Consumo de cosméticos desacelera com queda de receita
Enquanto maquiagem e perfumaria caem, cuidados pessoais ganham espaço na cesta do consumidor
por César Ferro em
e atualizado em


O consumo de cosméticos no Brasil caiu. O movimento, em linha com o mercado internacional, preocupa gigantes do setor, como Natura, L’Oréal e Coty, uma vez que o país era visto como uma das últimas fortalezas para o segmento. As informações são do Valor Econômico.
O consumidor brasileiro vinha de uma trajetória recente de aumento de gastos na categoria mas, de acordo com os resultados do segundo trimestre, o movimento mudou. Agora, os clientes têm buscado opções mais baratas ou até mesmo evitados a compra desses produtos.
A desaceleração, em nível global, não é novidade. Mercados como a Ásia, Estados Unidos, Europa e Oceano Pacífico já enfrentavam retração, seja por maior cautela dos consumidores, avanço da inflação ou impactos de guerras como a da Ucrânia.
Queda no consumo de cosméticos foi a segunda pior do mundo
Tomando como base a receita da L’Oréal, a América Latina teve a maior queda no segundo trimestre, atrás apenas do norte asiático. No período, o indicador sofreu uma retração de 2,3%, para € 847,9 milhões (cerca de R$ 5,3 bilhões). Apesar de não abrir seu faturamento por país, a companhia afirma que o Brasil tem “crescido duplo dígito nos últimos cinco anos”, segundo relatório divulgado em julho.
Mudança no comportamento gera resultados conflitantes
Na pandemia, a demanda por produtos de maquiagem e perfumaria cresceu. Mas, com as mudanças no cenário macroeconômico, os itens de primeira necessidade ganharam mais relevância, o que levou o mercado a viver cenários conflitantes.
De um lado, marcas como a Natura apresentaram queda na receita na ordem de 1,7% em relação ao segundo trimestre de 2024. Em paralelo, a Avon, que também tem como core business as maquiagens, sofreu uma retração de receita em 12,9%. Por outro lado, a Natura avançou 10,3%, com protagonismo para a saboaria e os hidratantes.
“Apesar do consumidor mais cauteloso, a Natura ainda está crescendo. Temos uma complementariedade de portfólio para que possamos atender a demanda em todas as categorias”, comenta o vice-presidente de negócios da Natura e Avon Brasil, Agenor Leão.