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Coronavírus pode deixar marcas na pele?

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Após um ano da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e do surgimento das variantes, cientistas e médicos ainda investigam os efeitos da infecção viral no organismo humano para além do sistema respiratório. Nesse cenário, alguns sintomas dermatológicos — como manchas avermelhadas, arroxeadas, urticárias  — já foram verificados em pacientes da COVID-19.

De acordo com um comunicado da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), esses quadros clínicos são menos comuns que os sinais clássicos (como febre, tosse seca, falta de ar e cansaço), mas podem acometer pacientes infectados pelo coronavírus, sim. No entanto, a ciência ainda busca compreender, por completo, essas manifestações, a exemplo dos “dedos de COVID”.

“As pesquisas ainda estão em andamento e, no momento, há poucas certezas. O conselho para os pacientes é sempre procurar um especialista para cuidar dos problemas na pele, já para os médicos a recomendação é buscar atualização e valorizar com atenção esses achados, em função nosso contexto pandêmico”, explica a assessora do Departamento de Dermatologia e Medicina Interna da SBD, Camila Arai Seque.

Pesquisas investigam sinas da COVID-19 na pele

Desde maio do ano passado, a dermatologista da SBD coordena um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre o tema. Esta pesquisa busca evidências científicas que indiquem manifestações da COVID-19 através de sinais da pele e, para isso, avalia pessoas que passam por quatro hospitais envolvidos no levantamento.

“Já sabemos que existem alguns sintomas dermatológicos relacionados à COVID-19. Os mais prevalentes são: erupção maculopapular; urticária; erupção vesicular; e alterações vasculares. Atualmente, o objetivo dos pesquisadores é elucidar se essas manifestações estão diretamente relacionadas à atuação do vírus na pele ou se elas são apenas um reflexo de repercussões sistêmicas”, afirma a médica.

Além da COVID-19, outras doenças virais, como dengue, zika e chikungunya, podem apresentar manifestações na pele de pacientes contaminados. Só que, nestes casos, as manifestações são de caráter secundário, ou seja, derivadas de respostas exacerbadas do sistema imune (reações inflamatórias, vasculares, de coagulação, entre outras). É o caso da queda de cabelo envolvendo tanto coronavírus quanto chikungunya, por exemplo. Em ambos os casos, a queda de cabelo é chamada de eflúvio telógeno. Nessas condições, a queda é uma reação do próprio organismo ao vírus, levando à alteração do ciclo capilar.

São comuns sintomas do coronavírus na pele?

Até o momento, as manifestações dermatológicas da COVID-19 parecem ser raras em comparação a outros sintomas da infecção pelo coronavírus. No entanto, na literatura médica, uma frequência ainda não foi definida com oscilações que podem ir de 0,2% a 45% dos casos diagnosticados, dependendo de qual aspecto foi analisado durante o estudo. “Somente no futuro, conforme avançarem as pesquisas, é que esses sinais poderão auxiliar os médicos, como critérios diagnósticos para a COVID-19”, afirma a médica.

A principal questão é que, quando verificados, os sinais da doença na pele são inespecíficos, ou seja, é difícil para a população, em geral, reconhecer esses sinais como um marcador de suspeita. Para se alcançar conclusões mais definitivas ainda sobre os efeitos da infecção do coronavírus na pele e o que pode ser um indicativo confiável, estudos maiores e mais detalhados precisarão ser realizados, envolvendo populações de diferentes países.

No entanto, desde já, a dermatologista orienta que o surgimento de manchas ou outras mudanças na pele devem ser valorizados, principalmente, quando houver contato próximo com algum infectado ou se for uma manifestação exuberante e atípica. Em outras palavas, vale ficar atento.

Quanto tempo podem durar as alterações na pele, em decorrência da COVID-19?

De forma geral, a duração das manifestações cutâneas são proporcionais ao quadro geral do paciente. Assim, Seque explica que casos leves ou assintomáticos costumam gerar sintomas brandos na pele, enquanto os quadros mais graves, quando requerem internação em UTI, apresentam os sinais mais preocupantes.

Além disso, na maioria das vezes, os sintomas tendem a desaparecer com a melhora do paciente. No entanto, há também relatos de manifestações que perduram por longo período, como o pseudo eritema pérnio, também conhecido como “dedos de COVID”.

O que são “dedos de COVID”?

Um dos principais sintomas dermatológicos da infecção pelo coronavírus são os “dedos de COVID”, quando “surgem manchas arroxeadas nas extremidades das mãos e pés”, comenta a dermatologista. De acordo com pesquisas conduzidas pela International League of Dermatological Societies e pela American Academy of Dermatology, esses sintomas podem se estender por meses.

“Ainda não há respostas definitivas sobre o porquê dessas lesões perdurarem. As hipóteses atuais indicam justamente uma reação imunológica ao vírus, mas ainda há dúvidas e os debates estão sendo travados no campo científico”, completa a médica. Por enquanto, os relatos dessas manifestações estão concentrados na Europa.

Fonte: Canaltech

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