Fique por dentro dos principais FATOS e TENDÊNCIAS que movimentam o setor

Covid-19: Dexametasona será mesmo o maior avanço contra o vírus?

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Um grupo de investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, acredita que a Dexametasona é o primeiro fármaco com resultados positivos no tratamento de doentes graves com Covid-19 e o Ministério da Saúde britânico quer disseminar a sua utilização. No entanto, estes dados ainda não foram avaliados de forma independente.

Siga nosso instagram: https://www.instagram.com/panoramafarmaceutico/

Da família dos corticoides, a Dexametasona é prima de medicamentos como a Hexametasona ou a Betametasona, disponíveis em farmácias, em pomadas e comprimidos, para tratar desde doenças respiratórias, reumáticas, de pele a picadas de insectos. É barata e”há às toneladas em todo o lado”, explica, ao Diário de Notícias, o infecciologista Jaime Nina, sobre o fármaco apontado como uma esperança para o tratamento da Covid-19.
O anti-inflamatório é um dos medicamentos incluídos em ensaios clínicos mundiais dedicados ao novo coronavírus e, segundo uma equipa de investigadores da Universidade britânica de Oxford, já com resultados que mostram uma diminuição da mortalidade em doentes graves a tomar Dexametasona.

Já o Infarmed (Autoridade de Medicamentos de Portugal) aconselha mais calma. E lembra, em resposta ao DN, que “as informações do ensaio clínico Recovery, a decorrer no Reino Unido, dão nota dos resultados preliminares”.
Por isso, para a Autoridade do Medicamento portuguesa ainda é cedo para tomar uma posição mais firme sobre a recomendação ou não deste fármaco também em Portugal, no contexto da pandemia de Covid-19. “O Infarmed está a acompanhar esta situação, aguardando de momento a publicação na íntegra dos resultados”, dizem.

Segundo a investigação, realizada com cerca de dois mil doentes no Reino Unido, o esteroide, tomado via oral, intravenosa ou com aplicação externa, diminuiu a inflamação dos doentes internados por causa da Covid-19 e reduziu a letalidade em um terço, no caso das pessoas ligadas a ventiladores. Já os que estão apenas a receber oxigénio terão visto a probabilidade de morte reduzida em um quinto, de acordo com um documento do grupo de trabalho britânico.

A Dexametasona é um derivado simples da cortisona (uma hormona natural), usada como anti-inflamatório e “pode ser uma manobra que salva vidas”, aponta o infecciologista Jaime Nina, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).
“Os corticoides são medicamentos que diminuem a resposta imunitária e a base da sua utilização na Covid-19 está relacionada com os doentes mais graves, que muitas vezes têm danos muito para além dos provados pelo vírus. Assim, dar corticoides para diminuir a resposta imunitária faz algum sentido, mas são medicamentos de alto risco, que só devem ser utilizados em ensaios clínicos”, ou seja, em ambiente controlado, alerta o especialista.

Efeitos secundários

Apesar de ter benefícios comprovados e integrar a lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde, estes fármacos apresentam efeitos secundários “perigosos”, como insuficiência cardíaca, disfunção renal ou diabetes.
A Universidade de Oxford fala numa redução da mortalidade em um terço nos cuidados intensivos. O estudo da universidade, parcialmente financiado pelo Governo britânico, ainda não foi avaliado de forma independente, mas um relatório preliminar aponta vantagens claras na adopção do fármaco em doentes graves com Covid.

“Um total de 2104 pacientes foi escolhido de forma aleatória para receber Dexametasona uma vez por dia (por via oral ou através de injecção intravenosa) durante dez dias. Estes foram comparados com 4.321 pacientes, escolhidos da mesma forma, que receberam apenas os cuidados habituais (para doentes de Covid-19). Entre os pacientes que receberam os cuidados normais, durante 28 dias, a taxa de mortalidade foi mais alta do que no grupo que necessitou de ventilação (41%), nos que apenas precisaram de oxigénio (25%) e menor entre aqueles que não necessitaram de intervenção respiratória (13%)”, pode ler-se no documento divulgado, citado pela BBC.

“Este é um resultado extremamente bem-vindo. O benefício para a sobrevivência é claro e imenso em pessoas doentes o suficiente para necessitar de tratamento com oxigénio. A Dexametasona deve tornar-se um medicamento padrão para ser usado no tratamento a estas pessoas. A Dexametasona é barata, está disponível, e pode ser usada imediatamente para salvar vidas em todo o mundo”, apontou Peter Horby, professor de doenças infecciosas emergentes na Universidade de Oxford e um dos principais responsáveis pelo ensaio clínico.
Os investigadores estimam ainda que se a Dexametasona estivesse a ser usada desde o início da pandemia poderia ter salvado mais cerca de cinco mil vidas no Reino Unido, país que tem mais de 40 mil vítimas mortais por causa da Covid-19.

Tendo em conta estes resultados, o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, anunciou que a Grã-Bretanha começará imediatamente a dar Dexametasona aos doentes com o novo coronavírus. Hancock referiu ainda que o país começou a armazenar amplamente o medicamento quando o seu potencial se tornou aparente há três meses. “Como vimos os primeiros sinais do potencial da Dexametasona, estamos a armazenar desde Março”, afirma, num vídeo divulgado no Twitter.

Desde Março deste ano que foi criado um estudo no Reino Unido para testar uma variedade de fármacos utilizados para tratar outras doenças, com o objectivo de encontrar que um pudesse ser aplicado na Covid-19.
Para além dos testes com Dexametasona, foram ainda usados o Ritonavir, o antibiótico Zitromicina ou a polémica Hidroxicloroquina – entretanto desaconselhada.

Fonte: Fonte: Jornal da Angola

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/07/01/grupo-tapajos-aposta-no-digital-para-manter-faturamento-acima-de-r-1-bilhao/

Notícias Relacionadas

plugins premium WordPress