muito possivelmente o que a gente está vendo é só um fenômeno de objetos grudando na superfície de pessoas que são mais gordurosas.

E tem outras mensagens na mesma linha circulando nas redes sociais. São uma mistura de teorias da conspiração com ficção científica, mas, se não forem esclarecidas, pode ter gente perdendo a chance de tomar uma das atitudes preventivas contra a Covid: se vacinar.

Por isso, o Jornal Nacional também ouviu a resposta dos cientistas para outra questão.

Repórter: Vacinados são capazes de receber e emitir comunicação via wi-fi ou bluetooth?

Pasternak: É uma mentira deslavada. Não faz nenhum sentido. Um completo absurdo pensar que alguém pode ficar conectado via bluetooth após ser vacinado. Passa do nível de todos os absurdos que a gente já viu circulando por aí.

Neris: Isso é muito teoria da conspiração de filme B de ficção cientifica. Isso não acontece simplesmente porque a gente já sabe hoje em dia que a melhor maneira que gente ter sinal, de transmitir sinal de Bluetooth de internet é através do nosso aparelho celular.

Alencar: Não tem como você colocar uma antena tão pequena que passasse por uma seringa de agulha. Porque antenas são coisas macroscópicas que não passariam por uma seringa de injeção. Você tem um objeto de um centímetro, um centímetro, um milímetro são coisas grandes, então isso não tem como passar uma seringa de uma agulha de uma injeção.

Repórter: E, por fim, o que fazer com mensagens falsas

Alencar: Estamos vivendo um retrocesso incrível. O que a gente pode imaginar é quase que voltando ao período da Idade Média, onde existia um grupo dominante criticando os cientistas e inclusive com a Inquisição de cientistas. Então, isso é revoltante do ponto de vista científico ter que estar vindo a público defender a ciência.

Neris: Fake news são ruins em qualquer aspecto fazendo parte de qualquer espectro. Mas fake news de saúde têm o risco adicional porque elas têm o potencial de matar a curto, médio e longo prazo.

Pasternak: Essas mensagens falsas, que vão sendo propagadas por WhatsApp, pelas mídias sociais, elas precisam ser checadas. Para isso, a gente tem diversas agências de checagem, mais o trabalho da mídia tradicional que precisa ser propagado. Não repasse a mensagem. Repasse a reportagem que desmentiu e que explicou que aquilo não é verdade.

Um desses serviços de checagem ao qual a Natalia Pasternak se refere é o Fato ou Fake, do Grupo Globo. Clara Velasco faz parte dessa equipe que checa as notícias falsas que circulam pela internet. Nesta segunda-feira (21), o serviço desmentiu uma informação sobre vacina e viagem.

A mensagem que está circulando bastante nas redes sociais diz que pessoas que receberam vacinas de RNA mensageiro, como a da Pfizer, não poderão viajar de avião por causa do risco de coágulo sanguíneo. Mas isso não é verdade, é #fake.

‘Nós falamos com diversas agências estatais, como a Anvisa e a Anac, e elas afirmaram que não existe nenhuma restrição para quem recebeu esse tipo de vacina. A Associação Internacional de Transportes Aéreos, que representa aproximadamente 290 companhias aéreas de todo o mundo, também disse que nenhuma empresa considera tomar essa medida. E nós falamos também com o virologista Eduardo Flores, da Universidade Federal de Santa Maria, e ele falou que não há nenhuma suspeita de que as vacinas de RNA mensageiro já aprovadas para uso tenham risco de coágulo. E é assim que funciona a nossa apuração. Nós pegamos o conteúdo dessas mensagens que circulam nas redes sociais e consultamos órgãos públicos e associações para saber se a informação faz sentido. E sempre falamos também com especialistas e estudiosos da área para que eles possam nos dizer, através de evidências científicas, o porquê aquela mensagem não é verdadeira. Então, nossas apurações são sempre baseadas na ciência e em fatos’, explicou Clara Velasco.

Fonte: G1

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/fake-news-divulgam-venda-de-vacinas-no-varejo-e-em-distribuidoras/

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