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Covid: estudo com proxalutamida foi ilegal no RS e no AM

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Em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (4), a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) relatou várias irregularidades em estudo feito com o uso da proxalutamida contra a Covid-19, inclusive a falta de detalhamento sobre a morte de 200 pessoas. O Ministério Público está investigando o caso.

Veja também: Conselho Federal de Medicina diz que não mudará parecer sobre autonomia para receitar kit Covid

Coordenador da Conep, Jorge Venâncio disse que havia um pedido do pesquisador Flávio Cadegiani para a realização de estudo com a droga em uma clínica em Brasília. A primeira irregularidade foi justamente a expansão do experimento, sem autorização, para outros estados, como Amazonas e Rio Grande do Sul.

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Venâncio disse que também não foi apresentada a composição do comitê independente que deveria acompanhar o estudo. O parecer recebido pela Conep teria sido assinado por um laboratório, que tem um pedido de patente do uso de medicamentos antiandrogênicos, como é a proxalutamida, no tratamento da Covid.

O coordenador da Conep informou que a representação no Ministério Público foi entregue em setembro, mas que agora em novembro foram feitos adendos porque um hospital do Amazonas que participou do estudo apresentou o termo de consentimento dado aos pacientes. O documento era diferente do aprovado pela comissão.

O termo usado no Amazonas não teria os direitos dos participantes e não fazia referência ao fornecimento de contraceptivos. Os pacientes precisariam usar esses medicamentos porque a proxalutamida pode causar problemas de má-formação em caso de gravidez.

Outra mudança feita na representação foi a inclusão de um processo judicial de parentes de uma paciente que faleceu e que, em seu prontuário, foi encontrada a prescrição de proxalutamida e nebulização com hidroxocloroquina. Venâncio afirmou que a prescrição explícita corrobora a suspeita de que o estudo não foi feito com cegamento, ou seja, sem que os participantes do grupo que toma o medicamento e do grupo que toma placebo sejam identificados.

Ataques

Na audiência, o repórter Pedro Nakamura, do portal de notícias Matinal, relatou suas reportagens sobre o estudo feito com a droga no Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre. Ele disse que sofreu diversos ataques após a reportagem.

‘Pegaram uma mensagem que eu enviei para uma fonte da equipe clínica do hospital. Um dos médicos teve acesso a essa mensagem. Ele a cortou, publicou e começou a dizer que eu estava assediando o corpo clínico do hospital. Começou a me marcar no Instagram, no Twitter, em todas as redes sociais pessoais possíveis. E aí eu comecei a sofrer ataques de vários usuários’, denunciou.

Segundo Pedro, a proxalutamida, fornecida por fabricante chinês, é estudada para o tratamento de câncer, mas ainda não tem autorização de uso em nenhum lugar do mundo.

Ele contou que o estudo de Porto Alegre foi feito por Cadegiani em parceria com o médico Ricardo Zimerman, que esteve na CPI da Pandemia no Senado defendendo o chamado tratamento precoce contra a Covid-19. Os dois médicos e dirigentes do Hospital da Brigada Militar foram convidados para a audiência, mas não compareceram.

Conselho de medicina

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) deve sugerir a realização de uma comissão geral para debater a ética médica em face de denúncias feitas durante a pandemia.

Para o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), a situação é gravíssima: ‘Estamos diante, talvez, do maior escândalo ético-científico da história da medicina brasileira. E certamente um dos maiores escândalos vistos por essa Conep, que existe desde 1997. Estou absolutamente chocado. Como que alguém fez isso com vidas?’.

Anvisa

A diretora-adjunta da 5ª Diretoria da Anvisa, Daniela Cerqueira, disse que a agência reguladora suspendeu as pesquisas científicas com a proxalutamida em setembro e está investigando os centros que participaram do experimento.

Segundo ela, a agência constatou que foi importada uma quantidade de medicamentos superior à necessária para o estudo protocolado na Conep.

Fonte: Leia Já

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